Toledo é tricampeão e leva a torcida ao delírio na Barrinha

Filipe Toledo (SP) (Damien Poullenot / WSL via Getty Images)Filipe Toledo (SP) (Damien Poullenot / WSL via Getty Images)

O paulista Filipe Toledo fez a festa mais uma vez com a imensa torcida que lotou Saquarema, com uma apresentação impecável nas ondas da Barrinha, para conquistar um incrível tricampeonato nas cinco edições do Oi Rio Pro, que estreou em 2015 com vitória dele mesmo. Filipe aumentou seu próprio recorde de pontos na final contra o sul-africano Jordy Smith e igualou o feito do australiano Dave Macaulay, único que tinha três títulos nos 30 anos de história da etapa do World Surf League Championship Tour no estado do Rio de Janeiro. A australiana Sally Fitzgibbons já tinha conseguido isso na final com a havaiana Carissa Moore, repetindo o tricampeonato da compatriota Pauline Menczer também na década de 90.

“Não sei o que acontece, mas quando chego nas quartas, semifinais, alguma coisa muda internamente em mim, especialmente aqui no Brasil”, disse Filipe Toledo. “Essa torcida me deixa instigado e só quero fazer o meu melhor para eles. No surfe é muito difícil saber o que pode acontecer na água, ainda mais com o Jordy (Smith). Eu já tinha 18 pontos, mas ele poderia conseguir duas notas 9,0 e virar a bateria. Eu fiquei tenso até os últimos 30 segundos, mas certamente aquela minha primeira onda me deixou bem confiante e fiquei amarradão por ter vencido mais uma vez aqui em Saquarema”.

No último domingo, dia da grande final, as ondas estavam bem menores do que os outros dias, mas com a Barrinha ainda apresentando boa formação para tubos, aéreos e manobras de borda. O maior problema era o grande intervalo entre as séries, fazendo com que poucas ondas boas entrassem nas baterias. Com isso, a escolha das melhores ganhou peso decisivo e foi assim que Filipe Toledo liquidou seus adversários, não desperdiçando as poucas chances que apareciam para ele surfar. Na decisão do título, praticamente confirmou o tricampeonato em duas ondas seguidas, quando ainda faltavam 20 minutos para terminar a bateria.

Filipe Toledo (SP) (Thiago Diz / WSL via Getty Images)

Filipe Toledo (SP) (Thiago Diz / WSL via Getty Images)

“É realmente difícil quando você não tem um bom suporte psicológico para estar preparado para tudo isso, pois você pode se perder com a pressão”, disse Filipe Toledo, já no pódio. “O que eu gosto mesmo é essa emoção e essa energia da torcida brasileira. Isso sim é energia, força e motivação para mim. Eu estava doente esses últimos cinco dias e estou bem fraco e cansado. Mas, cada vez que passava pelo corredor da torcida, me fortalecia muito”.

Filipe já incendiou a torcida logo no início, quando pegou um tubo, voou num aéreo muito alto e ainda atacou a junção para largar na frente com nota 9,37. Na onda seguinte, o brasileiro mandou um “tail slide” impressionante, invertendo toda a direção da prancha, usando seu arsenal de manobras modernas e progressivas para receber 8,67. Com essa nota, já aumentava o seu próprio recorde de pontos na Barrinha de 17,84, contra Kelly Slater no sábado, para 18,04 de 20 possíveis. O sul-africano Jordy Smith ficou então arriscando manobras grandes, porém sem completar nenhuma, até a vitória de Filipe ser anunciada por 18,04 a 8,43 pontos.

“Pois é, acho que o Filipe (Toledo) tinha a maior torcida da história para apoia-lo aqui hoje”, brincou Jordy Smith. “Acho que aquela primeira onda dele mudou tudo. Eu estava mais lá para fora e ele acabou pegando um tubo e um aéreo que fizeram toda a diferença. Logo depois, o vento entrou e as oportunidades (de surfar) diminuíram, mas o Filipe é um surfista incrível e foi uma honra fazer a final com ele. O evento foi demais e não há torcida melhor no mundo do que essa aqui do Brasil. Agora, só espero que a torcida em Jeffreys Bay (África do Sul) mostre tanto amor para nós, sul-africanos, quanto os brasileiros fazem aqui”.

O sul-africano não chegava numa final desde 2017 e a última tinha sido contra o próprio Filipe Toledo, quando também perdeu para o brasileiro em Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. Com o tricampeonato no Oi Rio Pro, Filipe igualou o recorde do australiano Dave Macaulay, único que tinha festejado três vitórias no Rio de Janeiro quando ele nem tinha nascido ainda, em 1988, 1989 e 1993, todas na Barra da Tijuca. Além disso, Filipe pulou da sexta para a terceira posição no ranking e já reuniu chances matemáticas de brigar pela ponta na próxima etapa, o Corona J-Bay Open, de 09 a 22 de julho na África do Sul, onde também vai tentar o tricampeonato, mas consecutivo, pois ganhou lá nos dois últimos anos.

O havaiano John John Florence permaneceu na frente da corrida pelo título mundial, mas não competiu no domingo, pois no sábado torceu o mesmo joelho que contundiu no ano passado e nem enfrentou Jordy Smith na Barrinha. Ele agora é dúvida se terá condições de surfar em Jeffreys Bay. Se não for, Filipe pode lhe tirar a lycra amarela do Jeep Leaderboard se chegar nas semifinais na África do Sul, enquanto o vice-líder, Kolohe Andino, consegue isso nas quartas de final. O sul-africano Jordy Smith também entrou na briga, subiu para o quarto lugar no ranking e ultrapassa a pontuação do havaiano em casa, se chegar na grande final.

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