Os Top-5 e as Top-5 que disputarão os títulos mundiais de 2021, no Rip Curl WSL Finals, em Lower Trestles, San Clemente/ Califórnia (EUA), tem três atletas brasileiros encabeçando o ranking masculino Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo e a brasileira Tatiana Weston-Webb, que é a vice-líder do World Surf League Championship Tour 2021. As chances são grandes de o Brasil ser pentacampeão no esporte e tricampeão consecutivo – Medina (2014 e 2018); Adriano de Souza (2015), e Ítalo Ferreira (2019). Na aguardada final, os atletas se enfrentarão em um sistema de mata-mata, em um dia no período de 9 a 17 de setembro.
“Estou me preparando bastante para a Rip Curl WSL Finals”, conta Tatiana Weston-Webb. “Tenho treinado muito aqui em Lowers, ajustando meus equipamentos com meu técnico e meu shaper, e me alimentando bem. Minha expectativa para a final é dar o meu melhor, surfar bem e me divertir sem pressão”. Com 25 anos de idade, Tati, recentemente, conquistou um sonho de muitas surfistas ao representar o Brasil nos Jogos Olímpicos, em Tóquio.
A atleta diz que tudo no surfe aconteceu muito rápido em sua vida, inclusive se tornar atleta profissional. Nascida no Brasil e criada no Havaí, na ilha Kauai, Tati começou a surfar aos 8 anos e cresceu surfando todos os dias. Filha de Tanira Guimarães, ex-bodyboarder profissional que venceu um evento em Pipeline, nos anos 1990, e de Douglas Weston-Webb, surfista hardcore de Kauai, Tati deslumbrou a todos logo no início ao vencer o ISA World Junior Championship por dois anos consecutivos (2013 e 2014). Apontada como revelação internacional do esporte quando entrou no CT na temporada 2015, no ano em que já foi vice-campeã no Roxy Pro France, na final com Tyler Wright, em Hossegor, quando conquistou a sua maior nota (10,0) em etapas do CT. Mas foi em 2016 que veio a sua primeira vitória, no Vans US Open of Surfing, ficando em 4º lugar no ranking da temporada. Em 2017, fez duas finais consecutivas, em Fiji e em Huntington Beach e, em 2018, também, foi vice-campeã nas etapas de Bells Beach (AUS) e Uluwatu (IDN), terminando novamente em 4º no ranking. Nesse ano decidiu competir representando a bandeira do Brasil e não mais do Havaí. Em 2019 fez uma final em Margaret River (AUS) e ficou na sexta posição do ranking, mas em 2021 venceu esta etapa, na perna australiana, batendo a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore na final.
Ao todo a gaúcha disputou 221 baterias contra 29 surfistas em 60 etapas até a 7ª de 2021. Teve duas vitórias em nove finais em etapas do CT. Esse ano, conquistou a sua segunda maior nota em etapa do CT, 9,77 em Jeffreys Bay, nas quartas de final do Corona Open J-Bay na África do Sul. Se Tati vencer essa Final, em Trestles, trará o primeiro título feminino ao Brasil.
Leve e veloz, Filipe Toledo, 26 anos de idade, é o 3º no ranking do CT 2021. “Tenho treinado bastante, depois da etapa do México fiquei lá mais uns dias para poder testar mais umas pranchas. Tenho me sentido muito bem surfando. Também estou fazendo toda a preparação física, junto com o técnico Eduardo Takeuchi, com treinos de ginástica natural, que ajudam a manter a mobilidade”, conta o paulista de Ubatuba, cuja expectativa para a Rip Curl WSL Finals é das melhores. “Me sinto leve, tranquilo e feliz. Estou em meu habitat com família e amigos e acho que tem tudo para ser uma grande final. Com certeza vou dar meu melhor e seja o que Deus quiser”, conclui o atleta.
As performances já lhe renderam 10 vitórias no CT, desde a sua estreia, em 2013. Incluindo de Boost Mobile Margaret River, em 2021, contra Jordy Smith, na Austrália; e do Jeep Surf Ranch Pro, na final com Gabriel Medina, em Lemoore, nos Estados Unidos. No Rip Curl WSL Finals, o atleta leva uma vantagem sobre os demais, pois mora desde 2014 com sua família em Lower Trestles, em San Clemente/ Califórnia (EUA) e onde venceu a última etapa realizada, em 2017. No total, Toledo venceu em Trestles 16 das 22 baterias disputadas em 5 temporadas.
Filho de Ricardo Toledo, bicampeão nacional de surfe, seu primeiro ano de destaque foi em 2015, quando liderou três eventos e terminou em 4º lugar no ranking. Em 2018, lutou pelo Título Mundial, em Pipeline, finalizando em 3º e, em 2019, ficou novamente na 4ª posição. Devido a uma lesão, ficou de fora de dois eventos em 2016 e de um em 2017. Disputou 290 baterias contra 96 surfistas, em 79 etapas, até a 7ª de 2021. Também teve muitas notas 10,0 em sua trajetória, entre as memoráveis está em 2018, na quarta fase do Oi Rio Pro, em Saquarema/RJ, praia que inclusive perdeu somente 1 das 14 baterias disputadas em três anos. Também tem em sua carreira 8 vitórias disputadas com Kelly Slater (EUA). Venceu 57,1% das 14 baterias disputadas em 12 etapas.
Líder do CT – Gabriel Medina é bicampeão mundial (2014 e 2018). Tem 27 anos de idade e mora em Maresias, Litoral Norte de São Paulo. Representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021. O esportista começou a surfar aos 9 anos, e aos 11 anos foi vencedor do primeiro campeonato a título nacional, disputado em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Desde o início da adolescência, seu repertório explosivo de manobras lhe rendeu títulos amadores, incluindo Grom Search da Rip Curl, King of the Groms da Quiksilver e vários estaduais.
Em 2009, com apenas 15 anos, se tornou o surfista mais jovem a vencer um importante evento da Série Qualificatória (QS), da WSL. Em meados de 2011, com 17 anos, se classificou para o Tour do Campeonato (junto com John John Florence) e ganhou os holofotes com seus voos acrobáticos. No mesmo ano, o surfista ficou reconhecido como o primeiro brasileiro a ganhar uma das etapas de Backside, na Austrália. Desde 2015, Medina ganhou mais etapas do Championship Tour do que qualquer outro competidor. Em 2017 e 2019 foi o vice-campeão mundial. No CT, disputou 414 baterias, com 110 surfistas, em 100 etapas até a 7ª de 2021. Conquistou 16 vitórias em 29 Finais dessas competições. Ao longo dos anos, levou nota 10 em 16 etapas do CT, sendo a última em Teahupoo (2019), nas Oitavas de Final da 7ª etapa no Tahiti. Está no rol dos 36 melhores profissionais do mundo. Se vencer em Trestles, Medina será o 6º surfista da história a ter três títulos mundiais (como Kelly Slater, Andy Irons, Mick Fanning, Mark Richards, Tom Curren)
Ítalo Ferreira está na vice-liderança do CT. Campeão mundial de 2019, é o surfista voador, e e conquistou um marco inédito para o surfe brasileiro como primeiro campeão olímpico da modalidade (Tóquio). O potiguar de 27 anos de idade ganhou notoriedade pela primeira vez no CT 2015, durante a temporada de estreia, com um aéreo fascinante, quando conquistou o prêmio de Estreante do Ano, ao terminar na 7ª posição. Quase chegou as finais nos anos seguintes, 2016 e 2017, mas foi em 2018 que teve três vitórias em eventos em Bells, Keramas e Supertubos, saltando para a quarta posição na classificação da WSL.
Natural de Baía Formosa/RN, Ítalo cresceu em um bairro humilde, onde começou a surfar aos 8 anos em tampa de isopor (seu pai, Luiz Ferreira, vendia peixe na cidade) e depois pegou pranchas emprestadas de seus primos para começar a praticar o esporte. Aos 10 anos ganhou uma prancha rendendo sua primeira vitória, em um torneio local. Em 2019, no Billabong Pipe Masters, mostrou todo o seu potencial para vencer a final brasileira com Gabriel Medina que decidia o Título Mundial. Ao todo disputou 217 baterias contra 75 surfistas, em 59 etapas, até a 7ª de 2021. Conquistou 7 vitórias em 10 finais em etapas do CT. Na galeria das notas máximas, o 10,0 reinou absoluto na Gold Coast, em 2017, na segunda fase da 1ª etapa na Austrália; em Keramas, em 2018, nas semifinais da 4ª etapa em Bali, na Indonésia; e em Supertubos, em 2019, na vitória na Grande Final da 10 a etapa em Portugal. Recentemente anunciou a criação do Instituto Ítalo Ferreira. O campeão olímpico pretende transformar a casa de sua vó, Dona Mariquinha (falecida há dois anos), em Baía Formosa, em um instituto de apoio para crianças apaixonadas pelo surfe.