Dadá Nascimento: o homem por trás do surf paulista

Dadá Nascimento, 53 anos, é líder da Associação de Surf da Grande São Paulo (ASGSP) e idealizador de um dos mais duradouros eventos de surf já realizados com atletas da região. Com 14 anos de experiência como promotor de eventos, é o homem que desde 2002 está por trás do SP Contest, que neste ano comemora sua 15ª edição, sempre apresentando alto nível de surf. O campeonato que ele mesmo define como a “grande família”. Um evento reconhecido entre os corredores da antiga Association Surf Professional, atual WSL.

Além de presidente da ASGSP, há oito anos é vice-presidente da Federação Paulista de Surf. Mas não para por aí, em seu currículo tem mais surfe: o bi-campeonato nacional, como chefe de equipe. Foi diretor de provas de uma etapa do circuito WQS, ocorrida no Guarujá. No entanto, até o momento, o evento que mais o marcou foi as Olimpíadas do Surf de 2006, que ocorreu em Maresias, São Sebastião (SP). E, por último, a etapa Prime, que também aconteceu na mesma praia, em novembro de 2014.

O espírito de confraternização em dia de evento pode ser conferido na união entre os atletas fora d’água. Até mesmo entre o corpo técnico, juízes e familiares. “Dia de campeonato na verdade é hora de colocar o papo em dia, rever os amigos. É dia de diversão e muita harmonia”, revela Dadá.

O SP Contest já contou com a participação de Narciso José, campeão paulista profissional em 95, e o Sávio Carneiro, que durante anos fez parte da elite do Super Surf. O evento já homenageou os surfistas paulistanos Renan Rocha, o big rider Romeu Bruno e o Taiu, como os melhores surfistas da Grande SP. O SP Contest tem história e muito surf em seu currículo e, graças aos esforços e empenho de Dadá Nascimento, e sua equipe.

O InnerSport foi ao encontro desta pessoa com o astral sempre em alta. Nesta entrevista conheçam mais um pouco dos desafios enfrentados por Dadá em sua trajetória, e perceba o quanto ele já contribuiu e continuará criando condições para o avanço do surf brasileiro. Agora, saiba mais um pouco sobre está figura emblemática do mundo do Surf.

1 – Em que momento você percebeu que a Grande São Paulo precisava de uma Associação de Surf?
A partir do momento que criamos o Circuito de Surf da Grande SP, em 2002, e a partir do momento que conquistamos o interesse de uma grande marca do surf brasileira notamos que era necessário criar uma entidade que cuidasse de tudo, desde dos surfistas até as competições.

A equipe que faz o evento acontecer

2 – O que o motivou a realizar eventos de surf?
Eu havia feito um curso de captação de recursos e elaboração de projetos, tudo isso voltado aos eventos. Mas naquele momento eu estava trabalhado na monitoria da XXV Mostra Internacional de Cinema de SP, e já tinha passado pela curadoria do Leon Kakof, e fazia alguns trabalhos com shows, como o do Titãs. Até que surgiu um fabricante de pranchas de surf do Tatuapé, que conversou com um amigo meu sobre realizar um campeonato de surf do bairro. Este amigo, o José Paulo dos Santos, sabendo da minha atividade me convidou para trabalhar nessa empreitada. Eu fiz o projeto e de cara uma grande marca do mercado se interessou pela ideia e daí para frente o SP Contest nunca mais parou.

3 – Em sua opinião, o que torna um evento atraente para o atleta: a premiação ou a chance dele alçar para um novo patamar do surf (profissionalismo)?
Isso depende muito do evento e do objetivo do atleta em questão. O Circuito Brasileiro de Surf Amador, da Confederação Brasileira de Surf, tem como principal premiação o titulo de Campeão Brasileiro que muda a vida e a carreira de um competidor. O SP Contest já é um caso totalmente diferente de todos os outros. Nossos atletas, na sua maioria são profissionais bem sucedidos nas suas áreas de atuação profissional, e buscam no circuito muita diversão, confraternização, e principalmente, motivação para manter-se em forma, realizando um treinamento forte, a fim de competirem e tirarem a carga de stress adquirida no dia a dia da cidade grande. Neste grande ambiente familiar é onde acontece o nosso campeonato.
4 – Em todos esses anos envolvidos com o surf, qual é a dificuldade mais constante na realização de um evento?
Sem dúvida alguma a captação de recursos.

Dadá é vice-presidente da FPS e um de seus hobbies é a  filmagem (ao seu lado o fotógrafo Munir El Hage)

5 – Fale um pouco sobre o SP Contest.
O SP Contest é um caso de sucesso que deu muito certo. Lá no início, o Marcelo Laxe, diretor da primeira empresa patrocinadora, a Maresia, foi o principal colaborador do evento. Ele costumava falar assim: “Nossa Associação e nosso evento, tem que ser como um ‘clubinho’, uma válvula de escape. Será uma forma de darmos ao esporte um pouco do que retiramos dele”. E, ele estava certo. Foi realmente nisso que o evento se transformou ao longo do tempo: uma grande família. Uma diversão entre amigos, onde todos se confraternizam. Em qualquer etapa do SP Contest é possível assistir aos filhos, as esposas e os competidores em plena harmonia. O diferencial do nosso evento é o perfil dos nossos atletas, do nosso público, o “Top Core” do surf brasileiro, em questão de consumo. Aliando tudo isso a uma organização e uma divulgação impecável, faz com que no decorrer destes 13 anos de existência, sempre tenhamos grandes empresas patrocinando nosso evento.
6 – O SP Contest pode ser considerado uma vitrine para o surf amador atualmente?
Pode se considerar uma vitrine do surf amador, como evento, não como surf competição, pois nossos atletas não buscam mais a carreira do profissionalismo, mas sim, relaxarem e curtirem uma boa praia com boas ondas.

Atletas se preparando para a bateria na segunda etapa, em Itamambuca / Foto Munir El Hage

7 – Você também é vice-presidente da FPS, ao lado do Silvio Silvério, as dificuldades nas realizações dos eventos Profissionais são as mesmas encontradas no amador?
Não, as dificuldades para a realização de um evento de surf profissional são maiores do que a de um evento amador, devido a alta premiação em dinheiro envolvida em um evento Pro.

8 – O que vem primeiro quando o assunto é surf: paixão ou profissão?
Paixão, sem dúvida alguma, o profissional só acabou acontecendo devido a enorme paixão. E vou mais longe ainda, a insistência e a duração desse trabalho, passando por cima de todas as dificuldades, só persiste devido a enorme paixão que me move.

Dadá Nascimento e sua filha Nathália, numa praia qualquer do Litoral Norte Paulista

Dadá Nascimento e sua filha Nathália, numa praia qualquer do Litoral Norte Paulista

9 – No drop:
Melhor Trip – Hawaii
Musica Preferida – Australian Surf Music
Prato predileto – Comida popular brasileira, como o bom e tradicional “arroz com feijão”
Família – A base de tudo
Surf – Minha vida

Redação InnerSport / Fotos Divulgação ASGSP

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