Skatistas olham o que um dia foi um obstáculos para as suas manobras / Foto Moisés Da Silva
O embate entre os skatistas que cultuam o skate de rua e frequentam o Vale do Anhangabaú contra o projeto de revitalização do local proposto pela Prefeitura de São Paulo continua. As obras já começaram e a maior preocupação dos atletas é de como será o novo espaço de quase 800m² reservado para a prática do skate.
E, para conscientizar ainda mais os skatistas, no próximo domingo, dia 16, haverá o Vale Skate Day, a partir das 10 horas, uma convocação para o skatistas comparecerem ao Vale do Anhangabaú para realizarem o último rolê nas arquibancadas do Vale, assim informou o atleta profissional de street, Murilo Romão.
Murilo Romão nas arquibancadas do Vale / Foto Moisés Da Silva
Segundo o skatista, de 30 anos, o local é mundialmente conhecido e a Prefeitura não está levando em consideração a cultura do skate de rua que foi implantada no local há mais de 30 anos. “Nós não somos contra a revitalização. Mas, queremos ter participação neste projeto já que a prefeitura disse que haverá um espaço para a prática do skate. Não queremos uma pista, queremos que ela transfira as ilhas (arquibancadas) mantendo os mesmos formatos, o mesmo mármore e os mesmos mosaicos”, explicou o atleta.
Uma petição online, que já conta com quase 10 mil assinaturas, para que o novo projeto seja adaptável e com um ambiente direcionado para o esporte já está em circulação.
Na última segunda-feira, 10, ocorreu o primeiro protesto em frente à Prefeitura, no Centro. Na ocasião, o skatista profissional Marcelo Formiga, como é conhecido, que já foi morador de rua e após se apegar ao skate, que é sua paixão, tudo mudou e, hoje, é um atleta de sucesso, teve que entrar na frente de um dos tratores para obrigar a parada da máquina devido a forma de como o operador estava retirando os mármores da arquibancada que são utilizadas para as manobras dos skatistas.
Formiguinha com o punho pede para a máquina parar e ela parou / Foto Divulgação
“Nós conversamos com o secretário de Desenvolvimento Urbano da prefeitura, Fernando Chucre, que visitou o local e tudo indica que ele entendeu o nosso lado. Eu só espero que ele entenda também que nós queremos manter as mesmas características do que já existe. Já passamos a nossa ideia para um amigo nosso que também é skatista e funcionário da SP Urbanismo que se comprometeu a fazer o projeto que tem como prioridade manter esses obstáculos naturais no novo projeto da Prefeitura”, finaliza Murilo, que está promovendo o Vale Skate Day para este domingo, dia 16.
Para Sandro Testinha, Presidente da Ong Social Skate, que usa o skate como ferramenta de inclusão social. O presidente da instituição conhecida em todo território nacional e em outros países também já frequentou o Vale do Anhangabaú de 1992 a 2000 e “lá foi meu aprendizado com o skate, minha escolinha. E, por incrível que pareça, muito do que eu utilizo na pedagogia da ONG com os meus mais de 100 alunos foi adquirido nesses rolês no Vale do Anhangabaú, que realmente é um lugar histórico para a modalidade e a reforma deve contemplar os ansejos dos praticantes do local”, revelou o ativista social que também pede para que os skatistas compareçam em peso neste domingo no Vale para o último rolê de despedida.
Projeto
Toda a revitalização do Vale do Anhangabaú terá um investimento de R$ 80 milhões, e a Prefeitura de São Paulo afirmou que pretende conceder a manutenção do espaço público à iniciativa privada.
O projeto prevê a retomada da água no Vale do Anhangabaú. A área vai ganhar cafés, quiosques, floriculturas, ludoteca, além de sanitários. As pedras portuguesas serão substituídas por um piso uniforme com acessibilidade.
O projeto prevê a valorização da questão ambiental, com a manutenção das 355 árvores e plantio e 125 novas espécies nativas.
A iluminação pública será automatizada por um sistema de LEDs, com diversos pontos, inclusive sob as árvores.
