Marco Aurélio Jeff toma conta do Corinthians

Foto Allison de CarvalhoFoto Allison de Carvalho

Bruto, doce, autêntico. Marco Aurélio Jeff ocupa os espaços sem cerimônias. Não precisa ser seu amigo para entender o que representa esse skatista de São Bernardo do Campo para a história do skate brasileiro. Isso fica evidente no imperdível filme dirigido por Claudio Versollato Alves Pereira, exibido na última segunda-feira, 16, no Teatro Corinthians, na Zona Leste de São Paulo, para uma plateia de convidados e imprensa.

Com o sugestivo título “Ninguém andou mais do que eu” e em formato de documentário, a obra envolve do começo ao fim, num clima descontraído, que é a cara do skate. Retrata também um começo difícil e uma vida de lutas pontuadas de situações hilárias que refletem a vida de Jeff Cocon.

Dos primeiros rolês com skates emprestados aos voos mais altos, como os de 20 metros da Mega Ramp, em 2011, em São Paulo. Sua trajetória é recheada de uma vontade intensa de conquistar espaço e respeito no cenário competitivo do skate, seja por questões de imagem ou classificação em campeonatos.

As descrições do personagem e de eventos históricos vividos por ele, nos depoimentos de amigos e patrocinadores, refletem as características que marcaram a trajetória do Marco Aurélio do início na pista pública de São Bernardo, aos dias de hoje.

A origem de seus apelidos até se tornar Jeff Cocon, sua fama de “fominha”, suas manobras características, suas tentativas tresloucadas de McTwists fazem parte das falas de Carlos Limpa Trilho, Ticó, Jorge Kuge, Sandro Dias, Christian Hosoi, Jorge Zunga, Xande, Glauco, Carlos Pretto, Rogerio Lalau, Cacio Narina e tantos outros que se divertem com cada fase vivida intensamente pelo amigo.

A obra de Claudio Versollato tem o mérito de evidenciar importantes aspectos da cultura do skate, como até mesmo a construção da primeira pista pública do estado de São Paulo, em São Bernardo do Campo, incluindo depoimento do prefeito da época, Tito Costa, que ouviu o skatista de 17 anos, Jorge Kuge, e construiu o Polídromo do Paço Municipal.

O skatepark é considerado até hoje um monumento ao esporte e foi ali que o Jeff cresceu, até ser considerado o “zelador” da área e escolhido para virar uma tela por um artista que participou do projeto de Flavio Damião “Piuí” sobre os primeiros 30 anos do espaço.

Mesmo sendo uma obra praticamente “feita à mão”, caseira, a edição tem um ritmo dinâmico e não cansa, com ilustrações em desenho, uma trilha sonora pesada com destaque para o punk rock de Os Grinders, banda que se criou na região e que retrata um destes aspectos divertidos do Jeff Cocon, sua fome de andar de skate maior do que qualquer um na plataforma. “Se você quer tesourar, vai pra casa animal!” Esta é uma das partes mais gostosas do filme.

Marco Aurélio se revela também como um exímio churrasqueiro, entre outras habilidades fora do carrinho, as quais são extensões das sessões de skate. O Bar do Deco, é o laboratório para o Jeff começar um negócio com as carnes, graças às dicas do Kuge. Este bar guarda algumas das melhores lembranças do profissional do skate, como seu pro model de shape, que mais tarde inspirou o lançamento de rodas com o seu nome, pela marca do amigo Pantcho.

Do ambiente hostil das brigas de gangues dos anos 80, com passagem pelo retorno ao crescimento do mercado nos anos 90, depois pelos eventos Old School que entraram no circuito desde os anos 2000, Jeff marcou presença no esporte sempre mostrando disposição para superar as adversidades com as ferramentas que tem.

Se não tem cão, ele “caça com gato”é uma maneira de marcar presença em muitos estados do país e juntando apoio sobre apoio, chegando a representar 30 apoiadores em algumas situações.

A estreia do “Ninguém andou mais do que eu” no Teatro Corinthians marcou também a comunicação do Clube de seu Departamento de Esportes Radicais, com a inauguração em breve de uma pista no Parque São Jorge. Com presença da vice presidente Edna Murad e também do pessoal do Departamento de Cultura.

Um grande abraço !!

Foto Allison de Carvalho

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