A tragédia ocorrida na Baixada Santista, consequência das fortes chuvas na madrugada da última terça-feira (3), sensibilizou e despertou a solidariedade em dois grandes nomes do surf mundial, que moram em Guarujá, uma das cidades com maior número de vítimas. Caio Ibelli, que figura entre os 20 melhores do Championship Tour (CT) de 2019, e Rodrigo Koxa, recordista da maior onda já surfada na história, deram um grande exemplo de solidariedade e amor ao próximo.
Além de se manifestaram pelas redes sociais, divulgando o fato a pessoas que não são da região, ajudaram pessoalmente nas ações em prol dos desabrigados. Ibelli e Koxa rapidamente postaram como as pessoas poderiam colaborar e também foram a locais de acidentes, auxiliar de alguma forma.
Rodrigo ajudou a receber mantimentos e materiais de higiene numa escola e no Lar Elizabeth, que fica próximo à sua casa, enquanto que Caio comprou mantimentos e vários itens para doação, junto com a sua igreja. As ações dos dois surfistas mobilizaram várias pessoas para ações sociais. Até o final da manhã desta quarta-feira foram registradas 19 mortes, incluindo dois bombeiros que estavam nos resgates, e 28 desaparecidos, pelos deslizamentos nos morros, sobretudo.
“Fui dormir no dia anterior da tragédia com muita chuva. Quando acordei de manhã eu já consegui ver o deslizamento no morro da Vila Baiana. Vi os grupos sobre a catástrofe, fiquei em choque e não consegui ficar em casa. Como atleta da Cidade, usei minha rede social para mover as pessoas que não sabiam como ajudar e foi muito positivo o retorno. Muitos amigos, pessoas de São Paulo querendo descer a Serra, enviar ajudar. Foi a maior lição que tive nessa tragédia, essa solidariedade. Sinto muito pelas perdas que tivemos”, comentou Koxa.
O surfista especialista em ondas gigantes e que figura no Guinness, ressaltou o rápido acolhimento das pessoas nessa situação. “Todos se prontificaram a ajudar. Perdemos pessoas da minha comunidade, bombeiros. Foi em frente de casa e fui lá ajudar pessoalmente. Muito triste ver tudo isso, mas fiquei reconfortado com a ajuda das pessoas rapidamente”, reforçou o surfista, que mora na Praia da Enseada, próximo a um dos morros mais atingidos.
Caio, que já foi campeão mundial pro-júnior e na próxima semana embarca para a Austrália para mais uma temporada na elite mundial, teve uma atitude quase heroica. Ao acordar e saber da situação de calamidade, lembrou que uma pessoa que trabalha com sua mãe mora numa área de risco muito grande, justamente o Morro do Macaco Molhado, local mais afetado pelas chuvas. Não pensou duas vezes e seguiu até a comunidade.
“Meus pais ficaram super preocupados. Chamei um amigo meu, coloquei pranchas bodyboard e soft dentro do carro para resgatar em caso de alagamentos, mas graças a Deus a água tinha baixado. Quando cheguei lá, a situação era bem triste. Todo mundo perdeu tudo, bombeiros mortos”, falou. “Vi que as pessoas não tinham documentos, estavam sem roupas, cansados, muitas crianças no colo, bebês recém-nascidos. Eu acho que esse acontecimento foi uma das maiores tragédias na Cidade, mas nunca vi um povo tão unido. Todos se ajudando”, relatou.