O norte-americano Kanoa Igarashi, 19 anos, é o campeão do histórico do Hang Loose Pro Contest 30 Anos na Praia da Joaquina, em Florianópolis. Ele surfou as melhores ondas que entraram na decisão Brasil x Estados Unidos para derrotar o potiguar Jadson André, 26 anos, por 15,84 a 13,37 pontos e faturar o prêmio máximo de 25.000 dólares. Uma multidão lotou a Praia da Joaquina novamente no último domingo (6/11), relembrando aquele campeonato inesquecível de 1986 que trouxe o Circuito Mundial de volta para o Brasil. A vitória no QS 6000 de Santa Catarina garantiu a permanência de Kanoa Igarashi na elite da World Surf League para o ano que vem e a liderança isolada no ranking do WSL Qualifying Series.
“É uma sensação incrível ganhar de novo aqui no Brasil e foi muito parecido com o ano passado, quando eu precisava de um bom resultado para me classificar para o CT”, disse Kanoa Igarashi, que ocupava um perigoso oitavo lugar na lista dos dez indicados pelo WSL Qualifying Series para a elite dos top-34 do CT. “Agora eu posso ir para o Havaí sem pressão por resultados lá. Eu gosto muito das ondas daqui, das pessoas, da comida e eu falo português, então isso ajuda também. Eu e o Griffin (Colapinto) somos bem amigos, ficamos no mesmo quarto aqui e ele me carregou nos ombros pela praia. Foi muito legal e eu faria a mesma coisa se ele tivesse vencido o campeonato”.
Esta foi a segunda vez que Kanoa Igarashi confirma sua vaga no CT no Brasil. No ano passado, ele entrou na elite dos top-34 da World Surf League com a vitória conquistada no QS 6000 da Bahia, em Itacaré. Agora, garante sua permanência com outro título em águas verde-amarelas, dessa vez no campeonato mais emblemático da história do surfe brasileiro. O americano foi um dos destaques nas ondas da Praia da Joaquina em todos os dias que competiu, sempre conseguindo notas altas para liquidar seus adversários em Florianópolis.
O potiguar Jadson André também faz parte da elite deste ano e, como Kanoa Igarashi, não está conseguindo garantir sua permanência entre os 22 primeiros no ranking do CT que são mantidos na elite. Com os 4.500 pontos do vice-campeonato no Hang Loose Pro Contest 30 Anos, Jadson saltou da 58ª para a 22ª colocação no WSL Qualifying Series, aumentando bastante as chances de confirmar sua vaga nas duas etapas do QS 10000 que vão fechar a temporada no Havaí. Até porque ele ainda não completou os cinco resultados que são computados, enquanto todos que estão à sua frente estarão trocando pontos na Tríplice Coroa Havaiana.
“Foi fenomenal fazer uma final aqui no Brasil e é sempre uma sensação muito boa poder surfar em frente da melhor torcida do mundo. “, disse Jadson André. “Claro que eu gostaria de ter vencido o campeonato, mas não posso reclamar, o segundo lugar ainda é um bom resultado e parabéns para o Kanoa (Igarashi), que surfou muito durante toda a semana. Eu estava bem fraco no início, meio doente e ainda bem que teve um ‘day off’ (quinta-feira) pra me recuperar. Depois fui melhorando a cada dia e minhas notas refletiram isso. Eu quero manter minha vaga no CT em Pipeline e nem estava prestando atenção no ranking do QS, mas é bom saber que eu subi e posso me garantir pelo QS também, porque você nunca sabe o que vai acontecer”.
O Hang Loose Pro Contest 30 Anos foi realmente um campeonato especial. Durante toda a semana, muita gente que esteve nas areias da Joaca em 1986, veio a praia dessa vez trazendo os filhos para ver o show de surfe que eles assistiram 30 anos atrás. Vários que fizeram aquele campeonato histórico também trabalharam no evento esse ano, como o organizador principal de 1986, Flavio Boabaid, que atuou como diretor de prova. Outros também, como Xandi Fontes e Roberto Perdigão da WSL South America, juiz e organizador na época, além do australiano Al Hunt, Tour Manager da World Surf League desde então, bem como, é claro, o patrocinador, Álfio Lagnado, da Hang Loose.
“Muito legal, eu aqui vendo o palanque azul, da mesma cor e o mesmo logotipo daquela edição, as pedras cheias de gente, todo mundo amarradão”, disse Alfio Lagnado. “É um sentimento muito parecido com o de 30 anos atrás. Estou muito feliz presenciando tudo isso, valeu muito a pena, muito mais até do que eu imaginava. Naquela época (1986), era um sonho fazer um campeonato da ASP (hoje World Surf League), ter os campeões mundiais aqui em areias do Brasil e o campeonato foi um dos pilares para o sucesso da Hang Loose. A gente sempre acreditou e investiu no surfe, a marca já tem mais de 35 anos, continua bombando e o maior segredo é acreditar e investir no surfe”.
Fotos Smorigo
Por João Carvalho