Miguel Tudela vence final com Ian Gouveia no QS 5000 Arica Pro Tour do Chile

Ian Gouveia vice-campeão na 11.a edição do Arica Pro Tour nos tubos de El Gringo (Crédito: Kemichh / Arica Pro Tour)Ian Gouveia vice-campeão na 11.a edição do Arica Pro Tour nos tubos de El Gringo (Crédito: Kemichh / Arica Pro Tour)

O peruano Miguel Tudela é o novo campeão do Maui and Sons Arica Pro Tour no Chile. Ele lidera o ranking regional da World Surf League (WSL) Latin America com vitórias nas três etapas que participou. A invencibilidade foi confirmada na final com o brasileiro Ian Gouveia nos tubos de El Gringo. Com o vice-campeonato no primeiro QS 5000 do ano na América do Sul, Ian subiu de 160 para quinto no ranking. Ele está logo abaixo dos semifinalistas, o chileno Guillermo Satt e Rafael Teixeira, com o também brasileiro Heitor Mueller assumindo a vice-liderança no Chile.

“Estou supercontente com a vitória. A primeira vez que vim pra cá, foi quando o Guillermo (Satt) ganhou e fiquei na sua casa (em 2011). Aí fiquei pensando se um dia eu ia conseguir ganhar esse campeonato”, disse Miguel Tudela, no pódio. “Este é o meu campeonato favorito em todo o circuito, me encanta vir para cá, os tubos são alucinantes e quero felicitar ao Ian (Gouveia), o Guillermo (Satt) e o Rafael (Teixeira), que estão dividindo o pódio comigo. Felicitar também a todos os competidores, que fizeram boas baterias, pegando bons tubos. Muitos surpreenderam e fico feliz com o surfe que os sul-americanos estão mostrando, então Arriba Arica, Arriba Chile, Arriba Peru e Gracias por tudo”.

Miguel Tudela conseguiu um feito inédito com o título no Maui and Sons Arica Pro Tour no domingo. Pela primeira vez na história da WSL Latin America, um surfista conquista três vitórias seguidas. A primeira foi no QS 1000 do Equador e a segunda no QS 3000 de Iquique, também no Chile. Entre a primeira e segunda, teve uma etapa no Brasil que ele não participou, assim como entre a segunda e a terceira. Mas, ninguém conseguiu derrotá-lo nas três que competiu e está invicto na liderança do ranking da WSL Latin America.

No domingo, Miguel Tudela já fez os recordes do dia na bateria que definiu as duas últimas vagas para as quartas de final. Ele surfou um tubaço incrível, muito grande, que recebeu nota 8,83 e totalizou 16,16 pontos. O chileno Guillermo Satt passou junto com ele, eliminando os brasileiros Gabriel Klaussner e Lucas Silveira. Mas, no último dia, ninguém conseguiu superar a nota 9,77 de Guimo Satt e os 18,00 pontos do Douglas Silva, marcas que permaneceram como os recordes da 11.a edição do Arica Pro Tour nos tubos de El Gringo.

Quem chegou mais próximo dos números de Miguel Tudela no domingo foi Ian Gouveia, na semifinal brasileira com Rafael Teixeira. O vice-campeão tinha passado um sufoco na quarta de final com o novo vice-líder do ranking, Heitor Mueller, só avançando na onda que surfou no último minuto. Mas na semifinal, já abriu a bateria num tubaço, que saiu em pé no spray com nota 8,50. Ainda pegou outro muito bom também, para totalizar 16,13 pontos. Esta foi a quarta vez que Ian participa do QS de Arica e nunca tinha chegado nas semifinais.

Miguel Tudela surfou os melhores tubos do domingo em El Gringo (Crédito: Yerko Vasquez / Arica Pro Tour)

Miguel Tudela surfou os melhores tubos do domingo em El Gringo (Crédito: Yerko Vasquez / Arica Pro Tour)

“Obrigado a todos e quero parabenizar os competidores, porque El Gringo é uma das ondas mais perigosas do mundo e uma das mais perfeitas também. Mas, tem que ser corajoso para entrar aí”, disse Ian Gouveia, no pódio. “Eu cheguei aqui faz quase 20 dias, vim antes de todo mundo e ficou só eu e o Guimo (Guillermo Satt) treinando todo dia, sozinhos. Quero agradecer muito a ele e seu pai, que sempre me recebem em sua casa, e a todas as pessoas de Arica. Faz 10 anos que venho aqui para surfar e estou muito contente em fazer a final dessa vez”.

DECISÃO DO TÍTULO – Assim como a maioria das baterias do Maui and Sons Arica Pro Tour esse ano, a grande final foi mais um show de tubos em El Gringo. Mas, a decisão do título começou com ondas fracas, que fecharam rápido. O primeiro tubaço foi surfado por Miguel Tudela, que ficou bem profundo, sumiu lá dentro com as placas caindo à sua frente e conseguiu sair. Os juízes deram o mesmo 8,83 que o peruano recebeu em sua primeira bateria no domingo. Ian pega um tubo até maior, também desaparece na cortina d´água e sai em pé, vibrando com sua melhor onda, porém foi mais rápido e recebe 7,50 dos juízes.

O peruano responde com outro tubo que vale 5,33 e o brasileiro fica precisando de 6,37 para vencer. Quando restavam 12 minutos, Tudela deixa passar uma onda que Ian pega e roda o tubo, ele freia para ficar lá dentro, some e reaparece para passar a frente com nota 6,53. Só que Miguel logo surfa um bom tubo também e troca o 5,33 por 6,03, para retomar a ponta. O brasileiro só acha mais um tubo, era grande, mas não consegue ficar tão profundo. Ele vai atravessando as várias placas que vão caindo e vibra no final, porém a nota sai 6,80 e Miguel Tudela festeja a vitória por 14,86 a 14,30 pontos de Ian Gouveia.

Se Ian Gouveia conseguisse vencer o Maui and Sons Arica Pro Tour, igualaria o número de três títulos do Peru nos 11 anos de história do QS de Arica, completados esse ano. Mas, foi Miguel Tudela quem aumentou esse recorde, igualando o feito do seu irmão, Tomas Tudela, campeão em 2017 na decisão peruana com Alvaro Malpartida, que chegou em outras duas finais, ganhando a de 2013 e perdendo a da primeira edição em 2009, para outro peruano, Gabriel Villarán.

As vitórias do Brasil aconteceram em 2014 com Jessé Mendes e em 2018 com Jeronimo Vargas. Também festejaram títulos na etapa do WSL Qualifying Series mais antiga da América do Sul fora do Brasil, o norte-americano Nolan Rapoza em 2019, o francês Willian Aliotti em 2016, o havaiano Anthony Walsh em 2012 e Guillermo Satt, que em 2011 conquistou a única vitória do Chile em uma final com seu compatriota, Camilo Hernandéz. Ele poderia conseguir um inédito bicampeonato no domingo, mas foi barrado por Miguel Tudela nas semifinais.

“Quero agradecer a todas as pessoas que estão aqui. Foi um grande evento e estou feliz por ter um QS 5000 em casa, o que vale mais pontos e isso foi bom para todos os chilenos”, disse Guillermo Satt. “Fico contente que tivemos ondas incríveis durante toda a semana. É uma onda perigosa, precisa ter cuidados, mas todos os competidores puderam desfrutar de bons tubaços em todos os dias e estou feliz em estar no pódio novamente aqui em Arica”.

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