Entre os dias 14 e 17 de março a Praia do Ronco do Mar, localizada no município de Paracuru-CE, serviu de palco para um dos maiores shows de surf já visto na história da Confederação Brasileira de Surf durante o CBSurf Longboard e CBSurf SUP Surf 2024. Para se ter uma ideia, apenas médias acima dos 9,0 pontos foram oito, várias notas nove e mais de uma dezena de notas acima dos oito pontos, configurando um recorde de notas no critério de excelente.
Na categoria Profissional Masculino o grande campeão foi o paulista Jefson Silva. O principal confronto da categoria foi um duelo entre a experiência do paulista e a ousadia da novíssima geração do longboard brasileiro, representada pelo surfista local de Jericoacoara-CE, João Pedro. Apesar da boa atuação do cearense durante todo o evento, a experiência falou mais alto e Jefson acabou por conquistar o título da etapa e a liderança do circuito.
“Esse evento foi muito especial pra mim. Acho que foi o melhor evento que já participei no Brasil. Altas ondas todos os dias, mar perfeito, ondas extensas, tudo o que a gente ama… Na primeira bateria eu consegui a classificação nos últimos segundos. Mas, no decorrer do evento fui crescendo e conseguindo mostrar meu surf… Estou muito feliz com esse resultado e agora o foco é a preparação para os próximos eventos. Espero que essa etapa continue aqui no Paracuru e nessa mesma época enquanto eu estiver competindo”, declarou Jefson.
Apesar do resultado, inclusive com uma onda de 8,0 pontos na sua última apresentação, o cearense João Pedro comemorou bastante o resultado e segue firme como o vice-líder do circuito. Dividindo a terceira colocação tivemos o cearense Robson Silva, que também surfou muito durante todo o evento fazendo apresentações dignas dos melhores longboarders do mundo, e o atual Campeão Brasileiro Rodrigo Sphaier-RJ.
Entre as mulheres o grande destaque ficou por conta da excelente atuação de Atalanta Batista-PE, que chegou no Paracuru para defender o título da etapa e do circuito e volta para Pernambuco com o troféu de campeã e a liderança do circuito. Na segunda colocação ficou a paulista Kate Brandi, que fez boas apresentações durante todo o evento, mas não conseguiu repetir suas melhores atuações na grande final e acabou terminando na segunda colocação. Na terceira colocação ficaram a cearense de Jericoacoara, Jamile Araújo e, a paulista Monique Pontes. Com o resultado, Atalanta comemora mais um título, a liderança do circuito, e o recorde pessoal de ter vencido os últimos quatro eventos aos quais disputou:
“Eu estou muito feliz com mais esse resultado, que é fruto de muita dedicação e abdicação. Gostaria de agradecer a todos que acreditam no meu trabalho e de alguma forma me apoiam, desde meus patrocinadores, meu filho Daniel que está aqui comigo, minha família e todos que torcem e vibram com minhas vitórias”, afirmou a atleta.
Perguntada sobre o segredo de tanta consistência, Atalanta respondeu que seus resultados são frutos de suas escolhas. “Eu me dedico muito aos treinos e ao trabalho como professora de surf e faço tudo para estar sempre na minha melhor forma. Minha alimentação é regrada e até minha vida fora d’água é sempre direcionada ao meu foco como atleta. Acredito que equilíbrio é tudo e se você quer mesmo alguma coisa, tem de se esforçar muito para conquistar”, revelou a campeã.
Mas, não foram apenas os profissionais que deram show de performance na etapa de abertura do CBSurf Longboard 2024, o circuito brasileiro da modalidade. Desde as semifinais da categoria Sub 18 Masculino já dava pra ver o nível de comprometimento, talento e técnica da novíssima geração do longboard brasileiro. E dizer novíssima não é exagero e nem tampouco força de expressão. A começar por Raone Caleb, que com apenas 10 anos de idade encarou atletas com quase o dobro de sua idade em uma Final eletrizante em que ele chegou a liderar, para conquistar uma honrosa quarta colocação na bateria mais importante da categoria. Raone é um exemplo claro do que podemos esperar para o longboard brasileiro e mundial nos próximos anos. Na terceira colocação tivemos mais um talento da novíssima geração, o atleta local do Iguape, Eduardo “Dudu” Caponera, mais uma jovem promessa que não se intimidou com a presença de grandes nomes da modalidade e finalizou a competição na terceira colocação, dando mais uma amostra de que em muito breve teremos atletas de nível internacional capazes de enfrentar de igual pra igual qualquer nome do circuito mundial. E a disputa pelo lugar mais alto do pódio foi um duelo entre dois amigos que já se enfrentaram, inclusive no mesmo palco das ondas do Ronco do Mar, com o pernambucano Daniel Batista levando a melhor, superando o cearense Robson Silva, que terminou na segunda colocação. Filho de Atalanta Batista, o atleta tem DNA de campeão e mostrou muita confiança e técnica para superar o cearense que o havia vencido no ano passado:
“Estou muito feliz em ter ganho essa etapa. Foi muito desafiador, principalmente por enfrentar o Robinho, que perdi pra ele no ano passado. A bateria (Final) foi bem difícil! Tiveram momentos em que não vinha a série e tive de ficar mais embaixo… mas, no final a série veio e deu tudo certo… Quero agradecer a Deus, meus apoiadores e patrocinadores e a minha mãe, porque só a gente sabe a nossa luta pra estarmos aqui”, declarou o campeão.
Entre as mulheres a grande campeã da categoria Sub 18 foi Jamille Araújo. Exibindo uma técnica apurada, pautada na elegância e no estilo, a local de Jericoacoara superou as adversárias para conquistar o lugar mais alto do pódio. Com o resultado Jamile larga na frente do certame nacional. Na segunda colocação ficou a potiguar Angelina Robles-RN, com Katellyn Oliveira-SP e Sol Tostes-CE completando o pódio na terceira e quarta colocações, respectivamente.
E se a novíssima geração deu show, os veteranos não ficaram para trás mostrando que ainda têm muita lenha para queimar. Na Master Masculino 35+ o grande destaque ficou por conta da excelente atuação do surfista local de Ubatuba, Fábio Alves. O campeão fez um ótimo evento cravando notas no critério de excelente em todos os dias em que competiu, mostrando que se mantém em grande forma. Em segundo ficou o saquaremense Jeferson Silva-RJ, que nesse ano está competindo apenas nessa categoria. Em terceiro ficou Rodrigo Araújo e em quarto, Jonas Lima-SP.
Na Grand Kahuna Masculino 50+ tivemos mais um show de performance com os atletas dando uma verdadeira aula de fair play, se revesando no pico ao melhor estilo ‘que vença o melhor’. E o grande campeão foi Marcos Silva-SP, que estreou na categoria com uma vitória contundente. “Essa Final foi uma das melhores experiências que já tive em um campeonato. Nessa categoria a gente quer aproveitar, se divertir, estar com os amigos… a gente não sabe do dia de amanhã… lá no outside a gente ficava se comunicando, cada um pegando sua onda, sem marcação excessiva, enfim, foi muito legal”, declarou o campeão.
Na segunda colocação ficou Johnson Jaques-PB, que no último minuto tirou o troféu de vice-campeão das mãos do paulista Daniks Fisher, que acabou na terceira colocação. Em quarto ficou o cearense local da Barra do Ceará, Paulo Pacheco.
Entre os competidores do SUP Surf o grande campeão da categoria Masculino Profissional foi Wellington Reis-SP, que precisou de muita determinação para superar o também paulista tetracampeão mundial da modalidade, Luiz Diniz, que logo no início da Final cravou um 9,33 pontos, colocando muita pressão em Wellington. Contudo, aos poucos Wellington foi diminuindo a vantagem de Diniz conseguindo uma virada espetacular somando duas ondas na casa dos oito pontos. Apesar do high score, Diniz não conseguiu uma segunda nota e mesmo com a maior nota da bateria terminou na segunda colocação.
“Eu estou felizão!!! Esse evento vai ficar na minha memória pra sempre. Mar liso e perfeito todos os dias, fundo de coral, ondas longas e alinhadas… esse lugar aqui é maravilhoso. Quero voltar sempre… Desde o começo (do evento) eu estava em uma vibe muito boa. Estava muito tranquilo e é isso! Agradeço a todos que me apoiaram e torceram por mim!”, falou Wellington Reis após a conquista do título.
Na segunda colocação ficou Luiz Diniz-SP, com Marco Kertichka-SC e Bruno Medeiros-ES dividindo a terceira colocação.
Entre as mulheres, a grande campeã da Categoria SUP Surf Profissional foi a também paulista Aline Adisaka, que dominou a final do início ao fim contra sua amiga e conterrânea Gabi Stamfater, para comemorar mais um título para sua extensa coleção. Ela que é tetracampeã brasileira de SUP esteve muito ativa durante toda a bateria final e não deu chances para que Gabi, que também surfou muito durante todo o evento, tivesse chance de ameaçar o seu resultado. As cearenses Kilvia Cardoso e Carol Barcellos terminaram empatadas na terceira colocação.
Com a vitória, Aline inicia mais um ano com o pé direito, pavimentando o caminho para a conquista do pentacampeonato nacional. “Quero agradecer ao meu time, às minhas amigas Carol Barcellos, Maga, Sil (Silvana Lima), aos meu patrocinadores e a todos que me apoiam… A vida de um atleta é cheia de altos e baixos. Às vezes a onda vem, mas outras vezes não… E dessa vez deu tudo certo, graças a Deus… E poder pegar essa onda aqui, de SUP, com quase ninguém é um sonho e um privilégio… Não posso deixar de agradecer também à CBSurf por nos proporcionar tudo isso, pois essa é a maior estrutura de um circuito nacional em todo mundo e poder fazer parte disso é como eu já disse, um verdadeiro sonho”, afirmou a campeã.
Entre os Masters da SUP Surf 35+ Masculino o grande campeão foi Adriano Trinca Ferro-SC, com Júnior Manteiga-PB em segundo, Michel Jonas-SP em terceiro e Rodrigo Ramos-SP completando o pódio na quarta colocação.
Para Amélio Júnior, Presidente da Federação do Surf do Estado do Ceará, o evento confirmou o que ele já esperava, que seria com altas ondas, como explicou em entrevista. “No fim do ano passado eu cheguei para o Geraldo Cavalcante (Diretor de Relações Institucionais da CBSurf) e lancei a proposta para ao invés de fecharmos o circuito no Ceará, que fizéssemos a abertura, pois, seria bem na melhor época da temporada de ondas e ele comprou nossa ideia fazendo um grande esforço para viabilizar essa mudança. E está aí o resultado: um evento como poucas vezes já se viu, com excelentes ondas, proporcionando que os atletas pudessem mostrar todo o talento e a técnica do surfista brasileiro, e o público testemunhasse um show de surf do mais alto nível… Agora, vamos para a continuidade do Pena Paracuru Surf Festival com a abertura do Circuito Taça Brasil, a Divisão de Acesso à Elite do Surf Nacional, com a certeza de mais um show de surf nas ondas da Praia do Ronco do Mar”, afirmou o dirigente.
Agora, todos os holofotes se voltam para a etapa de abertura do Circuito Taça Brasil, a Divisão de Acesso à Elite do Surf Brasileiro que rola entre os dias 18 e 24 de março e ao final do certame irá promover ao Dream Tour os 16 melhores surfistas da categoria masculino, e as 8 melhores da categoria feminino. Nada menos que 339 atletas estão inscritos nessa etapa que inaugura um novo formato para a competição, com o status 10.000, sendo 192 homens e 47 mulheres. A premiação será de R$ 200.000 (duzentos mil reais) divididos entre homens e mulheres de acordo com o Livro de Regras.