Brasil é vice-campeão na WSL Founders´ Cup

Tainá Hinckel (SC) (@WSL / Kelly Cestari)Tainá Hinckel (SC) (@WSL / Kelly Cestari)

A seleção brasileira foi vice-campeã na primeira competição por países na história da World Surf League. O Brasil liderou a disputa do título da WSL Founders´ Cup of Surfing apresentada pela Michelob ULTRA Pure Gold, até a última bateria disputada na piscina de ondas perfeitas criada por Kelly Slater em Lemoore, em pleno deserto da Califórnia. O sul-africano Jordy Smith garantiu o título para o time Mundo, formado também pela sua compatriota Bianca Buitendag, pela neozelandesa Paige Hareb, o taitiano Michel Bourez e o japonês Kanoa Igarashi, com os 4 pontos recebidos na última chance de vitória neste formato de competição que poderá ser utilizado na estreia do surfe nas Olimpíadas de Tokyo 2020 no Japão. Ele começou bem com nota 9,27 em sua melhor onda, que depois Filipe Toledo não conseguiu superar, nem Kelly Slater que foi o último a surfar e o resultado final das cinco baterias decisivas ficou em 8 pontos para a equipe Mundo, 7 para o Brasil e 4 para os Estados Unidos.

Time Mundo (@WSL / Kelly Cestari)

“É uma sensação incrível vencer como um time. Foi fantástico competir esses poucos dias aqui e isso só deixa a expectativa de coisas maiores e melhores por vir pela frente”, disse Jordy Smith. “Nós conversamos bastante como uma equipe durante todo o fim de semana e você não pode deixar passar nada quando se chega no dia da final. Você tem que deixar tudo de lado e se concentrar ao máximo, pois se conseguir fazer isso, você sairá com a vitória. Eu acho que o mais importante foi a determinação do time. Coletivamente, nós mantemos nossa confiança o tempo todo e nos apoiamos o tempo todo”.

Todos os 25 participantes aprovaram o sistema de disputa que a World Surf League inaugurou na Founders´ Cup of Surfing e competiram com entusiasmo defendendo seus países. Aproveitaram também, para conhecer melhor todo o mecanismo do funcionamento da piscina do WSL Surf Ranch, que vai sediar uma das etapas do World Surf League Championship Tour esse ano. No formato da Copa das Nações, foram formados cinco times com três homens e duas mulheres representando as três maiores potências do esporte, Brasil, Austrália e Estados Unidos, além da Europa e o time Mundo com surfistas de outros continentes.

Gabriel Medina (SP) (@WSL / Kelly Cestari)

“É uma honra fazer parte do futuro do surfe e representar o Brasil neste primeiro evento especial por países aqui nessa piscina fantástica”, disse Filipe Toledo. “Eu, o Gabriel Medina, o John John Florence, conversamos sobre como foi incrível surfar como uma equipe. Nós ficamos muito próximos um do outro, apoiando todos do time. Foi realmente uma experiência sensacional e certamente será um evento que sempre lembraremos de tão bom que foi competir neste formato por países”.

O trabalho tinha que ser em equipe, comandada pelos capitães de cada time, pois todas as ondas surfadas pelos seus cinco integrantes eram computadas. Eles tiveram três chances de pegar uma onda para esquerda e uma para a direita, para somar a melhor em cada direção no Jeep Leaderboard que classificava os três times com as maiores pontuações para as baterias decisivas do título da WSL Founders´ Cup of Surfing. Ou seja, tiveram que mostrar o seu melhor surfando de frontside (de frente para a onda) e de backside (de costas). As duas primeiras rodadas aconteceram no sábado e o Brasil ficou em quarto lugar na classificação geral, ou seja, fora do grupo dos três finalistas.

A recuperação veio no domingo, quando toda a seleção brasileira aumentou suas notas nas esquerdas, para passar para as baterias finais em segundo lugar no encerramento das fases classificatórias. Silvana Lima trocou um 5,68 por 7,67, depois Adriano de Souza subiu a dele de 6,83 para 8,67, Gabriel Medina de 6,87 para 8,53, Filipe Toledo de 7,83 para 9,40 e Tainá Hinckel trocou as duas dela, que foram bem baixas no primeiro dia. Filipe Toledo fez a maior somatória individual, 19,40 pontos com o primeiro e único 10 recebido no WSL Surf Ranch e que valeu um carro zerinho oferecido pela Jeep para a maior nota do evento. No total, o Brasil atingiu 80,47 pontos, abaixo somente dos 83,06 dos Estados Unidos.

Adriano de Souza (SP) (@WSL / Kelly Cestari)

“A vibe do nosso time foi ótima e todos se esforçaram para melhorar cada vez que entrava na piscina para surfar”, destacou o capitão da seleção brasileira, Gabriel Medina. “Estou muito feliz pela forma como nos apresentamos, apesar da decepção por não ter vencido. Nós surfamos muito bem como um time e foi um evento muito divertido para mostrar o que poderíamos fazer nessa onda. É bom compartilhar esse momento e conversar bastante com todos, especialmente com a Tainá (Hinckel) por ser tão jovem (14 anos apenas). Nós já estamos mais acostumados com toda a pressão, mas é tudo novo para ela, então demos muito apoio para quando ela chegar aqui no futuro, estar pronta para enfrentar toda esta atmosfera incrível desse lugar”.

A briga pela outra vaga na decisão do título terminou empatada em 78,96 pontos. O time Mundo alcançou esse número logo após a apresentação brasileira e a equipe australiana teve a chance de superar essa marca, principalmente porque Joel Parkinson e Matt Wilkinson estavam com notas baixas para trocar. No entanto, eles não surfaram bem de novo na piscina. Parko até trocou suas duas ondas do sábado, mas só conseguiu igualar o placar. Com isso, o capitão de cada time teve que definir um homem e uma mulher da equipe para um confronto tira-teima e foi aí que Jordy Smith começou a fazer diferença, ajudando na classificação do Mundo no desempate.

Filipe Toledo (SP) (@WSL / Kelly Cestari)

A segunda bateria foi feminina e a californiana Lakey Peterson confirmou o favoritismo para igualar o placar em 2 pontos para os Estados Unidos, 2 para o Brasil porque a jovem catarinense Tainá Hinckel ficou em último e 2 para o time Mundo, pois a sul-africana Bianca Buitendag somou mais 1 por ter ficado em segundo lugar como o taitiano Michel Bourez na primeira. A norte-americana venceu com nota 8,0, contra 6,07 da sul-africana e 5,67 da brasileira.

Na terceira e última bateria com a vitória valendo 2 pontos, o japonês Kanoa Igarashi começou forte com nota 8,93 para colocar o time Mundo na frente com 4 pontos no total. O campeão mundial Adriano de Souza chegou perto de superar essa nota em sua melhor onda, mas recebeu 8,57 e ficou em segundo lugar, computando mais 1 ponto para o Brasil. Já o time norte-americano amargou mais uma última posição sem marcar nada com o californiano Kolohe Andino.

Jordy Smith (AFR) (@WSL / Kelly Cestari)

Aí veio a primeira batalha de 4 pontos e ela foi vencida pela cearense Silvana Lima, que surfou uma onda de forma incrível para receber nota 9,17 dos juízes. A havaiana Carissa Moore era até a favorita para vencer essa quarta bateria, mas o máximo que conseguiu nas duas ondas que surfou foi 8,77 e a neozelandesa Paige Hareb terminou em terceiro com 6,07. Com a vitória de Silvana, o Brasil retomou a liderança com 7 pontos, contra 4 do time Mundo e 3 dos Estados Unidos.

A decisão do título ficou então para a última bateria e Jordy Smith colocou seus adversários nas cordas, surfando uma direita de forma impressionante. Ele acertou tudo, fez o tubo, completou aéreo e largou na frente com nota 9,27. Filipe Toledo foi o segundo a entrar na piscina e não conseguiu repetir a boa atuação na esquerda que tinha surfado na última classificatória. Ele recebeu 7,33 e na direita errou o aéreo que tentou logo no início. Com isso, o Brasil precisava da vitória de Kelly Slater para poder decidir o título num desafio extra com os Estados Unidos, pois os dois países ficariam empatados em primeiro lugar com 7 pontos.

Silvana Lima (CE) (@WSL / Kelly Cestari)

No entanto, o idealizador e criador do WSL Surf Ranch, só conseguiu nota 8,00 na esquerda, 9,00 na esquerda e não superou o 9,27 do sul-africano, que acabou garantindo a vitória do time Mundo por 8 pontos. Como Filipe Toledo ficou em último e não marcou nada, o Brasil terminou como vice-campeão com 7 pontos e os Estados Unidos ficaram em terceiro com 4. Mesmo assim, Slater saiu festejando da piscina junto com a torcida que lotou as arquibancadas no domingo de muito calor no deserto da Califórnia, há 160 quilômetros do mar, mas com ondas perfeitas na piscina do WSL Surf Ranch.

Agora, todas as atenções voltam-se para a etapa brasileira do World Surf League Championship, com o Oi Rio Pro começando na próxima sexta-feira na Praia de Itaúna, em Saquarema, a “Cidade do Surf” da Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

Por João Carvalho

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