Chloé Calmon é a longboarder que conseguiu os maiores feitos de uma mulher brasileira em competições pelo mudo afora na modalidade mais tradicional do surf, apesar de ter apenas 22 anos de idade. O principal deles, sem dúvida, foi a vitória no Kumul World Longboard Championships, a primeira etapa do Mundial da World Surf Legue (WSL) 2017 e único evento profissional do esporte das ondas realizado no mês de março, em Papua-Nova Guiné, na praia de Uligan Bay.
Este triunfo credencia a carioca da gema a favorita ao título mundial de longboard da temporada, que terá a segunda e decisiva etapa realizada em Taiwan, entre 23 de novembro e 3 de dezembro. E caso alcance o objetivo de ser a melhor longboarder do planeta em 2017, ela diz que realizará um sonho e que será uma forma de apagar “certa frustração” de não ter levantado a taça no ano passado, quando ficou com o vice-campeonato em etapa única ocorrida na China.
Nesta entrevista especial ao portal InnerSport, Chloé Calmon fala da importância de seu pai (Miguel Calmon) como grande incentivador para se tornar praticante do pranchão, da vitória em Papua-Nova Guiné, da liderança do Circuito Mundial, das adversárias e da preparação na busca pelo título de melhor do mundo e do nível técnico das praticantes no Brasil e no mundo.
Pai
Com certeza, sem ele não chegaria onde estou. Foi ele quem me levou para o mar e para o esporte desde pequena: natação, corrida, capoeira… Ganhei minha primeira prancha em 2011, mas desde pequena já estava em cima de uma de meu pai, que competiu por alguns anos de pranchinha e, depois de um tempo, passou a participar de campeonatos de longboard.
Liderança
A ficha ainda não caiu. Ainda fico lembrando a toda hora do campeonato, que foi histórico, a primeira já realizada na praia de Uligan Bay, em Papua-Nova Guiné. Estou muito motivada com a liderança e, ao mesmo tempo, procuro não pensar muito nisso, justamente para não ficar ansiosa e também não sentir muito a pressão. Quero ser campeã, pois sou por demais uma pessoa competitiva, levo tudo muito a sério. No ano passado, fui vice-campeã e, embora tenha sido o melhor resultado de uma brasileira no Mundial, deu certa frustração, pois só pensava no primeiro lugar.
Vitória
Nesta primeira etapa da Nova Guiné, preferi pensar na jornada, sem me cobrar de resultado, e acabou dando certo.
Longboard no Brasil
Está bem maior do que quando comecei. Há dez anos não tinham tantas meninas surfando de longboard. Hoje, vejo mulheres de todas as idades. Entretanto, a modalidade poderia ser mais forte no Brasil se houvesse mais campeonatos para conectar todas estas mulheres que estão espalhadas pelo País.
Pelo mundo
O nível técnico evoluiu muito nos últimos anos. Mais meninas estão se dedicando muito e a faixa etária das praticantes e competidoras está diminuindo a cada ano.
Preparação
Até novembro (antes da etapa decisiva do Mundial, em Taiwan) vou disputar as etapas do LQS (divisão de acesso do circuito da WSL), para manter a motivação, me preparar e corrigir os meus erros.
Principais adversárias
É difícil dizer, pois na etapa da Nova Guiné todas as competidoras estavam surfando bem. As havaianas, as californianas, as europeias, todas estão surfando bem, com muitas manobras progressivas.
Estilo
Prefiro o mais clássico, pois sou admiradora profunda deste estilo. Vejo vídeos antigos, analiso as pranchas que usavam no passado. As feitas de madeira de antigamente são bem mais difíceis, mas proporcionam um surfe encantador. Hoje, com as pranchas de fibra, mais leves, é bem mais fácil de manobrar, de saber aquilo o que se quer fazer.
Conquistas
– Vice-campeã mundial em Hainan, na China
– Campeã do LQS Australian Longboard Surfing Open 2016
– Campeã do LQS Longboard Pro Gaia, Portugal 2016
– 3ª colocada no WSL Women’s World Longboard Tour 2015
– Vice-campeã do LQS Longboard Pro Vieux Boucau, França 2016
– Vice-campeã do LQS Longboard Pro A Coruña, Espanha 2016
– Vice-campeã Pro no Noosa Festival Of Surfing, Austrália 2016
– Campeã do Festival Santos de Longboard 2016
– Bicampeã do Punta Sayulita Surf Classic 2013/2014 no México
– Mais jovem campeã brasileira profissional (Circuito Petrobras)
– Mais jovem mulher a surfar na Silver Dragon, a pororoca chinesa
Por Roberto Pierantoni