Nick Carrol e o julgamento no surf

O australiano Nick Carroll, irmão do antigo campeão mundial Tom Carroll é um reconhecido jornalista de surf que foi editor da Surfing Magazine na década de noventa. Diante de tal polêmica que ocorreu no julgamento do Hurley Pro, de algumas decisões/pontuações. Recorrendo à sua vasta experiência, Nick não perde tempo e apimenta um pouco mais e esclarece: “O julgamento no CT, é orientado por critérios, assistido por repetições em vídeo, apoiado por um painel de vários anos de experiência e no seu núcleo totalmente subjetivo. Está aberto aos caprichos humanos, emoções e opiniões, mudando de evento para evento difíceis de definir formas, sem dar qualquer pré-aviso. No entanto, por absoluta necessidade, é completamente infalível. Sem essa infalibilidade, esse 100% de ausência de erro, todos os fundamentos da operação cairiam.”

No seu texto, o australiano fala ainda da concepção filosófica do julgamento, do paradoxo em que está envolvido, e de como, no final, de nada vale reclamar. Nick vai até mais longe e afirma que, se realmente desejam meter a cabeça no surf, então primeiro há que absorver um fato impressionante, algo que separa este esporte de todos os outros existentes. “Os surfistas podem apresentar um protesto sobre uma decisão/pontuação num heat, mas os limites desse protesto estão descritos no artigo 131 do Livro de Regras da WSL, onde se pode ler que o mesmo tem que ser entregue ao Beach Marshall que por sua vez o entregará ao Chefe de Juízes que ao final do dia falará com o atleta, não mais durante um período máximo de trinta minutos,” revela.

Portanto, quando se perde por mau julgamento, protesta-se e espera-se na praia até ao final do dia. Depois conversa-se mais ou menos durante meia hora – a duração de uma bateria. O resultado final é exatamente o mesmo. Se isto não for suficiente, analise-se ainda isto. “Cada formato, cada condição de surf, cada localização, todos os possíveis painéis de juízes que possamos imaginar. Não há um único resultado, em todos estes anos, que tenha sido alterado ou revisto sob protesto.”

A mensagem de Nick é simples: no final do dia, os atletas têm que passar por cima das adversidades e não devem deixar que os cinco juízes que compõem o painel de julgamento dominem as suas vidas. Apesar de todas as teorias da conspiração que possam existir, sabemos que julgar surf não é fácil e sempre contou com uma boa dose de subjetividade. Na sua maioria os heats têm que ser analisados no seu todo e não apenas numa onda em particular ou em determinada manobra que nos massajeou mais ainda o ego. Nick Carroll termina o seu texto falando de um dos sonhos de que há muito se fala entre os surfistas, o de ter um painel composto por super-surfistas reformados. Ainda assim o australiano tem muitas dúvidas se tal resultaria e termina mesmo por dizer: “Eles poderiam por vir a achar o julgamento algo bem mais difícil do que inicialmente previram.”

Fonte SurfTotal

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