Com a maior largada de todos os tempos já realizada no Brasil nesta modalidade, reunindo 38 equipes, a 16ª Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoa Havaiana será disputada neste sábado (30). A prova tem um dos percursos mais longos do Mundo, com 75 km ininterruptos de remada entre mar e rio, passando por três cidades da Baixada Santista, com início e término em Santos. A largada está marcada para 8 horas na Praia da Aparecida e, para incrementar ainda mais o sentido pleno do desafio, a previsão é de mar com condições extremas, dificultando ainda mais o trajeto.
“Será uma imagem linda ver 38 canoas largando ao mesmo tempo. Será histórico”, vibra o canoísta Fábio Paiva, organizador do evento e um dos maiores entusiastas da canoa e de qualquer esporte náutico. “Lá atrás, quando começamos, nunca imaginei que teríamos tanta gente envolvida numa única prova, que é um grande desafio de superação. São 75 km, é algo que precisa estar bem treinado, precisa estratégia”, destaca.
Ele também ressalta que para que tudo saia certo, um grande e completo esquema de segurança foi planejado, com pontos de apoio durante todo o percurso e várias embarcações acompanhando tudo de perto. “Cada equipe tem seu barco e também contamos com mais dez lanchas para a organização e segurança. Estimamos que teremos cerca de 700 pessoas envolvidas diretamente no mar, entre atletas, staffs, comissão técnica, Bombeiros, Capitania dos Portos”, ressalta.
Só de competidores serão 342. As equipes estarão divididas nas categorias masculina, com maior participação, totalizando 15 canoas, feminina, mista, geral 40+ e geral 50+. Estarão presentes atletas de seis estados, da Bahia ao Rio Grande do Sul, além de um time do Chile, vindos de Maitencilillo, no Oceano Pacífico.
A largada é feita no estilo “Le Mans”, com as canoas saindo da areia, empurradas pelos atletas e ganhando o mar já com velocidade. Além desse início eletrizante, Fábio destaca outros dois momentos que prometem emocionar o público presente na praia, a tradicional roda de energia, com todos os atletas das 38 canoas reunidos para emanarem boas vibrações durante a disputa, e a homenagem feita a cada ano.
“Acredito muito que a história não pode ser perdida. Legar as pessoas mais novas saberem quem abriu o mato para a gente estar aqui. Teremos um homenageado em especial, o senhor Henrique Casillas. Em Santos, ele criou o Centro Brasileiro de Náutica, numa época onde não sabíamos nada. Muito difícil falar em vela na região e não lembrar dele. Eu me arrisco a dizer que a primeira prova de canoagem oceânica do Brasil foi ele quem organizou, porém na região, certeza que foi ele”, anuncia.
Segundo Paiva, sua história na canoagem oceânica está conectada ao trabalho desenvolvido por Casillas. “Eu soube daquela prova e comecei e nunca mais parei. Eu devo o esporte náutico a ele. Com certeza, se não fosse ele, talvez eu não estivesse aqui e não teríamos essa prova. Todo mundo vai curtir muito essa homenagem”, reforça.
Na prova, a expectativa é que o primeiro time complete a prova em menos de seis horas, com chegada por volta das 14 horas no mesmo local. Eles atravessarão o Canal, irão remando costeando a Ilha de Santo Amaro, onde está Guarujá, em trechos que podem ter grandes ondulações, até chegar ao Canal de Bertioga, na metade do percurso.
A partir daí a prova muda completamente de cenário, agora com baixios, mangue e exigindo ainda mais estratégia de navegação e de trocas. O final do desafio será no Canal do Estuário, onde fica o Porto de Santos, passando pela travessia de Balsas para, enfim, chegar novamente na Praia da Aparecida. No ano passado, a Samu Team Brazil completou o desafio e estabeleceu o novo recorde em 5h41s12.
“A previsão para este sábado é de mar casca grossa e o sentido da prova é de desafio. O objetivo da galera será concluir bem o percuso. A questão de segurança será primordial. A Samu bateu um recorde violento. Vamos torcer para que as equipes sigam se aperfeiçoando, criando suas estratégias, tenham times mais coesos e acredito que vai baixando”, comenta Fábio Paiva.
Nesse ano, o favoritismo fica entre a TriboQPira, de Santos, que formou uma seleção com vários destaques de equipes da região, e a Brucutus, de Bertioga, a mais antiga equipe em atividade, desde a edição inicial da Volta, e competindo com integrantes de sua formação de 2004, quando foi campeã brasileira, “resgatando” canoístas experientes.
O capitão Everdan Riesco, na canoa havaiana desde a primeira disputa oficial da modalidade no Brasil, fala com confiança. “Acredito em mais uma boa colocação, pois treinamos juntos e a remada está bem encaixada. Fisicamente todos estão muito bem preparados”, comenta Riesco, citando entre os destaques Cadu Zaidan. “Que começou na equipe há 16 anos e foi campeão sul-americano”, fala.