Italo Ferreira vence e começa a defender o título mundial e do Billabong Pipe Masters

Ítalo Ferreira em Pipe / Foto WSLÍtalo Ferreira em Pipe / Foto WSL

A histórica 50ª edição do Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons apresentado pela Hydro Flask abriu a temporada 2021 do World Surf League Championship Tour na quarta-feira na ilha de Oahu. O potiguar Italo Ferreira começou a defender o título mundial e da etapa havaiana com vitória, mas o melhor tubo do dia foi surfado pelo paulista Caio Ibelli. Outros seis brasileiros ficaram entre os dois primeiros colocados em suas baterias e passaram direto para a terceira fase. Três e o peruano Miguel Tudela ficaram em último nas deles, mas terão outra chance de avançar na segunda fase. A primeira chamada da quinta-feira será as 7h00 no Havaí, 14h00 no Brasil.

As ondas não estavam tão grandes e tubulares como na triagem da terça-feira, para a estreia dos melhores surfistas do mundo. Mas, com condições para realizar a primeira fase, que não é eliminatória. Italo Ferreira entrou na sexta bateria do dia e começou arriscando os aéreos nas direitas do Backdoor. O sul-africano Matthew McGillivray já pegou um tubo na primeira onda para largar na frente com 6,83. O outro adversário era Miguel Tudela, primeiro surfista do Peru a disputar uma etapa do WSL Championship Tour, mas entre os homens, pois a peruana Sofia Mulanovich já foi até campeã mundial em 2004.

Miguel conquistou este feito inédito no Pipe Invitational na terça-feira, surfando um tubo incrível que ganhou nota 9,60, a maior do dia. Só que as condições estavam bem diferentes na quarta-feira e ficou em último. O campeão mundial achou as ondas nos minutos finais para vencer. Primeiro, acertou o aéreo e emendou mais duas manobras em outra direita no Backdoor, para receber 5,50. Depois, conseguiu um tubo nas esquerdas de Pipeline, confirmando o primeiro lugar por 10,53 a 10,16 pontos do sul-africano.

“As ondas estão bem diferentes de ontem (terça-feira), então optei em fazer manobras, aéreos, mas até surfei um tubo no final. Não é aquele Pipeline que a gente gostaria, mas estou pronto e preparado para competir”, disse Italo Ferreira, que comentou sobre a volta do Circuito Mundial. “Foi um ano muito louco para todos. Eu aproveitei para ficar mais tempo com a família e amigos, mas tenho surfado bastante. Ninguém sabe o que pode acontecer amanhã, então precisamos viver os nossos sonhos e curtir cada segundo”.

O mar estava realmente bem diferente da última bateria do WSL Championship Tour que Italo tinha disputado, a que decidiu o título mundial de 2019 na final brasileira com Gabriel Medina um ano atrás em Pipeline. A temporada 2020 acabou cancelada pela pandemia do Covid-19. Italo entrou no mar logo após a estreia dos outros dois brasileiros que conquistaram o título mundial e do Billabong Pipe Masters, Gabriel Medina e Adriano de Souza, que já anunciou ser esta a última temporada da sua carreira.

A última vez que eles haviam se enfrentado em uma bateria no Havaí, foi na primeira decisão verde-amarela no maior palco do esporte em 2015, quando Adriano festejou o segundo título mundial consecutivo do Brasil. Medina conquistou o primeiro em 2014 e chegou na final com Mineirinho como primeiro campeão da Tríplice Coroa Havaiana, mesmo perdendo o título do Billabong Pipe Masters. Desta vez, a bateria foi bem fraca de ondas e o vencedor da triagem na terça-feira, o havaiano Joshua Moniz, terminou em primeiro com apenas 9,10 pontos.

Medina usou as manobras na primeira onda que surfou no início, que acabou sendo decisiva para superar Adriano por uma pequena diferença de 5,60 a 5,57 pontos, nas duas notas computadas. A disputa pela segunda vaga direta para a terceira fase foi definida nos últimos minutos, mas Mineirinho tem outra chance na repescagem, contra os australianos Wade Carmichael e Mikey Wright. Só não pode ficar em último de novo, pois esta é a primeira rodada eliminatória e os terceiros colocados terminam em 33.o lugar no evento.
Apesar das condições difíceis do mar na quarta-feira, oito dos onze brasileiros passaram direto para a terceira fase. Quatro estrearam com vitórias na temporada 2021, o defensor do título, Italo Ferreira, os paulistas Filipe Toledo e Caio Ibelli e o catarinense Yago Dora. Os que se classificaram em segundo lugar nas suas baterias, foram o bicampeão mundial Gabriel Medina, os também paulistas Deivid Silva e Miguel Pupo e o potiguar Jadson André.

PRIMEIRA VITÓRIA – O primeiro a sair do mar em primeiro na bateria foi Yago Dora, último dos top-34 a chegar no Havaí. O catarinense acabou testando positivo para Covid-19 e teve que seguir o protocolo da World Surf League, ficando em quarentena. Para piorar, sua bateria aconteceu com o vento maral já afetando a formação das ondas. Mas, Yago encontrou uma onda para fazer algumas manobras e igualar o número de vitórias em baterias nas etapas do CT com seus adversários. Agora, está empatado em 4 a 4 com o californiano Kolohe Andino e em 1 a 1 com o italiano Leonardo Fioravanti.

“Foi difícil, mas temos que estar preparados para qualquer condição (do mar). Faz parte do nosso trabalho”, disse Yago Dora. “Eu esperava por tubos hoje (quarta-feira), mas tive que executar manobras. Você precisa sempre manter a cabeça aberta para fazer o necessário. Eu nunca treinei tanto, nunca surfei por tanto tempo e me sinto muito bem para o início desse ano. Só que as condições pioraram muito. Hoje de manhã tinha umas ondas boas, mas, na primeira bateria do campeonato, o vento virou pra maral e ficou bem difícil”.

Após essa bateria, a comissão técnica da WSL decidiu paralisar a competição, que retornou 1 hora depois, quando o vento virou novamente para terral, que é o melhor em Pipeline. Só que as condições continuaram difíceis, com poucas ondas boas entrando nas baterias. A vitória de Yago Dora foi por 6,90 pontos e Filipe Toledo ganhou por 7,63 a primeira bateria depois do retorno, contra 7,50 do português Frederico Morais e 6,90 do australiano Mikey Wright.

Na disputa seguinte, o sul-africano Jordy Smith até encontrou alguns tubos no Backdoor para vencer por 12,00 pontos, mas Jadson André passou em segundo nessa com apenas 4,67. Aí começou a estreia dos campeões mundiais, com Gabriel Medina superando Adriano de Souza por 5,60 a 5,57 e Italo Ferreira ganhando a dele por 10,53 pontos. Tudo isso somando as duas notas computadas nos resultados das baterias, mostrando toda a dificuldade do mar.

Depois, as condições até melhoraram, com mais dois campeões mundiais surfando bons tubos para vencer, John John Florence e Kelly Slater. Mas, o melhor tubo do dia foi surfado por um brasileiro, Caio Ibelli, que entrou numa direita do Backdoor com um drop atrasado, se entocou lá dentro e saiu limpo para receber nota 8,33, a maior da quarta-feira. Com ela, derrotou um Pipe Master, Jeremy Flores, e Ethan Ewing, que ficou em último.

“Estou muito feliz em estar aqui. Em março, minha meta era estar vivo em dezembro e agora estou aqui no Havaí, fazendo o que eu mais gosto”, disse Caio Ibelli. “Me sinto abençoado por estar viajando e surfando as melhores ondas do mundo. Sou muito grato por isso e sinto que estou diferente, como pessoa e competidor. Durante a pandemia, eu não perdi tempo. Fiquei treinando, surfando bastante e me preparando. Estou pronto para derrubar os tops agora”.

Após a grande apresentação de Caio ibelli, entraram dois brasileiros que estão retornando a divisão principal da World Surf League nessa temporada. Miguel Pupo passou em segundo lugar na sua bateria, enquanto Alex Ribeiro ficou em último na dele e será o primeiro brasileiro a disputar a repescagem. O peruano Miguel Tudela está na primeira bateria, Alex entra na segunda, depois tem o campeão mundial Adriano de Souza na terceira e o paranaense Peterson Crisanto fechando esta segunda fase.

O Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons apresentado pela Hydro Flask está sendo transmitido ao vivo pelo WorldSurfLeague.com, no aplicativo grátis da WSL e na TV pelo canal ESPN. O prazo da etapa de abertura do World Surf League Championship Tour 2021 vai até o dia 20 e a primeira chamada da quinta-feira será às 7h00 no Havaí, 14h00 no fuso de Brasília.

MAUI PRO APRESENTADO PELA ROXY – A World Surf League, depois de se reunir com autoridades locais da ilha de Maui e com as surfistas, decidiu não realizar mais as baterias finais do Maui Pro apresentado pela Roxy nas ondas de Honolua Bay. A etapa que abre a disputa pelo título mundial feminino de 2021 será finalizada em outra praia do Havaí.

A brasileira Tatiana Weston-Webb está na bateria que vai abrir o último dia, com a californiana Sage Erickson. Elas vão disputar a vaga para enfrentar a tetracampeã mundial Carissa Moore na segunda semifinal. A primeira será entre as australianas Tyler Wright e Sally Fitzgibbons.

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