Brasileiros seguem na busca do título mundial

Gabriel Medina-SP
(Ed Sloane / WSL via Getty Images)

Gabriel Medina-SP (Ed Sloane / WSL via Getty Images)

Italo Ferreira e Gabriel Medina seguem na busca do título mundial no Havaí e já estão classificados para a estreia do surfe nas Olimpíadas de Tokyo 2020. A confirmação dos seus nomes para disputar medalhas para o Brasil, junto com a cearense Silvana Lima e a gaúcha Tatiana Weston-Webb, veio com derrota de Filipe Toledo na quarta-feira de grandes tubos de 8-10 pés em Pipeline e Backdoor. Italo e Medina passaram pela terceira fase do Billabong Pipe Masters em homenagem à Andy Irons e terão dois duelos brasileiros nas oitavas de final. Italo enfrenta Peterson Crisanto na primeira bateria e Medina está com Caio Ibelli na quinta.

As condições do mar estavam difíceis na quarta-feira, com séries enormes entrando sem parar, então foi decidido utilizar o sistema “overlapping heats”, com duas baterias disputadas simultaneamente. Assim, foi possível aumentar cada confronto para 50 minutos, com mais tempo para os surfistas pegarem as duas ondas computadas. O número 1 do Jeep Leaderboard, Italo Ferreira, já fez um duelo brasileiro na abertura da batalha por vagas nas oitavas de final na quarta-feira e ganhou do conterrâneo potiguar, Jadson André, para seguir defendendo a liderança na corrida do título mundial, que agora só tem três concorrentes.

“Foi difícil dormir ontem à noite e fiquei assistindo alguns filmes”, disse Italo Ferreira. “Está muito difícil lá fora. Eu tentei pegar as melhores ondas e consegui uma boa, mas caí na saída do tubo, a onda me atingiu. Toda bateria é uma história e estou feliz por continuar no evento. Espero que na próxima bateria, eu possa surfar melhor do que fiz hoje, porque estava bem complicado mesmo lá fora, para achar ondas boas”.

Italo Ferreira-RN (Tony Heff / WSL via Getty Images)

Italo Ferreira-RN (Tony Heff / WSL via Getty Images)

Filipe Toledo e sul-africano Jordy Smith também sentiram a dificuldade do mar e saíram da briga na quarta-feira. Filipe foi o primeiro, na quinta bateria do dia. Depois do paranaense Peterson Crisanto defender sua vaga para o CT 2020 despachando o californiano Conner Coffin, do Yago Dora eliminar Owen Wright na bateria seguinte e do também catarinense Willian Cardoso se despedir da elite do CT, com a derrota para Julian Wilson. Filipe era o favorito, pois seu adversário tinha se machucado dias antes e entrou mancando no mar. Mas, o neozelandês Ricardo Christie achou o melhor tubo do dia até ali, que valeu nota 7,67, para derrotar Filipe Toledo por 11,04 a 9,84 pontos.

“Eu cometi alguns erros na bateria que foram fatais”, lamentou Filipe Toledo. “Remei para algumas ondas que eu poderia ter esperado mais por uma melhor. Não sei, só sinto que estou bem cansado. É duro. Já faz alguns anos que chego aqui no Havaí brigando pelo título e perco. Sei que não preciso provar nada a ninguém do que posso fazer, mas, ao mesmo tempo, no fundo da mente, parece que fico realmente tentando isso. Enfim, vamos pra próxima”.

Assim como na terça-feira, Gabriel Medina competiu numa hora boa do mar, com mais tubos e séries bem maiores já surgindo no segundo reef de Banzai Pipeline. Ele logo pegou um tubaço para aumentar a maior nota da terceira fase para 8,50. Kelly Slater estava no mar junto com Medina, perdendo o duelo anterior para o francês Joan Duru. Mas, achou uma bomba no Backdoor, sumiu lá dentro e conseguiu sair na baforada para delírio de todos, com os cinco juízes dando nota 10 unânime para o tubo espetacular de Slater.

Medina também deu seu show, mas nas esquerdas, pegando um tubão em pé, a la Gerry Lopez, o Mr. Pipeline, também saindo na baforada com nota 8,57. Slater ainda achou outro tubo incrível nas direitas do Backdoor, para bater o recorde de 17,30 pontos do brasileiro no primeiro dia, vencendo Joan Duru por 17,33. Medina tinha 17,07 já e a classificação parecia garantida também. Só que o havaiano Imaikalani Devault volta à briga num dos tubos mais longos e profundos em Pipeline. Um dos juízes deu 10 e a média ficou em 9,57, a segunda maior do Billabong Pipe Masters esse ano.

O brasileiro pegou outro tubo para tentar aumentar o 8,50 que tinha, mas não conseguiu e a prioridade de escolher a próxima onda ficou para o havaiano, nos cinco minutos finais da bateria. Felizmente, veio uma calmaria, não entrou mais nada de ondas boas e Medina seguiu na disputa do título mundial, fase a fase com Italo Ferreira. O paulista Caio Ibelli derrotou o australiano Wade Carmichael na bateria seguinte e vai voltar a enfrentar Medina como na etapa passada, em Portugal. Lá, o bicampeão mundial poderia garantir o tri antecipado, mas cometeu um erro no final da bateria e acabou sendo eliminado pelo guarujaense.

“Foi uma bateria divertida, mas o final foi bem tenso, porque ele (Imaikalani Devault) pegou um tubão que me deixou preocupado, mas deu tudo certo e estou feliz por ter passado mais uma fase”, disse Gabriel Medina. “É muito bom surfar esse tipo de onda com pouca gente na água. Só tenho que agradecer à Deus pela oportunidade de poder surfar outra bateria e já estou ansioso para pegar mais e mais tubos aqui”.

Quem também aproveitou a melhor hora do mar na quarta-feira foi o bicampeão mundial John John Florence. O havaiano mostrou toda a sua “expertise” em surfar os tubos de Pipeline e Backdoor, fazendo um novo recorde de 18,50 pontos, com notas 9,70 e 8,80 e jogando um 8,00 fora contra Ezekiel Lau. Mas, enquanto John John segue na briga com Kelly Slater pela segunda vaga dos Estados Unidos para as Olimpíadas, o também havaiano Ezekiel perdeu a chance de continuar tentando se manter na elite do CT para 2020.

Depois dessa bateria havaiana, o vento aumentou agindo negativamente na formação dos tubos e poucos foram surfados nos confrontos seguintes. Curiosamente, foram duas vitórias por apenas 9,10 pontos, do australiano Soli Bailey sobre o japonês Kanoa Igarashi e do campeão da Tríplice Coroa Havaiana no ano passado, Jessé Mendes, tirando mais um concorrente ao título mundial do caminho dos brasileiros, Jordy Smith. Jessé ainda tenta vaga no CT 2020 e precisa chegar nas semifinais do Billabong Pipe Masters.

“Eu adoro surfar Pipeline, é a minha onda favorita e só quero me divertir, sem pensar em qualificação para 2020”, disse Jessé Mendes. “Quero pegar tubos profundos, porque no ano passado as ondas não estavam boas e me sinto abençoado em ter surfado aquela onda que me deu a vitória. Eu tive outra oportunidade antes, mas fiquei nervoso demais e não consegui. No auge da pressão, qualquer coisinha pode tirar seu foco. Mas, senti que teria outra chance e não vacilei, consegui completar o tubo e estou feliz por poder continuar competindo aqui”.

Ainda teve outra bateria e a direção técnica da World Surf League preferiu paralisar o evento, para voltar depois que o vento desse uma acalmada. Retornou às 15h00 no Havaí, 22h00 no Brasil, para fechar a terceira fase. Decisão acertada, porque o taitiano Michel Bourez pegou dois tubaços para vencer o paulista Deivid Silva por 15,24 a 8,94 pontos, com notas 8,17 e 7,07. Já na última bateria, não entraram tantos, mas o californiano Kolohe Andino conseguiu vencer o havaiano Sebastian Zietz por 10,17 a 8,33 para seguir na briga do título mundial.

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