Sobreviventes do câncer

A batida do tambor ‘maori’ deu início às primeiras remadas, em um dia histórico para a canoagem brasileira. Na manhã de segunda-feira (17), 20 mulheres sobreviventes do câncer de mama participaram de um treinamento inédito em ‘Dragon Boat’, uma embarcação milenar de origem chinesa, que será a atração do 1º Festival Ka Ora Brasil Baixada Santista, nos próximos dias 22 e 23, em São Vicente. A preparação, que é um aquecimento para a competição deste domingo (23), foi realizada na saída da rampa do Píer 27, em Guarujá.

its_5258Na canoagem, o segredo é a sincronia das remadas, que foram coordenadas pelo engajado canoísta Fábio Paiva, organizador do evento. Mas as estratégias para vencer nessa prova de celebração à vida, são pessoais, geralmente estampadas com um largo sorriso no rosto de cada participante, carregando suas histórias de superação. Uma delas é da professora Wilma Aparecida Guimarães, de 54 anos. Ela descobriu o câncer de mama em 2010, após uns exames de rotina feitos em decorrência de um líquido que passou a escorrer no bico do seio esquerdo. Sem fazer nenhum procedimento mais avançado a princípio, como rádio e quimioterapia, descobriu uma contaminação novamente no bico esquerdo quatro anos depois. “Meu médico disse que o segredo para a minha cura estaria nas atividades esportivas, então a canoagem vai ser um grande estímulo. Até meus filhos brincam, se perguntam como é possível ficar mais ativa do que já sou”, diz Wilma, aos risos.

As regatas serão realizadas no domingo, a partir das 9 horas, mas na véspera os atletas poderão se adaptar às canoas na parte da manhã. Nesse mesmo período, as representantes do IBCPC promoverão uma palestra explicando a relação do Dragon Boat, técnicas de remadas e, de tarde, todas vão para o mar para um treino. “Os benefícios são para elas, mas o grande beneficiado dessa história sou eu. A gratidão por realizar esse evento é incrível, não tem preço. São muitas histórias de vida, e finalmente descobri no Dragon Boat a motivação para fazer a diferença na vida de grandes mulheres vitoriosas”, acredita Fábio Paiva, organizador do evento.

O Dragon Boat comporta 22 pessoas, sendo 20 remando (dez de cada lado), uma no leme e uma no tambor, uma tradição milenar, responsável pelo ritmo das remadas. Na competição, as equipes de sobreviventes contarão com 16 remadoras. Na Sorteio serão dez (seis homens e quatro mulheres). Em cada categoria, os dois melhores tempos seguem direto para a decisão e o terceiro finalista será definido numa repescagem.

Foto Ivan Storti

Palestra – Junto ao evento competitivo, o 1º Festival Ka Ora Brasil Baixada Santista terá uma importante palestra com o médico Donald McKenzie, PHD, professor no Departamento de Medicina Esportiva da Universidade de British Columbia, que defende o exercício da remada como grande benefício da recuperação da doença. Ele abordará o tema Remar em Dragon Boats é Medicina. O encontro aberto a todos interessados e com entrada gratuita será na sexta-feira (21), às 20 horas no anfiteatro do Sesc Santos, no bairro Aparecida. Os convites devem ser retirados na loja Opium Hightech Line (Av. Bartolomeu de Gusmão, 127).

Por Fábio Maradei

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