Ian pode garantir vaga no CT 2017 em Floripa

Ian Gouveia (PE) / Foto MasurelIan Gouveia (PE) / Foto Masurel

Melhor brasileiro no ranking do WSL Qualifying Series este ano, o pernambucano Ian Gouveia pode ter uma comemoração dupla no Hang Loose Pro Contest 30 Anos, que começa na próxima terça-feira (1º) na Praia da Joaquina, em Florianópolis. Além de ter a chance real de já confirmar a sua vaga ao CT de 2017 com um bom resultado na Ilha de Santa Catarina, o filho caçula do ídolo Fábio Gouveia está feliz por poder competir no evento da Hang Loose, seu patrocinador master há nada menos que 11 anos. O ambiente favorável aumenta ainda mais, porque o surfista de 24 anos morou metade de sua vida na capital catarinense e considera a Joaca, como uma segunda casa. “A expectativa de competir em Florianópolis e ainda no campeonato do meu patrocinador é a melhor possível. A Joaquina é um lugar que dá altas ondas e eu surfo desde pequeno, então gosto bastante de lá”, comenta o surfista, que hoje mora na Praia de Maresias, em São Sebastião (SP).

Ian Gouveia (BRA) .Acores16

Ian Gouveia (BRA) .Acores16

“Morei em Floripa por 12 anos e tenho boas lembranças das competições lá”, continua Ian Gouveia. “A primeira vez que me classifiquei para o Mundial Junior da ISA foi lá e espero poder repetir outro feito, de garantir minha vaga para o CT. Não seria nada mal isso, ainda mais no campeonato da Hang Loose. Ia ser uma comemoração dupla. A minha relação com a Hang Loose é como uma família. Sou patrocinado pela marca desde 2005, o Álfio (Lagnado) é como um tio e os filhos deles como irmãos para mim”. Ian vem de uma sequência de grandes resultados na “perna europeia” do WSL Qualifying Series, que o impulsionaram para a quinta posição no ranking. A arrancada começou com o quarto lugar na final do Pantin Classic Galicia Pro, na Espanha, depois veio a vitória em outra prova com status QS 6000, o Azores Airlines Pro, nas Ilhas Açores, em Portugal.

Ele ainda foi para Marrocos e ficou em quinto lugar no QS 1500 de Casablanca, depois voltou para Portugal para disputar o QS 10000 Billabong Pro Cascais, onde conquistou mais um brilhante terceiro lugar na etapa vencida por outro brasileiro, Jessé Mendes, que no momento está fechando o grupo dos dez surfistas indicados pelo ranking do QS para completar a elite dos top-34 que disputa o título mndial na World Surf League. Além dos dois, o baiano Bino Lopes também está no G-10, em sexto lugar, logo abaixo de Ian Gouveia. “Depois da minha vitória nos Açores, um terceiro, um quarto e um quinto lugares, fiquei muito perto de conseguir a vaga e a ansiedade é total”, confessa Ian Gouveia. “Nem em sonho imaginava isso. É uma posição que nunca estive e está sendo tudo novo para mim. É impossível controlar, mas estou trabalhando mentalmente para conseguir ficar o mais tranquilo possível. Estou colocando na cabeça que ainda preciso passar mais baterias para ficar com a vaga. E quero consolidar isso na Joaquina”. Ele sabe que uma boa atuação em Floripa ainda tem outro ponto a seu favor, eliminar a pressão de ter de decidir seu futuro no Havaí. “Com certeza, terá um gostinho especial garantir a vaga em casa junto com toda a família e amigos para comemorar. Será um sonho. E também será muito importante me garantir antes do Havaí. Lá, como todos sabem, é muito difícil, pelo fato de ter muitos tops do CT e surfistas locais competindo”, afirma Ian Gouveia.

Pai e filho surfando juntos / Foto Tom Toledo / Hang Loose

Pai e filho surfando juntos / Foto Tom Toledo / Hang Loose

“Conheço muitos exemplos de surfistas que estavam dentro dos top 10 e no Havaí caíram fora. É muito difícil deixar para garantir a vaga lá”, acrescenta Ian, que também descarta a pressão que muitos acreditam existir, por ser filho de Fábio Gouveia, um dos maiores surfistas brasileiros de todos os tempos e que também sempre integrou a equipe Hang Loose durante toda a carreira no Circuito Mundial. “Essa é a pergunta que mais me fizeram na vida e sempre fui muito tranquilo quanto a isso”, disse Ian Gouveia. “Apesar de tudo que ele foi, para mim é o meu pai e minha relação com ele é de pai e filho. Não levo isso para a água. Não tenho essa pressão, por ele ter sido tão bom. Não tenho de ser tão bom quanto ele. Eu quero fazer a minha história. Mas, com certeza, meu pai é a minha principal influência”. Ian não esconde que em um ponto quer ser igual ao pai, o lado família. “Quero poder viajar o mundo inteiro, surfar as melhores ondas e levar a minha mulher, minha filha. Dar para a minha filha, a vida que meu pai me deu. Era muito bom viajar com ele, assistir os campeonatos, viver o Tour. Estou perto de conseguir isso e vou buscar muito”, ressalta.

Mostrando humildade, Ian não quer fazer projeções sobre o futuro na elite mundial. Só adianta que as etapas que ele mais aguarda são as de Fiji e Pipeline. “Nem sei o que esperar de mim. Vou descobrir ano que vem mesmo (risos). Já fiz uma surftrip para Fiji e peguei o melhor mar da minha vida lá no ano passado. Desde que peguei aquelas ondas, tornou-se um sonho competir lá”, conta. “Há alguns anos venho participando do Volcom Pipe Pro no Havaí e é muito bom surfar Pipeline só com mais três pessoas na água”, destaca Ian. “No CT é você e mais um só, então melhor ainda. De todas as ondas do CT, eu ainda não conheço Bells e Margaret River na Austrália e Peniche em Portugal. Eu acho as direitas de Bells iradas e Margaret tenho um medo ‘da bixiga’ de tubarão, mas vou enfrentar. Já Peniche é Portugal, onde sempre me sinto bem, é um beach break que dá altos tubos”. Para completar, Ian também fala da fase pai, com a chegada da filha Malia: “Mudou minha vida. Você amadurece. Passa a ter responsabilidades muito maiores. Tem de focar mais nos seus objetivos. Afinal, tenho de botar dinheiro em casa, criar meu patrimônio”.

Por Fabio Maradei

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