Silvana Lima nas quartas e mais quatro brasileiros nas oitavas do Challenger de Portugal

Silvana Lima confirmando o Brasil nas quartas de final em Portugal (Crédito: @WSL / Damien Poullenot)Silvana Lima confirmando o Brasil nas quartas de final em Portugal (Crédito: @WSL / Damien Poullenot)

Em mais um dia de ondas excelentes no point break de direitas de Ribeira D´Ilhas, cinco surfistas do Brasil e um do Peru venceram suas baterias na quinta-feira e seguem na briga do título do MEO Vissla Pro Ericeira em Portugal. João Chianca e o peruano Lucca Mesinas passaram juntos para as oitavas de final, Samuel Pupo segue na busca do bicampeonato em Ericeira e Thiago Camarão e Alejo Muniz também se classificaram. E Silvana Lima avançou para as quartas de final com um novo recorde de pontos no WSL Challenger Series 2021, que depois foi batido por três surfistas. As previsões são de que continue bombando altas ondas na sexta-feira, com as oitavas de final iniciando as 8h00 em Portugal, 4h00 da madrugada no Brasil, ao vivo no WorldSurfLeague.com.

Os homens foram os primeiros a competir na quinta-feira, com João Chianca e Lucca Mesinas fazendo uma dobradinha sul-americana sobre o líder do ranking, Jake Marshall, dos Estados Unidos, no segundo confronto do dia. O peruano vai abrir as oitavas de final enfrentando o havaiano Ezekiel Lau e o brasileiro entra na sequência com o australiano Jordan Lawler. João e Lucca entraram na lista provisória dos 12 surfistas que o Challenger Series classifica para completar a elite do World Surf League Championship Tour 2022.

Mas, a batalha ainda está aberta no MEO Vissla Pro Ericeira e os outros três brasileiros que avançaram, bem como a maioria dos que seguem na briga do título em Portugal, também se aproximaram do G-12. Thiago Camarão já aparece em 14.o lugar nessa relação. Ele terá um grande desafio na terceira oitava de final, o americano Nat Young, que vem se destacando desde o início do evento. Camarão competiu na primeira bateria com participação dupla do Brasil e acabou eliminando Mateus Herdy na disputa vencida por Carlos Munoz. O surfista da Costa Rica conseguiu a primeira nota na casa dos 9 pontos da quinta-feira de altas ondas em Ribeira D´Ilhas.

O defensor do título desta etapa de Ericeira, Samuel Pupo, chegou perto disso na última onda que surfou na sexta bateria, fazendo grandes arcos e manobras explosivas jogando água pra cima. Três dos cinco juízes pontuaram acima de 9,0 e a média ficou em 8,90. Ele já tinha começado bem com nota 7,17 e venceu por 16,07 pontos, com o australiano Jackson Baker passando em segundo com 15,00 e o outro brasileiro da bateria, Ian Gouveia, perdendo com 12,43. O australiano Dylan Moffat será o próximo adversário de Samuel Pupo na busca pelo bicampeonato em Ribeira D´Ilhas.

“Essa minha última onda foi muito boa. Quando vi a série entrando, eu sabia que essa onda ia ser incrível. Fingi que não estava muito interessado, pra ninguém remar nela. O Ian (Gouveia) deu uma olhada, mas acabou não indo, então peguei ela pra passar em primeiro”, disse Samuel Pupo, que ficou analisando o mar com seu pai, Wagner Pupo, de cima do penhasco. “Lá de cima você consegue ver tudo melhor. Dá para ver como as ondas quebram em cada bancada e aquele double up no inside. Já sabia que ali, eu poderia fazer umas manobras boas, pra conseguir uma nota mais alta. Agora vou relaxar e assistir a competição, especialmente as meninas, que estão quebrando”.

Depois da vitória de Samuel Pupo, veio outra no confronto seguinte, com Alejo Muniz. Ele já começou muito bem a bateria numa onda que abriu uma parede limpa para o catarinense manobrar forte e ganhar nota 8,43. Com ela, liderou até o fim, derrotando o australiano Cooper Chapman e o surfista de Barbados, Joshua Burke, por 13,96 pontos. Alejo vai disputar a penúltima vaga para as quartas de final com um australiano que defende vaga no G-12, Callum Robson, um dos destaques da quinta-feira.

Na última bateria masculina do dia, o havaiano Imaikalani Devault deu mais um show nas direitas de Ribeira D´Ilhas. Com um frontside agressivo, atacando os pontos mais críticos das ondas com muita potência e fluidez, ele liquidou seus adversários de forma espetacular, logo nos 10 primeiros minutos. Na primeira que surfou, já recebeu a maior nota do ano no WSL Challenger Series 2021, 9,60. Não demorou e ele achou outra onda excelente, para mandar um layback incrível abrindo um leque enorme de água, emendando com uma batida gigante e uma finalização impressionante na junção. Ele ganhou nota 10 unânime dos cinco juízes e se tornou recordista absoluto do ano com 19,60 pontos de 20 possíveis.

“Essa bateria foi incrível e eu adoro quando as condições estão boas assim, com mais oportunidades para mostrar o meu surfe. Aí nem preciso pensar muito em estratégia”, disse Imaikalani Devault. “Nem sei o motivo, mas as coisas estão fluindo, está dando tudo certo e só quero manter essa consistência. Eu fico analisando as ondas antes de entrar e estou surfando bem. Depois daquele 10, só quis ficar curtindo surfar, nem pensava mais na bateria, apenas em fazer algo maneiro, ou achar umas linhas diferentes”.

O australiano Callum Robson também surfou muito bem para passar junto com o havaiano, somando 15,17 pontos com notas 8,17 e 7,00 em duas ondas seguidas. Os dois chegaram em Portugal dentro do G-12 do WSL Challenger Series e subiram no ranking, com o australiano já aparecendo em quarto lugar na relação dos que se classificam para o CT 2022 e Imaikalani em quinto.

Caio Ibelli completou essa bateria e surfou uma onda também de forma fantástica, que valeu a maior nota do ano entre os brasileiros, 9,20. Mas, só conseguiu isso na última onda e já era tarde, terminando em nono lugar no MEO Vissla Pro Ericeira. Mesmo assim, Caio ganhou 68 posições no ranking, subindo do 143.o para o 75.o lugar.

Na categoria feminina, novos recordes no WSL Challenger Series 2021 também foram estabelecidos nas ótimas ondas da quinta-feira em Ribeira D´Ilhas. A primeira a bater os 17,17 pontos da havaiana Gabriela Ryan foi a brasileira Silvana Lima, na abertura das oitavas de final. A cearense atingiu 17,20 somando notas 9,03 e 8,17 com a potência do seu frontside, combinando grandes arcos com batidas e rasgadas muito fortes.

“Nossa, as ondas estão muito boas lá fora, bem parecidas com Jeffrey’s Bay”, comparou Silvana Lima, com as longas direitas da África do Sul. “Estou muito feliz por ter avançado, surfando essas ondas incríveis. Mesmo assim, está meio difícil porque as ondas estão muito fortes. Eu acabei surfando com uma prancha bem pequena, uma 5’7, mas estou me sentindo muito bem, especialmente porque tem altas ondas e eu amo isso. Obrigado a todos no Brasil que estão torcendo e vamos com tudo para as quartas de final”.

Silvana Lima vai enfrentar Pauline Ado na batalha pela primeira vaga nas semifinais do MEO Vissla Pro Ericeira. A francesa impediu um duelo brasileiro, ao barrar Summer Macedo na segunda oitava de final, por 12,90 a 11,00 pontos. Summer não conseguiu achar ondas tão boas como as que Silvana pegou e terminou em nono lugar em Portugal. Ela marcou 3.500 pontos no WSL Challenger Series e subiu da 61.a para a 37.a posição no ranking.

Na disputa seguinte, as ondas voltaram a bombar e as duas competidoras deram um show numa bateria eletrizante do início ao fim. A norte-americana Alyssa Spencer, que tinha entrado no G-6 que se classifica para o CT 2022 em Portugal, começou na frente com nota 7,83 em sua segunda onda. A japonesa Shino Matsuda errou nas primeiras ondas, mas na quarta que pegou, acertou todas as manobras para ganhar 8,47.

Na seguinte, Shino somou um 7,97, mas Alyssa destruiu uma onda de forma incrível, que valeu 9,43 para assumir a ponta. Só que a japonesa ainda teve uma chance no final e não desperdiçou, arriscando tudo para arrancar 9,67 dos juízes, a maior nota feminina do ano no WSL Challenger Series. As duas acabaram ultrapassando o recorde de Silvana Lima, com Shino Matsuda se classificando com um incrível placar de 18,14 a 17,26 pontos.

“Eu sabia que eu ia precisar de uma nota bem alta, mas senti que uma onda boa ia vir e fiquei amarradona de conseguir aquele 9,67. Eu só queria surfar bem e fico feliz de poder mostrar isso nessa bateria”, disse Shino Matsuda, que respondeu sobre entrar na disputa direta pelas seis vagas para o CT 2022. “Sem dúvidas, eu quero me qualificar para o CT, mas não quero pensar em números agora, só mesmo em me divertir e aproveitar esse momento”.

Com a passagem para as quartas de final, Shino Matsuda, que estava em 34.o no ranking, já aparece em 14.o lugar na relação das que sobem para o CT pelo WSL Challenger Series. Quem entrou no G-6 na quinta-feira foi Bettylou Sakura Johnson, que saltou de 15.o para quinto no ranking com mais uma apresentação fenomenal. Ela surfou três ondas na bateria com a australiana Macy Callaghan, fazendo grandes manobras e achando até um tubo para ganhar notas 9,00, 9,23, 9,43 e registrar um novo recorde de 18,66 pontos.

“Eu consegui me posicionar bem no outside, o que tem sido difícil aqui porque é complicado, mas acertei nessa bateria”, disse Bettylou Sakura Johnson. “Estou bem animada e ansiosa porque o mar vai subir mais amanhã (sexta-feira) e ficará mais parecido com as ondas lá de casa (Havaí). Hoje tentei usar bastante força nas manobras e deu certo. Além disso, consegui achar aquele tubo, então estou amarradona pela minha performance nessa bateria”.

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