Skatepoesia chega ao Vale do Paraíba

Skatista profissional Vitor Sagaz une poesia e skate no projeto Impulso Lírico e segue em turnê pelo Vale do Paraíba com o lançamento do livro Skatepoesia e do collab de shape em parceria com a Diet Skateboards. Skate e poesia combinam? Pode parecer uma mistura inusitada, mas o skatista profissional Vitor Sagaz mostrou possível ao unir esse estilo de vida à literatura e lançar o livro Skatepoesia.

cartazvaledoparaiba (1)Denominado Impulso Lírico, o projeto tem percorrido o Brasil com apresentações para jovens e adultos. A partir de sexta-feira (9/6) ele passa por diversas skate shops de cidades do Vale do Paraíba, incluindo Mogi das Cruzes, Arujá e São José dos Campos. No sábado (10/6) é a vez de Pindamonhangaba, Aparecida e Guaratinguetá. Em cada cidade, Sagaz faz uma apresentação. “Recito alguns poemas e interpreto os contos que estão no livro. Dependendo do ambiente, interajo com o público, estimulo a leitura e interpretação dos poemas. E também ando de skate, pois foi graças a minha vivência que adquiri toda informação que reproduzo no livro”, diz.

Skatista desde 1987, Vitor ‘Sagaz’, 39 anos, começou a rimar há cerca de quatro anos e formou seus primeiros versos baseados em experiências de vida. A parceria com a Diet existe há 15 anos, sendo que o skatista lançou mais de 30 pro models de shape. “Logo que surgiu essa inspiração, criamos os três modelos (produzidos em marfim) e customizados com os versos dos poemas”, explica ele.

Vitor Sagaz / Foto Fellipe Francisco

Vitor Sagaz / Foto Fellipe Francisco

Com 88 páginas, o livro é uma explosão autoral de sentimentos e vivências de Vitor Sagaz. Ele agregou fotos de profissionais renomados do mercado e gravuras para fortalecer ainda mais o mix de cultura urbana da publicação. “Tanto minha trajetória de vida, quanto minha experiência no skate serviram de inspiração para os poemas. Além do amor pela minha família e amigos”, explica Sagaz. Essa vertente poética permitiu que o skatista presenciasse situações de vida enriquecedoras. “Consegui unir ao skate e ir em escolas de crianças especiais, no Mato Grosso, além de ONGs como a Casa do Saber e em unidades da Fundação Casa para recitar e andar. Ultimamente, tenho frequentado saraus e promovido eventos de skate com batalhas de rimas e poesias em várias regiões do país”, destaca ele.

O projeto ganhou corpo e Sagaz já musicalizou diversos poemas e em breve lançará Poesia Cantada, uma coletânea de 10 músicas com vários estilos musicais. “Unir poesia ao skate é novidade e isso tem atraído muito a galera. As pessoas se identificam com o que escrevo e falo. É importante esse contato direto com os jovens. Passei muitas dificuldades, mas nunca perdi a fé e a esperança. Cresci, evolui e sinto-me honrado por conseguir expressar minha vivência. O Skatepoesia veio para somar, se for para dividir que seja apenas o conhecimento”, completa.

Foto Arquivo Pessoal/Divulgação

Foto Arquivo Pessoal/Divulgação

Trajetória no skate – Aos 39 anos, com 30 de skate Vitor Sagaz já percorreu praticamente todo Brasil (faltam apenas cinco estados), além de países como França, Espanha, Alemanha, Holanda, República Tcheca, Inglaterra, Suíça, Argentina e Estados Unidos (Nova York, Boston, Califórnia e Miami). Suas manobras estamparam as capas das principais revistas nacionais (Tribo -3 e Rio Skate Mag – 1), comandou durante 17 anos anos uma skate shop em Manaus (AM), além de participar de um blog no site da revista 100%Skate.

Aos sete anos, de férias em Capão da Canoa (RS), teve o primeiro contato com o skate de amigos. Dois anos depois, ganhou o seu quando morava no Rio de Janeiro. “Desde que subi em um skate pela primeira vez, nunca mais esqueci a sensação”. Em solo carioca, desenvolveu a base em mini rampas e transições presentes por toda cidade. A trajetória nas competições foi interrompida quando Sagaz quebrou o pé em 2001.

13620180_1723797101191661_8517803506439505818_n (1)Uma cirurgia mal feita limitou os movimentos do pé direito e acabou um ano parado. Aos poucos, foi retomando o skate, mas teve de readaptar seu estilo para continuar andando. “Foi difícil, pois eram duas dores. Além da física, tinha a limitação de não conseguir manobrar como antes. Tive de me adaptar para conseguir fazer as manobras”. Recuperado, profissionalizou-se em Manaus em 2002, aos 24 anos. Disputou o circuito profissional, mas foi nas ruas que desenvolveu seu estilo. A partir daí, focou em produzir material multimídia para manter-se em evidência. No cinema, participou do filme “O Magnata”, produzido e escrito pelo músico e skatista Chorão.

Por Nancy Geringer

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