Italo, Filipe e Tatiana nas semifinais em Peniche

Tatiana, Filipe e Italo nas semifinais em Peniche (Crédito: © WSL / Damien Poullenot)
Tatiana, Filipe e Italo nas semifinais em Peniche (Crédito: © WSL / Damien Poullenot)

Foi um domingo de tubos, aéreos e show de surfe em Supertubos, onde foi definido as semifinais do MEO Pro Portugal. A seleção brasileira briga pelos dois títulos, com Tatiana Weston-Webb enfrentando a pentacampeã mundial Carissa Moore e Italo Ferreira e Filipe Toledo reeditando a decisão de 2015 em Peniche, na disputa pela primeira vaga na final deste ano. Filipe ganhou aquele título, mas Italo é o atual bicampeão da etapa portuguesa.

O dia começou com tubos incríveis nas esquerdas e direitas, depois o mar começou a formar rampas para os aéreos, intercalando com ondas de alta performance para usar a borda em todo tipo de manobras. Era ação o tempo todo, pois foi utilizado o sistema “overlapping heats” na terceira fase e nas oitavas de final masculinas, com duas baterias sendo disputadas simultaneamente.

Foram realizados os sete confrontos restantes da terceira fase e três surfistas da América do Sul foram eliminados por três norte-americanos, na disputa pelas últimas vagas nas oitavas de final. O peruano Lucca Mesinas perdeu por 15,77 a 9,83 pontos para Kolohe Andino, Jadson André foi derrotado por 14,33 a 8,77 por Griffin Colapinto e Kelly Slater ganhou por 14,57 a 13,37 o duelo dos top-5 do ranking com Caio Ibelli. Com a vitória, Slater saltou para a vice-liderança e o brasileiro caiu da quarta para a quinta posição que ele ocupava.

Italo Ferreira voando nas ondas de Supertubos (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Italo Ferreira voando nas ondas de Supertubos (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Com o formato “overlapping heats” em funcionamento, os dois chegaram a dividir o mar com Italo Ferreira e Miguel Pupo, que se enfrentaram na primeira bateria das oitavas de final. O campeão olímpico estava elétrico como sempre, foi em várias ondas, pegou tubos, arriscou os aéreos e seguiu na busca pelo tricampeonato consecutivo no CT de Portugal. Miguel até reagiu nas últimas ondas que surfou, mas Italo venceu o duelo brasileiro por 14,17 a 12,84 pontos.

O sul-africano Jordy Smith surfou tubos incríveis na segunda oitava de final e o melhor valeu a maior nota até ali, 9,17. No confronto seguinte, Filipe Toledo também deu seu show para a torcida que lotou Supertubos no domingo, mandando um aéreo depois de sair do tubo, para ganhar nota 8,00. Logo ele voou de novo para receber 7,33 e não dar qualquer chance para o norte-americano Jake Marshall.

Os brasileiros também dominaram seus adversários nas quartas de final. Italo Ferreira voltou a derrotar Jordy Smith, como quando conquistou o bicampeonato no CT de Portugal em Supertubos. Não com uma nota 10 como naquela final de 2019, mas surfando um bom tubo seguido por duas manobras na onda que valeu 7,67. Depois, conseguiu um 7,00 para despachar o sul-africano por 14,67 a 11,33 pontos. É a terceira vez seguida que o potiguar chega nas semifinais em Supertubos, vencendo 79,3% ou 23 das 29 baterias que disputou.

“Foi uma bateria boa, mas bem diferente em comparação com a de hoje de manhã. Não tinha tantos tubos e foi um surfe mais de manobras por causa da maré cheia”, analisou Italo Ferreira. “É muito louco aqui, porque as condições do mar mudam bastante ao longo do dia. Mas, é sempre bom surfar contra o Jordy (Smith). Ele é um ótimo surfista que me inspira e é muito legal ver toda a torcida na praia dando apoio pra gente. Isso é muito especial e eu amo Portugal”.

Filipe Toledo surfando tubo com aéreo na finalização (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Filipe Toledo surfando tubo com aéreo na finalização (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Na bateria seguinte, Filipe Toledo não deu qualquer chance para o californiano Conner Coffin e confirmou a semifinal brasileira com Italo Ferreira, por uma larga vantagem de 14,00 a apenas 5,00 pontos. Foi a garantia da volta do Brasil ao pódio do World Surf League Championship Tour, já que nas duas etapas do Havaí não teve ninguém decidindo títulos. Apesar de que Caio Ibelli fez bonito substituindo o tricampeão mundial Gabriel Medina, chegando nas semifinais em Sunset Beach e em Pipeline, onde dividiu o terceiro lugar com Miguel Pupo.

“O mar estava melhor mais cedo e as condições ficaram mais complicadas agora nessa bateria (com o Conner Coffin). Tem ondas ainda, mas o vento está bem forte e ficou mais difícil de surfar”, disse Filipe Toledo. “Inicialmente, eu optei pelas direitas, indo a favor do vento pra jogar mais água nas manobras. Mas, as ondas estavam meio gordas. Aí mudei de estratégia e comecei a surfar as esquerdas, que estavam mais em pé. Deu tudo certo e estou bem feliz em estar nas semifinais de novo”.

Filipe também falou sobre o próximo confronto com Italo Ferreira: “Vai ser irado. Ele tá voando, surfando muito, mas estou pronto para o confronto”. Eles vão reeditar a final de 2015, que foi a primeira do campeão olímpico no CT e a terceira etapa que o atual vice-campeão mundial venceu naquela temporada. Os dois já se enfrentaram 11 vezes em baterias do CT e Filipe desempatou o placar para 6 a 5, no confronto que definiu o adversário do tricampeão mundial Gabriel Medina, para a decisão do Rip Curl WSL Finals 2021 em Trestles.

Filipe não chegava nas semifinais em Supertubos desde a sua vitória em 2015, com uma nota 10 no verdadeiro espetáculo de aéreos na final com o Italo. Se ele conseguir repetir o feito contra o atual bicampeão da etapa portuguesa do CT e se classificar para a decisão do MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl, sobe para o quarto lugar no ranking e tira Caio Ibelli do G-5. Já Italo, só consegue isso se conquistar o tricampeonato em Peniche.

A primeira semifinal é brasileira e a outra será norte-americana, entre o havaiano bicampeão mundial, John John Florence, e o californiano Griffin Colapinto. John John já ganhou esta etapa em 2016, impedindo uma hegemonia brasileira em Supertubos, pois Filipe Toledo tinha vencido em 2015, depois deu Gabriel Medina em 2017 e Italo Ferreira foi bicampeão em 2018 e 2019. Mas, a primeira vitória verde-amarela aconteceu em 2011, com Adriano de Souza ganhando uma final épica com Kelly Slater.

Tatiana Weston-Webb fazendo recordes a cada apresentação em Supertubos (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Tatiana Weston-Webb fazendo recordes a cada apresentação em Supertubos (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Esta decisão Brasil x Estados Unidos só será repetida agora no MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl. John John vem se destacando nos tubos de Supertubos desde o primeiro dia. Ele estreou fazendo os recordes do campeonato, nota 9,07 e 17,57 pontos. No domingo, ele surfou outro tubaço que valeu 9,13, mas Jordy Smith fez um que recebeu 9,17. Só que todos os recordes foram batidos por Griffin Colapinto, na bateria que fechou o domingo.

Ele conseguiu a primeira nota máxima do CT 2022, em um aéreo full rotation fantástico de backside, muito alto e com grande amplitude. A nota 10 unânime dos cinco juízes, saiu no duelo norte-americano com Kolohe Andino pelas quartas de final e superou a nota 9,87 do tubaço do brasileiro João Chianca em Pipeline, que era o recorde do ano. Griffin também fez o maior placar do MEO Pro Portugal, 17,83 pontos, mas esse recorde do CT 2022 permanece sendo os 18,77 pontos de Kelly Slater na grande final do Billabong Pro Pipeline no Havaí.

Na categoria feminina, a decisão do último título mundial será reeditada nas semifinais em Supertubos, com a vice-campeã Tatiana Weston-Webb enfrentando a pentacampeã Carissa Moore na disputa pela segunda vaga na final do MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl. A brasileira perdeu a melhor de três baterias do Rip Curl WSL Finals de 2021 para a havaiana em Trestles e as duas também chegaram nas semifinais da última etapa em Peniche em 2019.

Tatiana Weston-Webb fazendo recordes a cada apresentação em Supertubos (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Tatiana Weston-Webb (Crédito: ©WSL / Damien Poullenot)

Ambas terminaram em terceiro lugar, com Carissa perdendo para Lakey Peterson e Tatiana para a campeã do evento, Caroline Marks. As duas vem sendo as melhores surfistas nas ondas de Supertubos esse ano. Tatiana tinha feito os recordes femininos nas oitavas de final disputadas no sábado, nota 7,83 e 14,83 pontos. No domingo, Carissa aumentou essas marcas para 8,50 e 16,17, mas a brasileira voltou a ganhar a maior nota, 8,83, numa esquerda destruída por um batidão vertical, uma rasgada e uma finalização explosiva na junção. Essa onda garantiu a vitória sobre a australiana India Robinson na última quarta de final.

“Fiquei bem feliz com minha performance. É muito bom quando você começa uma bateria com nota 8. Quando vi aquela sessão na junção, eu sabia que tinha que ir com tudo e, graças a Deus, consegui sair da espuma”, contou Tatiana Weston-Webb. “Parabéns também para a India (Robinson), que vem surfando muito bem. É impressionante ver o desempenho de todas essas novatas no CT deste ano. É evidente que o talento delas aumentou o nível do Tour e a gente tem que continuar evoluindo, surfando bem, para encarar essa nova geração”.

No Havaí, as estreantes na elite se destacaram com grandes performances e muita atitude nas ondas épicas de Pipeline e de Sunset Beach. Mas, em Portugal as surfistas mais experientes retomaram o protagonismo em Supertubos. A própria Tatiana vingou a derrota sofrida para a novata Luana Silva e também passou por India Robinson, saltando da 14.a para a oitava posição no ranking no momento. Carissa Moore pode assumir a liderança se chegar na final e a outra semifinal será entre a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore e Lakey Peterson.

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