Um Santista por trás do “surf olímpico”

A inclusão do surf como modalidade olímpica contou com a participação efetiva de um brasileiro. O santista Marcos Bukão é o diretor-técnico de todas as competições da International Surfing Association (ISA), entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Um dos homens de confiança do argentino Fernando Aguerre, que por duas décadas batalhou nesse árduo processo, o dirigente brasileiro comemora essa conquista.

“Mais do que emoção, é orgulho. Fui uma pessoa privilegiada, que acompanhou de perto toda essa batalha”, ressalta Bukão, lembrando que o trabalho teve o início ainda em 1996, no ISA World Surfing Games, em Huntington Beach, Califórnia/EUA, com o primeiro contato com o COI. “Foi a primeira vez que se falou de surf na olimpíada. Lembro que o COI reconheceu a ISA como entidade que rege o surf em nível mundial. Fernando Aguerre foi chamado de sonhador e hoje a gente até brinca que ele é uma espécie de Don Quixote. Ele lutou contra moinhos de ventos e venceu. Conseguiu uma vitória considerada praticamente impossível pelas pessoas”, contou.

Nessa evolução, um dos pontos principais foi trazer para a ISA países ao redor do mundo. “Era preciso ter mais de 100 nações filiadas aos comitês olímpicos locais, para ter um peso, uma credibilidade junto ao COI. Eu pessoalmente fui para o Marrocos, Mali, na África. Naquela época, a ISA tinha, 30, 35 países, hoje são 112. Também seguimos todas as exigências do COI, inclusive exames antidoping, com filiação à WADA (Agência Mundial Antidoping)”, comenta.

Para ele, o surf na olimpíada será um novo salto de popularidade do esporte no Brasil, semelhante ao que aconteceu quando Gabriel Medina garantiu o título mundial. “A gente ainda não dimensionou o que isso vai representar. Vai ser um passo absurdo, com aceitação e reconhecimento do surfista. A gente vê hoje o Gabriel Medina um ídolo nacional como campeão mundial do WCT, imagina ele trazendo uma medalha de ouro? É fantástico”, aponta.

“A ficha está demorando a cair. O surfista vai ser muito mais reconhecido dentro do seu próprio país. Com o título do Medina e depois do Mineirinho (Adriano de Souza), todos são testemunhas do quanto o surf se popularizou e o pulo que a modalidade vai dar na olimpíada, será semelhante quando o Medina foi campeão mundial. Vai ser um segundo passo muito grande”, complementa.

Por Fábio Maradei

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