Amigas em terra, rivais nas ondas

Amigas, amigas, negócios à parte, já diz o velho ditado. No caso de Maju Freitas e Carol Bonelli a amizade já transcende para um sentimento fraternal, mas as duas jovens revelações do surf brasileiro são rivais diretas na disputa pelo título do Rip Curl Grom Search 2017. A 3ª e decisiva etapa do Circuito será disputada nestes sábado e domingo (11 e 12), na Praia de Maresias, em São Sebastião, exatamente onde as duas atletas moram atualmente, fazendo parte do Instituto Gabriel Medina (IGM).

Maju Freitas / Foto Pedro Monteiro

Maju Freitas / Foto Pedro Monteiro

E é justamente por estarem na mesma equipe, que a amizade se fortaleceu. Maju, que é do Rio de Janeiro, e Carol, de Saquarema, moram juntas, treinam juntas, tanto no mar quanto o físico e mesmo as atividades extras, como inglês e tecnologia, e também vão para a escola juntas. “Só não estamos na mesma sala de aula, mas no recreio já estamos conversando. Somos super amigas, tipo irmãs”, conta Carol, que no ano passado terminou o Rip Curl Grom Search como vice-campeã, com a mesma pontuação no ranking da campeã, Louisie Frumento, que também mora junto com as duas em Maresias. Neste ano, Carol é a vice-líder, apenas dez pontos atrás das primeiras colocadas, Maju Freitas e a carioca radicada na Austrália, Anne dos Santos.

Morando há um mês em Maresias, desde que as atividades do IGM foram iniciadas, Carol e Maju querem usar o fator “casa” e também a torcida local como aliados. Entre elas, só um assunto não é comentado: a disputa direta entre as duas. “Só falamos como será que estarão as ondas, mas sobre nos enfrentarmos não. Deixamos isso de lado”, afirma Maju, que venceu a etapa inicial do Circuito, em Florianópolis, com a maior nota do evento entre todos os atletas e foi terceira em Búzios. “Falamos só que cada uma vai dar o melhor de si. Que ao chegar na areia, vamos comemorar juntas, independente de quem for melhor. A gente sempre fala nenhuma disputa vai interferir na amizade. Na hora da bateria cada uma faz o seu jogo, a sua parte”, complementa Carol, segunda colocada nas duas etapas e, por sua vez, dona da maior nota em Búzios, o único dez.

“Competir em casa é sempre incrível, porque você tem conhecimento da onda, da correnteza, de tudo. Então, estou bem mais segura, principalmente por estar aqui no IGM treinando todos os dias e com toda a galera. Vou me sentir muito mais à vontade”, fala Carol. “Competir em Maresias, nossa casa agora, será muito bom. Treinamos aqui e já conhecemos a onda, o fato das correntezas e estamos aprendendo sobre isso. Espero que dê tudo certo”, complementa Maju.

Carol Bonelli / Foto Pedro Monteiro

Carol Bonelli / Foto Pedro Monteiro

As duas também comemoram a guinada na vida, com a preparação que estão fazendo para a carreira profissional no IGM. Apoiadas pelas famílias, mudaram para Maresias, onde estão concentradas somente no surf. Estudam e no contra-turno ficam no Instituto com treinos práticos de surf, funcional, natação, apneia, teóricos sobre evolução de manobras, inglês, tecnologia, além de acompanhamento médico e odontológico. “O IGM conseguiu superar as minhas expectativas. Representa oportunidade. É um pacote completo, que um atleta precisa. Eles pensaram nos mínimos detalhes que vamos precisar para evoluir. Em um mês melhorei bastante, imagina em um ano?”, argumenta Carol.

“Valeu muito a pena ter mudado tudo. A gente está com uma estrutura muito boa e os treinos estão ajudando bastante a melhorar minha performance. Nesse um mês percebi muita diferença. No fial de semana que não tem, quero fazer (risos)”, destaca Maju, filha do longboarder tricampeão mundial no ISA World Surfing Games em 2000, 2002 e 2004 e vice mundial da ASP, em 99.

Por Fábio Maradei

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