FPS realiza seu III congresso com foco no desenvolvimento do esporte skate

A Federação Paulista de Skate apresentou no último sábado (10) o III Congresso Técnico Paulista de Skate FPS. O evento, transmitido on-line por causa da pandemia, recebeu atletas, gestores e representantes de entidades para discutirem o desenvolvimento da modalidade e sua profissionalização no estado de São Paulo e em todo o Brasil.

Dividida em três temas centrais, a programação abordou o Skate como Esporte, o Skate Business e a Cultura Skateboard, apresentados em sete diferentes painéis ao longo de todo o dia. Além disso, uma das novidades da FPS para o congresso deste ano foi a introdução de uma área para apresentação de trabalhos acadêmicos ligados ao esporte.

Apresentado pelo presidente da ONG Skate Solidário, Marcelo Carlos Soares de Azevedo, mais conhecido como Marcelo Índio, o primeiro tema do dia trouxe uma abordagem sobre como montar uma ONG e o passo a passo para elaborar um projeto social. Marcelo Índio ainda apresentou números que nortearam os 15 anos de existência da organização que comanda, como os mais de 72 mil alunos atendidos e outros 300 mil jovens impactados indiretamente no período.

Já o segundo painel do dia teve a participação de dois convidados: o skatista profissional e fundador do coletivo audiovisual Flanantes, Murilo Romão, e o arquiteto responsável pelo projeto do Memorial do Skate no Vale do Anhangabaú, Rafael Murolo. Eles apresentaram uma perspectiva sobre a apropriação de espaços públicos para a prática da modalidade, trazendo novos usos para ambientes abandonados ou malconservados.

Segundo eles, a ocupação urbana nada mais é do que legitimar a utilização de espaços degradados ou pouco utilizados, trazendo diversão e diminuindo a violência no local. “É uma ressignificação espacial, intelectual, social e emocional”, afirma Murolo, que acredita que o skate mostra outras possibilidades de se reinventar a rua, dando novas utilidades a espaços e objetos.

No último bloco o assunto foi a inserção da mulher no esporte. Para dar voz a outras meninas, participaram do debate a ex-presidente da Associação Brasileira de Skate Feminino, Tatiane Marques, e a CEO da Into The Mirror, Emile Souza, que também é representante do grupo Britney´s Crew.

Na visão delas, se antes o skate era considerado um esporte masculino, aos poucos essa visão arcaica vem caindo e muitas meninas passaram a praticar a modalidade. Prova disso são os dados de pesquisas da Confederação Brasileira de Skate que mostram um crescimento na participação das mulheres de 10% em 2009 para 19% em 2015, totalizando 1,6 milhão de praticantes em todo o País.

Apesar disso, elas acreditam que ainda há muito a ser melhorado no Brasil, principalmente no que diz respeito à estrutura esportiva. “Se você quer se profissionalizar terá de ir para o exterior, pois aqui não tem competições nesse nível e nem espaço para evoluir e ganhar a vida com o skate. Esse é ainda um obstáculo muito grande, pois quem não for para os EUA acaba sumindo, avalia Tatiane.

Quando se fala em esporte de base, a inserção de uma modalidade na grade de Educação Física é fundamental. Exatamente por isso o convidado do quarto painel foi o professor de skate e docente na rede pública de ensino do estado de São Paulo, Jefferson Santos Ricardo, o Jefferson Du. Em sua fala ele explicou os processos utilizados para levar o esporte às suas aulas dentro da escola, baseando-se no Currículo Paulista.

“O skate tem uma série de possibilidades educacionais, quebra preconceitos, tem um conceito social muito rico e é excelente ferramenta de inclusão”, afirma. Dito isso, o professor deu um enfoque aos valores físicos, cognitivos, sociais, históricos e psicológicos que podem ser aliados à educação, lecionando aulas que vão muito além da prática do skate em si.

Para avaliar o mercado nacional, que movimentou mais de R$ 940 milhões só em 2017, o gerente de marketing da Urgh Skateboard, Akira Kuge, afirmou que, por se tratar de um segmento de nicho, poucas marcas se desafiam a entrar no ramo do skate, mas aqueles que ingressam não saem mais. “É um mercado muito competitivo, que exige um trabalho muito sério pautado em planejamento, conhecimento de causa e muita energia.

Novidade no programa de modalidades dos Jogos Olímpicos na edição de Tóquio, o skate foi debatido como esporte e movimento social pelo diretor técnico da FPS, Bruno Hupfer, e o historiador Fábio Luiz Pimentel. De acordo com eles, o skate olímpico é apenas uma das frentes possíveis do skateboard, que pode trazer grande visibilidade para o esporte, mas que a modalidade não deve se limitar somente a isso, mas sim à sua essência histórica.

Para finalizar o evento, o Team Manager de Skate, Surf e BMX da Vans Brasil, Rodrigo “K-b-ça”, palestrou sobre como é o trabalho de gerir um time de atletas. Dentre os vários desafios, saber se relacionar de forma individual com cada um deles e gerenciar pessoas com os mais diversos perfis são duas das grandes dificuldades no seu dia a dia. “Para mim, o mais difícil é controlar egos e entender cada skatista. Há maneiras individuais de brincar, falar, motivar e aconselhar”, diz.

O III Congresso Técnico Paulista de Skate FPS foi uma realização da Federação Paulista de Skate em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo e teve o apoio do canal Eu Sou Skatista, da revista Skate Vale Brasil e do Sindicato das Entidades de Administração do Desporto no Estado de São Paulo (SEADESP).

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