Medina e Italo se cruzam novamente na Austrália

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Gabriel Medina e Italo Ferreira, que lideram o ranking da temporada 2021 da World Surf League. Eles vão fazer outro duelo de campeões mundiais. Os dois já se enfrentaram em 17 baterias no CT e o placar está em 10 a 7 para o potiguar. As cinco últimas foram em fases decisivas, começando nas semifinais em Portugal em 2018 que Italo venceu. Em 2019 foram duas finais, com Medina ganhando a da África do Sul e Italo vencendo a que decidiu o título mundial em Pipeline no Havaí. Na abertura da temporada 2021, novamente em Pipeline, Medina deu o troco nas semifinais, mas voltou a perder outra final no Rip Curl Newcastle Cup.

Nesta etapa que abriu a “perna australiana”, foi decidida a liderança do ranking, que Gabriel tirou do Italo na etapa seguinte, o Rip Curl Narrabeen Classic que ele venceu em Sidney. Desde então, Medina está competindo com a lycra amarela da World Surf League e já garantiu a primeira posição com a classificação para as semifinais do Rip Curl Rottnest Search. Os dois ficaram na mesma chave e vão se enfrentar, porque Italo perdeu sua bateria da primeira fase, mas já derrotou dois brasileiros no sábado em Strickland Bay.

O primeiro foi o também campeão mundial e capitão da seleção brasileira, Adriano de Souza, que está encerrando sua carreira nesta sua 15.a temporada na divisão de elite do esporte. Os dois fizeram uma das melhores baterias do dia, mas os aéreos do potiguar garantiram a vitória por uma pequena diferença de 14,70 a 14,27 pontos. Eles já tinham estreado juntos em Rottnest Island e Mineirinho venceu a bateria mais fraca de ondas da primeira fase, com Italo se classificando em segundo lugar.

“O Adriano sempre foi uma inspiração pra mim e fizemos uma ótima bateria”, disse Italo Ferreira. “Eu estava até nervoso no início. Tentei fazer uns aéreos grandes que não completei, mas depois acertei um bom e fiz umas manobras boas, então fico feliz porque a minha última bateria com ele foi no Taiti e ele ganhou de mim na última onda”.

Depois, Italo teve outro confronto muito difícil com Yago Dora, que fez uma apresentação impressionante nas oitavas de final, contra o australiano Connor O´Leary. Todos esperavam mais um show da Força Aérea Brasileira na ilha Rottnest, mas as ondas já não estavam formando as rampas perfeitas para voar como pela manhã. Então, o combate foi com as manobras de borda mais progressivas e inovadoras. O golpe fatal foi na onda que Italo surfou no último minuto, atacando os pontos críticos com batidas e rasgadas que valeram a maior nota da bateria, 7,17. Com ela, selou a vitória por 13,94 a 11,97 pontos.

“É muito difícil surfar contra o Yago (Dora). Eu tentei mandar uns aéreos grandes e acabei caindo, mas usei minha estratégia para colocar uma pressão nele no final”, disse Italo Ferreira. “Quando o mar fica mais lento, tem que mudar o surfe, fazer umas batidas para ganhar umas notas boas. Mas, quando tem bastante ondas, aí você se solta e tenta uns aéreos maiores. Nós tivemos chances de fazer notas mais altas e, quando tem alguém desse calibre na água, me dá mais motivação. Todos os dias, somos os primeiros a entrar na água pra treinar e é bom ter esse tipo de atleta no circuito, para estender nossos limites”.

Apesar da eliminação em quinto lugar, Yago Dora foi o grande destaque do sábado nas ótimas ondas de Strickland Bay. Ele tinha feito os recordes do dia na bateria com Connor O´Leary, que fechou as oitavas de final. Começou numa esquerda perfeita, fazendo dois longos arcos e atacando a junção com um aéreo rodando muito alto para receber nota 9,10.

Quando o australiano fez sua melhor onda, Yago pega a de trás e voa num aéreo enorme com rotação perfeita e aterrisagem com segurança na base. Os juízes dão 9,57 e o catarinense faz o segundo maior placar do CT 2021, com os 18,67 pontos só ficando abaixo dos 18,77 do Gabriel Medina na final do Rip Curl Narrabeen Classic. Yago quase se torna o recordista absoluto do Rip Curl Rottnest Search, com os 18,67 pontos e o 9,57 chegando bem perto do 9,63 do tubo do taitiano Michel Bourez no primeiro dia.

“Quando você é um grommets, você sonha com uma bateria dessas. Se divertir numa bateria, como se fosse um freesurf, é a melhor sensação”, disse Yago Dora, após a melhor apresentação da sua carreira no CT. “Eu fui na onda sem muitas expectativas e surgiu uma rampa inesperada que rendeu uma nota boa. Na outra onda, fiz o meu surfe de borda que tenho trabalhado muito. Antes só focava nos aéreos e agora me concentro também em manter a prancha na água, mas mando um aéreo sempre quando dá”.

O Brasil comandou o show de surfe nas melhores ondas do Rip Curl Rottnest Search, desde o início até o fim do dia. Começou com Miguel Pupo mostrando suas armas contra Michel Bourez. O taitiano ainda é o recordista de nota, com o 9,63 do primeiro dia, mas dessa vez quem surfou os tubos de Strickland Bay foi o brasileiro. Pupo já iniciou voando num giro completo no ar para receber 7,50 dos juízes. Depois, some num tubaço e sai limpo com nota 7,27 e ainda surfa outro tubo incrível, mas não fica tão profundo. Mesmo assim, a vitória é confirmada por 14,77 a 13,07 pontos.

“Fiz um aéreo e depois peguei um tubo, então acabou sendo um pouco de tudo (risos)”, disse Miguel Pupo, muito feliz pelo seu desempenho. “A onda do tubo eu sabia que ia ser uma das maiores da série e tentei ficar mais profundo possível. Foi uma bateria divertida pra mim, mas infelizmente foi contra meu bom amigo, Michel (Bourez). Adoro ele, mas tive quer fazer o meu melhor. Como está rolando boas esquerdas, eu sabia que ia ter boas oportunidades pra mim e estou feliz, mas sinto que ainda tem muita coisa para conquistar”.

Entre as oitavas de final e as quartas de final masculinas, foram definidas as semifinalistas da categoria feminina. As favoritas venceram suas baterias. Sally Fitzgibbons surfou um belo tubo para vencer fácil a havaiana Malia Manuel, por 15,10 a 9,47 pontos. Com a classificação, Sally entrou no grupo das top-5 do ranking, tirando a californiana Caroline Marks. Ela vai fazer um duelo australiano com Tyler Wright, valendo a primeira vaga na grande final do Rip Curl Rottnest Search.

A outra será disputada pela havaiana Carissa Moore e a francesa Johanne Defay. Carissa deu mais um show nas ondas de Strickland Bay. Ela igualou a nota 9,50 que ganhou na primeira fase e aumentou seu recorde de pontos de 16,16 para 16,53, contra a novata na elite deste ano, Isabella Nichols, que venceu pela terceira vez na perna australiana. Já Johanne Defay derrotou a surpresa dessa etapa, a japonesa Amuro Tsuzuki, por 13,60 a 9,80 pontos.
A próxima chamada para as semifinais do Rip Curl Rottnest Search apresentado pela Corona já foi marcada para as 7h15 da terça-feira na Austrália, 20h15 da segunda-feira no Brasil. O prazo desta quinta etapa do World Surf League Championship 2021, ainda vai até quarta-feira na paradisíaca ilha Rottnest, na região da Austrália Ocidental.

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