Brasil segue na busca do título na França

Willian Cardoso-SC (Laurent Masurel / WSL via Getty Images)Willian Cardoso-SC (Laurent Masurel / WSL via Getty Images)

O bicampeão mundial Gabriel Medina segue defendendo a lycra amarela do Jeep Leaderboard no Quiksilver Pro France, enquanto o vice-líder, Filipe Toledo, foi barrado nas ondas de 4-6 pés do mar difícil para competir na segunda-feira em La Graviere, Hossegor, na França. Dos nove brasileiros que disputaram a terceira fase, apenas o potiguar Italo Ferreira e o catarinense Yago Dora, também passaram para as oitavas de final. Já no Roxy Pro France, a gaúcha Tatiana Weston-Webb foi a única que avançou para as quartas de final e vai enfrentar a líder na corrida pelo título mundial feminino, a havaiana Carissa Moore. A primeira chamada da terça-feira será as 8h30 na França, 3h30 da madrugada no fuso de Brasília.

“Estou feliz por passar para a próxima fase, mas foi uma bateria difícil, porque o mar estava bem ruim na hora da minha bateria”, lamentou Gabriel Medina, que vai disputar a quinta oitava de final com o australiano Adrian Buchan. “Era uma fase importante para mim e estou feliz por ter avançado. Agora é me concentrar para o próximo rounde e espero que de tudo certo, que Deus me abençoe para conseguir um bom resultado aqui. Vamos com tudo e, se Deus quiser, vai dar tudo certo”.

Na terça-feira, foi utilizado o sistema “overlapping heats”, com duas baterias sendo disputadas simultaneamente e os surfistas do confronto anterior, tendo a prioridade de escolher as melhores ondas na primeira metade do tempo de cada duelo. Quando Medina entrou no mar na nona bateria, quatro brasileiros já haviam sido eliminados. Um deles foi Filipe Toledo, barrado pelo convidado francês, Marc Lacomare, na maior surpresa do dia.

Realmente, o bicampeão mundial competiu numa hora de transformação do mar, com poucas ondas boas entrando para os dois surfistas mostrarem seu potencial. O francês Marco Mignot começou com um tubo nas direitas de La Graviere que valeu nota 5,67, para liderar quase toda a bateria. Medina escolheu as esquerdas e tentou passar por dentro dos tubos, arriscou os aéreos e nada dava certo. Mas, ele não desistiu e entrou na briga quando conseguiu uma nota 4,23. Depois, somente na última onda, achou um tubo e na saída mandou um rasgadão para receber 5,53 e confirmar a vitória por um baixo placar de 9,76 a 8,84 pontos.

Na sequência, veio mais uma eliminação brasileira, mas o catarinense Yago Dora fez a maior pontuação do dia até ali, 14,50 pontos, para despachar o norte-americano Griffin Colapinto. A segunda vitória verde-amarela também foi construída nas esquerdas de La Graviere. Primeiro, Yago completou um aéreo “alley oop” com boa altitude, para ganhar um boeing 7,67 dos juízes. O californiano respondeu com um tubaço nota 8,23 nas direitas, mas o catarinense também surfou um que valeu 6,83, para superar os 13,23 pontos do seu oponente.

“Eu sabia que ia precisar de um pouco de tubo na bateria, manobras, tubos e aéreos”, disse Yago Dora, que vai enfrentar o número 4 do ranking, Kolohe Andino, na penúltima oitava de final. “O Griffin (Colapinto) pegou aquele tubo no início e eu precisava reagir rápido. Eu adoro o jeito que ele surfa, então estou aliviado em ganhar dele. Eu agora já consegui minha vaga no CT 2020 pelo QS, saiu toda a pressão da qualificação, então só penso em surfar melhor daqui pra frente, para finalizar o ano com a melhor colocação possível no ranking do CT”.

A outra única vitória verde-amarela na terceira fase, aconteceu no duelo brasileiro que fechou a participação masculina na segunda-feira. O potiguar Italo Ferreira começou forte, acertando um aéreo “full rotation” de grande amplitude logo em sua primeira onda, que ganhou nota 7,00 dos juízes. O paulista Jessé Mendes também foi para os aéreos, mas sem completar nenhum. Italo pega uma direita e ataca a junção com uma manobra explosiva que vale 6,83. Jessé ainda acerta um aéreo no final que recebe a maior nota, 7,37, mas era tarde e só somou 11,77 pontos, contra 13,83 do potiguar de Baía Formosa.

“Como não tinha muitos tubos, optei pelos aéreos mesmo”, confessou Italo Ferreira, que vai disputar a última vaga para as quartas de final com o taitiano Michel Bourez. “Eu quase caí naquele primeiro, mas consegui completar e depois fiz uma manobra forte numa junção, em duas ondas boas no início da bateria. O Jessé (Mendes) ainda mandou um aéreo irado no final, que foi bem legal. Agora vou enfrentar o Michel (Bourez) e acho que vai ser uma bateria boa, pois estou bem confiante. Quero achar uns tubos e mandar umas manobras expressivas”.

Apesar das três classificações, a segunda-feira não foi um bom dia para o Brasil em Hossegor. Todos os quatro primeiros que competiram, foram eliminados. A série negativa começou com Caio Ibelli perdendo por 8,37 a 6,07 para o francês Jeremy Flores na segunda bateria do dia. Na quarta, o cearense Michael Rodrigues foi melhor do que o paulista e totalizou 13,00 pontos com uma nota 7,83. Só que o australiano Ryan Callinan, vice-campeão do Quiksilver Pro France no ano passado, igualou esse 7,83 em sua última onda para vencer por 14,33 pontos.

Na disputa seguinte, aconteceu a grande zebra da competição masculina até agora. O francês Marc Lacomare começou bem, com um tubo nota 6,83 nas direitas de La Graviere e somou um 6,00 na quarta onda que surfou para liderar com 12,83 pontos. Enquanto isso, o vice-líder do ranking, Filipe Toledo, ia errando as manobras, até achar um bom tubo que arrancou 7,10 dos juízes. Ele ainda precisava de 5,73 para vencer e chegou perto disso na última onda, porém a nota saiu 5,07 e acabou derrotado com 12,17 pontos.

“Eu fiz tudo que foi possível nessa última onda. Estava tudo sob controle, mas infelizmente a onda foi um pouco curta e só deu para dar uma passada no tubo e fazer um aéreo”, lamentou Filipe Toledo. “Eu gostaria muito de ter passado, mas o importante foi que consegui competir bem, sem tantas dores nas costas. O ano está bem divertido e agora já mudo o foco para o próximo evento. Espero estar 110% fisicamente para competir lá em Portugal”.

Com a derrota prematura de Filipe, Gabriel Medina pode aumentar a vantagem na busca pelo tricampeonato mundial e Italo Ferreira ganhou motivação para brigar pela segunda vaga do Brasil para as Olimpíadas de Tokyo 2020 no Japão. Serão dez classificados pelo ranking do CT, limitado a dois de cada país. Italo está em quinto no ranking e não consegue ultrapassar Filipe Toledo nesta etapa da França, mas pode se aproximar bastante, para decidir a vaga nas duas provas que restam para fechar a temporada.

Na segunda-feira, a World Surf League anunciou que os primeiros a já garantirem seus nomes nas Olimpíadas, são o sul-africano Jordy Smith e o japonês Kanoa Igarashi. Entre as mulheres, a gaúcha Tatiana Weston-Webb avançou para as quartas de final do Roxy Pro France e praticamente já confirmou a sua também. Já a cearense Silvana Lima perdeu para a vice-líder do ranking, Lakey Peterson, então ainda segue ameaçada pela neozelandesa Paige Hareb.

No entanto, a missão da sua única oponente pela oitava e última vaga do CT feminino é bem difícil. Paige também foi batida pela australiana Sally Fitzgibbons e terminou em nono lugar no Roxy Pro France, como a cearense. Ela continua em 16.o no ranking, enquanto Silvana subiu do 13.o para o 12.o lugar. Para superar a brasileira, a surfista da Nova Zelândia vai precisar de um resultado que nunca conseguiu na carreira, chegar numa final do CT. Em 75 etapas disputadas desde 2009 até agora na França, Paige só alcançou as semifinais duas vezes, na sua estreia na elite em 2009 na Gold Coast, Austrália, e em casa na Nova Zelândia em 2012.

As oitavas de final femininas fecharam a segunda-feira na França. Na primeira bateria, Silvana Lima não teve qualquer chance contra a vice-líder do ranking, Lakey Peterson. A californiana campeã do Freshwater Pro com um aéreo no Surf Ranch, venceu fácil por 11,16 a 4,07 pontos. A líder, Carissa Moore, também não teve dificuldades para ganhar o duelo havaiano com Coco Ho, por 11,83 a 6,53 pontos.

Com a passagem para as quartas de final, Carissa agora só perde a lycra amarela do Jeep Leaderboard nesta etapa, se Lakey Peterson ou Sally Fitzgibbons, vencerem o Roxy Pro France. Só que a havaiana tem um retrospecto impressionante em Hossegor, pois chegou nas semifinais em todas as dez vezes que disputou a etapa francesa do CT. A próxima a tentar quebrar este tabu de Carissa Moore é Tatiana Weston-Webb, que já foi vice-campeã em Hossegor em seu primeiro ano na elite, 2015, na final contra a australiana Tyler Wright.

A gaúcha surfou bem na segunda-feira e dominou toda a bateria contra a australiana Keely Andrew, desde a nota 5,67 da sua primeira onda. Depois, conseguiu um 6,67 para vencer por 12,34 a 8,50 pontos. A partir daí, o vento acalmou e o mar melhorou sensivelmente para as meninas darem um show nos tubos, nos últimos confrontos do dia. A francesa Johanne Defay atingiu 16,00 pontos contra a costa-ricense Brisa Hennessy, somando notas 9,00 e 7,00.

Mas, o grande espetáculo veio para fechar a segunda-feira com chave de ouro. A norte-americana Courtney Conlogue pegou um tubaço fantástico logo em sua primeira onda para arrancar a primeira nota 10 da etapa francesa do World Surf League Championship Tour esse ano. Ainda surfou outro incrível que valeu 8,93, para totalizar 18,93 pontos de 20 possíveis, contra 11,16 da taitiana Vahine Fierro, a convidada deste evento.

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