A confraternização invade o Tombo

A reedição de um dos campeonatos de surfe que marcou uma juventude teve uma nova edição nesta sexta-feira, na Praia do Tombo, em Guarujá, depois de 30 anos. O Fico Surf Festival rolou com praia lotada, e em total clima de confraternização, além de muito sol e boas ondas. A primeira edição ocorreu na Bahia.

Reinaldo Andraus e Taiu / Silvia Winik

O Fico Surf Festival 2018 reuniu surfistas legends da master e da longboard e os talentos da nova geração. O primeiro dia já contou com boas disputas e também foi marcada pelas homenagens a ícones da história da modalidade. Nomes que se destacaram como atletas e como empresários.

Depois dos atletas da master entrarem no mar, entre eles alguns competidores que marcaram a história do surf brasileiro, como Paulo Matos, o primeiro campeão profissional, em 1987, Jojó de Olivença, bicampeão nacional e ex-WCT, as disputas nas ondas deram lugar às homenagens em frente ao Palanque Paulo Tendas. Surfistas como Taiu Bueno, Paulo Matos, Jorge Mula, Thyola, Álfio Lagnado e Hermínio Nadim e lembrados ‘in memoriam’ Paulo Tendas (ícone do surf), Sidney Tenucci, o Sidão, José Roberto Rangel e Fernando Rego foram lembrados, cada um com a sua importância no crescimento do surfe nacional e na organização do primeiro Fico Festival Surf.

Mula / Silvia Winik

O encontro foi marcado por emoção e acompanhado por muitos jovens, que passaram a conhecer mais um pouco da história do surf. Visivelmente comovido, Fico enalteceu todos os homenageados, em especial a garra de Taiu, e a amizade com Alfio Lagnado, proprietário da Hang Loose e um responsável direto pela formação da chamada geração Brazilian Storm, tendo patrocinado Gabriel Medina e Adriano de Souza, os dois campeões mundiais, no início de suas carreiras.

“Foi ele que me incentivou a comprar uma prancha. A gente faz parte desse surf brasileiro, com nossa alma, nossa vontade, nossa experiência e é um orgulho grande poder homenagear o Álfio, não como empresário, mas como amigo. Ele é um dos mais importantes empresários até hoje e faz o surf brasileiro continuar bombando. Essa geração que está participando da WSL foi graças a esse cara. Ele abriu as portas”, destacou Fico.

Daniks Fischer / Foto Silvia Winik

“Hoje a gente tem dois campeões graças a todo mundo. Cada um contribuiu da sua forma. Se o surf chegou onde chegou é por todos nós. Nós plantamos a semente e agora estamos colhendo os frutos”, acrescentou o empresário. Ainda durante a solenidade, foi lançada a candidatura da Praia do Tombo, para o selo World Surfing Reserves, conferido às praias que protegem e preservam o ambiente costeiro, com foco na prática do surf.

O gerente de marketing da Fico, Augusto Saldanha, lembrou que o local já tem a chancela da Bandeira Azul e agora o foco é a projeção internacional. “O Tombo é um conhecido destino para os surfistas, já recebeu grandes eventos e o Fico Surf Festival quer evidenciar a importância dessa praia. É uma honra lançar essa candidatura envolvendo todos que estão aqui”, argumentou Augusto.

Chico Paioli / Foto Silvia Winik

De volta ao mar, a melhor performance do dia entre os masters, para surfistas dos 40 anos em diante, foi do maranhense Alvaro Bacana, marcando 16,50 pontos de 20 possíveis. Daniks Fischer, de São Vicente, e Amaro Matos, competindo em casa, também surfaram muito bem. Outras duas atuações esperadas eram de Paulo Matos e Jojó de Olivença. Paulinho avançou em primeiro em sua bateria e Jojó foi o segundo, atrás de Bacana.

O outro membro da família Matos, o mais velho, Neno, foi outro competidor que passou para o round 2. “Muito legal estar aqui. Tudo começou com esses eventos do Fico, o Sundek, o Town&Country, o Hang Loose, o OP, o Lightning Bolt. Esses caras foram responsáveis pelo surf estar onde está. Se hoje temos dois campeões mundiais e tantos destaques no WCT, é porque alguém plantou a semente, alguém acreditou”, falou Neno.

Amaro Matos / Foto Silvia Winik

“A gente chega numa faixa etária da vida, que não está mais competindo. Está brincando. Óbvio que a competição está no sangue, mas o que a gente quer hoje é mostrar que está surfando bem. Fazer parte dessa festa é maravilhoso. Há anos que não competia, estou mais direcionado para ondas grandes, mas fiquei animado, voltei a treinar e vou competir mais”, falou o surfista de 57 anos.

O caçula da família, Amaro, aos 52 anos, surfou muito bem, tanto na pranchinha quanto no longboard e também demonstrava felicidade. “A gente está se mantendo. O objetivo central é se manter. Competição faz bem, traz saúde, qualidade de vida. Competir com a família só mostra que eu, Paulo e Neno conseguimos nos manter. Estou bem feliz. Na minha opinião, este evento tem de ser uma tendência. Temos de dar valor que quem contruiu a base”, destacou.

Ryan_ Kainalo / Foto Silvia Winik

“Se hoje temos casas lindas, é porque teve uma base boa. É muito bom e importante resgatar a história”, complementou Amaro. Além dele, o evento contou com destaques na longboard, como Jaime Viúdes, com a melhor performance do dia, Marcelinho do Tombo, Neco Carbone, todos de Guarujá, novamente Daniks Fischer e legends como os irmãos Chico e Zé Paioli (este o mais velho do evento, aos 69 anos).

A nova geração também está muito bem representada, como Ryan Kainalo, sem dúvida, um dos principais talentos da novíssima geração que vem chegando. As disputas seguem neste sábado, a partir das 8 horas. O grande destaque do dia será a inédita categoria Pais e Filhos, reunindo algumas duplas boas, como Alex Miranda e Ryan Kainalo, Phillipe e Davi Glazer, Richard e Rodrigo Saldanha, Amaro e Derek Matos, Alfredo e Eric Bahia.

Por Fabio Maradei

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