Nova tecnologia aos competidores do WSL

A World Surf League anunciou que o Samsung Gear poderá ser utilizado nas etapas do Circuito Mundial a partir de 2016, depois de passar pelos testes finais no Havaí. Sempre buscando novas ferramentas para os competidores, o diretor de informática da WSL, Mano Ziul, brasileiro de Niterói (RJ), criador do sistema de computação das notas dos surfistas nas competições, vinha desenvolvendo um equipamento para que os atletas não ficassem dependendo da locução dos eventos para saber a situação das baterias. A entrada da Samsung como patrocinadora do World Championship Tour aumentou a esperança e neste ano os surfistas poderão usar no pulso o novo Samsung Gear com informações importantes, como o tempo da bateria, a maior nota e a da última surfada por cada um, a pontuação necessária para vencer ou se classificar, além da prioridade de escolha das próximas ondas. “Essa ideia durou dois anos para virar realidade”, conta Mano Ziul. “Os competidores só contavam com o sistema de som para receber as informações da bateria e elas mudam com muita frequência, a cada onda surfada. No entanto, em praias onde a arrebentação é muito longe, como Sunset Beach, no Havaí, por exemplo, ou quando está ventando muito e as ondas estão muito grandes, fica difícil de eles ouvirem a locução e não é raro quando o competidor não tem a mínima noção do que está acontecendo”.

Mano Ziul / Foto Divulgação

Ele explica que pensou em criar algum equipamento para ficar na prancha dos surfistas, mas ela pode quebrar durante a bateria, o que é comum acontecer, aí tudo iria por água abaixo. “Logo que surgiram os primeiros avanços tecnológicos de transmissão e recepção de sinal, começou a ficar mais claro que a solução era um “wearable”, ou seja, algo que focasse no competidor e não na prancha”, continua Mano Ziul. “No começo, resolvemos o problema de bateria (do equipamento), depois o da transmissão e depois o da recepção. Foram vários testes para fazer os protótipos à prova d´água, com qualidade para poder receber o impacto e a pressão das ondas no mar”. O Samsung Gear tem tela de 5,8 cm de altura por 3,7 de largura. Na parte superior, um cronômetro mostra o tempo que resta para o término do confronto. No restante da tela, apresenta as notas de cada competidor em linhas horizontais com as mesmas cores das lycras de competição. Elas são ordenadas de acordo com a classificação da bateria, com o líder na primeira linha abaixo do cronômetro. Existem também três colunas verticais, a da esquerda com a nota mais alta de cada um, a do meio com a nota da última onda e a da direita com quantos pontos precisa para vencer ou se classificar. Além disso, o equipamento informa quem tem a prioridade de surfar a próxima onda e quem está punido com interferência.

O “mago” da informática nos campeonatos de surfe pelo mundo inteiro, destaca que para o funcionamento perfeito do Samsung Gear é necessária uma boa velocidade de transmissão de dados e será utilizado o sistema 3G/G4. “Atualmente, o cronometro oficial e o dos competidores batem no mesmo segundo, ou seja, todos têm que ter a informação ao mesmo tempo para não oferecer vantagem diferenciada. Existe um algoritmo especial que compensa a diferença de recepção e disponibiliza tudo ao mesmo tempo em uma velocidade que não atrasa a transmissão, verificando ainda a integridade dos dados enviados”. As informações transmitidas são basicamente as notas das ondas surfadas pelos competidores, a maior e a última de cada um, o tempo e a prioridade, dados gerenciados e enviados pela equipe Ziulscores, que já é responsável pelo sistema oficial de tabulação dos resultados. Mano Ziul explica melhor o passo a passo: “No sistema Ziulscores, os juízes dão as notas, o cronometrista o tempo oficial e o juiz de prioridade indica a sequência de prioridade de escolha das próximas ondas. O operador do sistema Ziulscores aciona o stream de dados para o servidor e o servidor faz a distribuição dos dados para o App no device do competidor, que também conecta ao servidor para receber as informações transmitidas”.

Os surfistas que já usaram o Samsung Gear em competições, aprovaram a novidade. “A adaptação foi impressionantemente rápida e transparente. Podemos considerar que os testes finais foram na Vans World Cup, em Sunset, Havaí, em novembro passado. Todos os atletas e “caddies” tinham à disposição um device pronto para ser usado, aferido e em funcionamento. E já foi aprovado também para acabar com a grande dificuldade para se escutar as informações da locução em dias de muito vento, chuva e ondas grandes. Além dos próprios surfistas, agora os “caddies” e os treinadores poderão saber as notas e as informações de todos os adversários também, para traçar e ajustar a estratégia dinamicamente durante a bateria”. Além disso, os locutores dos eventos não terão mais a obrigatoriedade de divulgar as notas de cada onda surfada pelos competidores durante o dia todo, ficando mais livres para promover o evento de outras formas, interagindo e passando mais informações para o público na praia. “Acredito que essa será a maior mudança na dinâmica dos eventos de surfe. Sem ter que ficar só passando as informações para os atletas pelo sistema de áudio, os locutores vão ter mais liberdade para animar e promover o evento para o público em geral. E tudo isso sem atrapalhar os competidores e treinadores. Basta ter o Samsung Gear no pulso com tudo das baterias”, encerrou Mano Ziul.

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