Filipe Toledo é tricampeão do Corona Open J-Bay na África do Sul

Filipe Toledo vibrando com o tricampeonato no Corona Open J-Bay (Crédito da Foto: @WSL / Beatriz Ryder)Filipe Toledo vibrando com o tricampeonato no Corona Open J-Bay (Crédito da Foto: @WSL / Beatriz Ryder)

O campeão mundial Filipe Toledo segue fazendo história no World Surf League (WSL) Championship Tour (CT), sendo o terceiro surfista a ganhar três títulos nas direitas perfeitas de Jeffreys Bay, na África do Sul. A passagem para a final do Corona Open J-Bay com o australiano Ethan Ewing, já garantia sua vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas ele coroou a classificação com os recordes do campeonato – nota 9,93 e 18,76 pontos. Na decisão feminina, a norte-americana Lakey Peterson derrotou a australiana Molly Picklum e entrou na briga pela última vaga no grupo das top-5, que vai disputar o título mundial no Rip Curl WSL Finals, em setembro nos Estados Unidos.

A lista dos concorrentes e das candidatas aos troféus de melhores do mundo em 2023, será finalizada no Shiseido Tahiti Pro apresentado por Outerknown, nos dias 11 a 20 de agosto nos tubos de Teahupoo, que vai ser o palco do surfe nas Olimpiadas da França. Além de Filipe Toledo, também já garantiram seus nomes nos Jogos de Paris 2024, o vice-campeão Ethan Ewing, o norte-americano Griffin Colapinto, o italiano Leonardo Fioravanti, a brasileira Tatiana Weston-Webb, a francesa Johanne Defay, Brisa Hennessy da Costa Rica e a portuguesa Teresa Bonvalot. O ranking do WSL Championship Tour 2023, classifica 10 homens e 8 mulheres.

“Eu sinto que, hoje em dia, disputar as Olimpíadas é o auge do nosso esporte também”, disse Filipe Toledo, quando recebeu a notícia da sua classificação. A outra vaga do Brasil ainda está sendo disputada por João Chianca, Yago Dora e Gabriel Medina, que participou da estreia do surfe nos Jogos de Tóquio 2020, junto com Italo Ferreira. “Ganhar um título mundial é uma sensação indescritível, mas ser um atleta olímpico é muito especial e vou fazer de tudo para representar bem o meu país, minha família e tentar ganhar mais uma medalha para o Brasil”.

A campanha de Filipe Toledo no último dia do Corona Open J-Bay, foi fechada com chave de ouro em mais uma apresentação espetacular. Foi a sua 15.a vitória em 21 finais no CT e repetiu um feito que ele só havia conseguido em 2015, quando ganhou três etapas na mesma temporada. As outras duas desse ano, foram em Sunset Beach no Havaí e em El Salvador. Filipe também se tornou o terceiro surfista a ser tricampeão nas direitas perfeitas de Jeffreys Bay. Os outros foram os tetracampeões na África do Sul, Kelly Slater e Mick Fanning.

“J-Bay ocupa um lugar muito grande no meu coração”, confessou Filipe Toledo. “Eu adoro a vibe daqui, as pessoas e, especialmente, essas ondas incríveis. Eu lesionei o joelho no Brasil e achava que nem ia conseguir surfar nesse evento, mas deu tudo certo e agradeço muito a minha equipe, minha família e toda glória a Deus. Chegar no Tahiti com a lycra amarela e já classificado para o WSL Finals, é muito especial e farei de tudo para ir para Trestles em primeiro lugar, que será muito importante para tentar mais um título mundial”.

E para conseguir chegar no Rip Curl WSL Finals em primeiro lugar no ranking final do CT 2023, Filipe Toledo só precisa passar uma bateria nos tubos de Teahupoo. Mesmo se não conseguir, os únicos que podem lhe tirar a liderança, Ethan Ewing e Griffin Colapinto, já necessitam da vitória no Shiseido Tahiti Pro, para ultrapassar a sua pontuação. Desde a implantação do novo formato mata-mata entre os top-5 do ranking no Rip Curl WSL Finals, as duas decisões de títulos foram 100% brasileiras e Filipe participou das duas disputas de melhor de 3 baterias. Perdeu a primeira em 2021 para Gabriel Medina, mas ganhou a de 2022 contra Italo Ferreira.

DOMÍNIO BRASILEIRO – Aliás, o domínio do Brasil vai se consolidando a cada ano, desde que Gabriel Medina conquistou o primeiro título verde-amarelo em 2014. O segundo já veio no ano seguinte com Adriano de Souza, depois Medina festejou o bicampeonato em 2018, Italo Ferreira foi o campeão em 2019, Gabriel conseguiu o tri em 2021 e Filipe Toledo venceu o do ano passado. A hegemonia só foi quebrada pelo havaiano John John Florence, bicampeão em 2016 e 2017. Além disso, os brasileiros vêm ganhando a maioria das etapas do CT a cada ano e em 2023 já foram seis vitórias nas nove etapas completadas na África do Sul.

Em 2017, o mundo viu Filipe Toledo apresentar uma nova maneira de surfar as ondas tubulares de Jeffreys Bay. Ele introduziu as manobras aéreas para potencializar suas notas e foi assim que conquistou o bicampeonato no Corona Open J-Bay em 2017 e 2018 e só parou nas semifinais em 2019, quando Gabriel Medina ganhou a final brasileira com Italo Ferreira, quebrando um tabu de 35 anos sem vitórias de um competidor surfando de backside nas direitas de J-Bay. Nessa semana, Filipe conseguiu o tricampeonato sem voar, só usando o seu arsenal de manobras modernas e progressivas nos pontos mais críticos das ondas.

CAMPANHA DO TRI – A terça-feira amanheceu com muita chuva e ele já igualou o seu recorde de nota no campeonato, 9,63, contra o australiano Jack Robinson nas quartas de final. A vitória foi apertada, por 16,33 a 15,06 pontos. Na semifinal, o japonês Kanoa Igarashi já botou pressão pegando uma onda nos primeiros segundos, que abriu perfeita para ele largar na frente com nota 8,00. Kanoa já havia derrotado o brasileiro Yago Dora, semifinalista na África do Sul no ano passado, como o japonês.

As séries já estavam demorando bastante para entrar, o tempo da bateria chegou a ser aumentado de 35 para 40 minutos e Filipe foi pegando as ondas que o seu adversário deixava passar. Foi assim que ele construiu uma virada espetacular, enquanto Kanoa esperava por uma onda tão boa como a que surfou no início. Filipe começou com nota 4,83, depois somou 6,83 para passar a frente. Kanoa seguia aguardando na água congelante de J-Bay e deixou passar uma que abriu uma parede mais sólida para Filipe atacar forte, variando batidas e rasgadas com pressão e velocidade. Ele ganhou nota 8,50 e venceu por 15,33 a 10,50 pontos.

DECISÃO DO TÍTULO – A decisão do título teve mais um acréscimo no tempo da bateria, para 45 minutos. O brasileiro já achou uma onda boa no início, para mostrar o seu repertório com floater, tail slide e batidas e rasgadas abrindo grandes leques de água, abrindo a bateria com nota 8,83. O australiano Ethan Ewing foi o campeão do Corona Open J-Bay no ano passado e tinha impedido uma segunda final brasileira em Jeffreys Bay, derrotando Gabriel Medina nas semifinais. Se o tricampeão mundial passasse para a final, já tiraria o quinto lugar no ranking do Yago Dora, mas subiu do sétimo para o sexto lugar.

Ethan Ewing já havia perdido o título do Vivo Rio Pro apresentado por Corona em Saquarema para Yago Dora, mas confirmou sua vaga nos top-5 e nas Olimpíadas com a segunda final consecutiva. Só que falhou na escolha das ondas, enquanto Filipe Toledo seguia impecável. Ele achou outra onda muito boa nas difíceis condições do mar, para mandar mais uma série de seis manobras executadas com muita força e velocidade. Foi variando carvings com tail slides e rasgadas e batidas abrindo grandes leques de água com a força do pé de trás, até explodir a junção. Três dos cinco juízes deram nota 10 e a média ficou 9,93, a maior do campeonato. Com ela, também fez um novo recorde de 18,76 pontos no Corona Open J-Bay 2023.

“Este lugar é superespecial para mim”, disse Ethan Ewing. “A primeira vez que vim para cá, já senti uma conexão incrível aqui e tive uma ótima semana com meu pai junto comigo dessa vez. Fazer finais consecutivas é muito legal, mas o Filipe (Toledo) é muito bom nessas ondas. Para mim, ele é o melhor surfista do mundo hoje, então desejo bom trabalho para ele e bom trabalho para as meninas também, que foram super inspiradoras”.

VAGAS NO WSL FINALS – O Corona Open J-Bay foi a penúltima etapa do CT 2023 e definiu mais cinco nomes no grupo que vai disputar os títulos mundiais da temporada no Rip Curl WSL Finals, Filipe Toledo, Ethan Ewing, Griffin Colapinto, Caroline Marks e Molly Picklum. Carissa Moore e Tyler Wright já estavam garantidas antes da África do Sul. A decisão dos títulos será no melhor dia de ondas no período de 8 a 16 de setembro em Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. Filipe Toledo foi o primeiro a ser confirmado em J-Bay, quando se classificou para as quartas de final na terça-feira. No último dia, a WSL também anunciou Ethan Ewing e Griffin Colapinto, restando apenas duas vagas para fechar os top-5 do ranking masculino. No momento, estão sendo ocupadas por João Chianca em quarto lugar e Yago Dora em quinto.

O tricampeão mundial Gabriel Medina subiu para o sexto lugar e é um dos melhores surfistas do mundo nos temidos tubos de Teahupoo. Ele ganhou 77,3% das 44 baterias que disputou no Tahiti e já chegou na final cinco vezes, sendo campeão em 2014 e 2018 e vice-campeão em 2015, 2017 e em 2019. João Chianca está numa situação mais favorável, pois só precisa passar uma bateria para garantir seu nome nos top-5. Mesmo que não consiga, ele só perde a vaga se Medina vencer de novo e Yago Dora for o vice-campeão. Já a briga entre o Gabriel e Yago, é fase a fase e outros seis surfistas também têm chances de conseguir a quinta posição. Principalmente John John Florence e Jack Robinson, que estão logo abaixo do Medina.

JOGOS OLÍMPICOS – Já a batalha pelas dez vagas para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, o italiano Leonardo Fioravanti foi o primeiro a ser anunciado pela WSL no Corona Open J-Bay. Na terça-feira mais três nomes foram confirmados para disputar medalhas nos tubos de Teahupoo, os líderes do ranking, Filipe Toledo, Ethan Ewing e Griffin Colapinto. Caso mais dois brasileiros terminem entre os top-5, como está agora com João Chianca e Yago Dora, a segunda vaga do Brasil será decidida no Rip Curl WSL Finals.

Os outros que estão se classificando no momento, são John John Florence pelos Estados Unidos, Jack Robinson pela Austrália, Kanoa Igarashi pelo Japão e Jordy Smith e Matthew McGillivray pela África do Sul. Já o ranking feminino segue a briga pelas duas vagas dos Estados Unidos e as duas da Austrália. Assim como o masculino para o Brasil, três norte-americanas estão entre as top-5, Carissa Moore em primeiro lugar, Caroline Marks em terceiro e Caitlin Simmers em quinto, então as duas classificadas podem ser definidas no Rip Curl WSL Finals.

TOP-5 E OLIMPÍADAS – Ainda tem a californiana Lakey Peterson, que subiu do oitavo para o sexto lugar com a vitória no Corona Open J-Bay e entrou na briga pela última vaga que falta definir no grupo das top-5. Caitlin Simmers é a única ameaçada, por Lakey, pela australiana Stephanie Gilmore e por Tatiana Weston-Webb. As quatro que estão garantidas na decisão do título mundial, são Carissa e Caroline e as australianas Tyler Wright e Molly Picklum. E as quatro que já estavam confirmadas nos Jogos de Paris 2024 antes da etapa sul-africana, são Tatiana Weston-Webb, Johanne Defay da França, Brisa Hennessy da Costa Rica e Teresa Bonvalot de Portugal.

Para conquistar a sexta vitória em etapas do CT da sua carreira, a experiente Lakey Peterson eliminou quatro das cinco surfistas que estão entre as top-5 do ranking. A primeira foi a concorrente direta pela última vaga no Rip Curl WSL Finals, Caitlin Simmers, na repescagem. Depois, derrotou outra norte-americana nas quartas de final, Caroline Marks, além das duas australianas, a vice-líder Tyler Wright na semifinal e a quarta colocada, Molly Picklum, na final.

DECISÃO FEMININA – Essa foi a terceira vez que Lakey Peterson decidiu o título do Corona Open J-Bay. Ela perdeu as outras duas, para Stephanie Gilmore quando foi vice-campeã mundial em 2018 e para Carissa Moore em 2019. A jovem Molly Picklum, que estreou na elite do CT no ano passado, tinha passado por duas pedreiras na terça-feira, pela octacampeã mundial Stephanie Gilmore nas quartas de final e pela pentacampeã e líder do ranking 2023, Carissa Moore, na semifinal. Mas, Lakey Peterson pegou a melhor onda que entrou na bateria e a nota 8,50 recebida, decidiu a tão desejada vitória em Jeffreys Bay, por 14,77 a 13,50 pontos.

“Eu amo J-Bay e hoje acho que J-Bay me ama também”, vibrou Lakey Peterson. “Estou orgulhosa por ter feito minha terceira final aqui e foi muito legal ser com a Molly (Picklum). Ela é uma monstra competindo, mas, ao mesmo tempo, é uma amigona minha, então foi muito especial compartilhar esse momento com ela. Este é o meu evento preferido no calendário e dedico essa vitória a minha cunhada, que faleceu nessa mesma época no ano passado, então foram muitas emoções envolvidas nessa final hoje aqui”.

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