Skate + Poesia – Projeto “Impulso Lírico” atende 4 mil adolescentes em Mongaguá

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Impulso Lírico, projeto voluntário criado pelo skatista e poeta Vitor Sagaz atende quatro mil alunos de 6a a 9a série do Ensino Fundamental, em Mongaguá, litoral Sul de São Paulo. Em sete dias, percorreu todas as escolas do município com apresentações recheadas de rima e muita emoção. “Recito poemas autobiográficos e interpreto contos que estão no livro. Interajo com o público, estimulo a leitura e interpretação. E logicamente, também ando de skate, pois foi graças a minha vivência em cima das quatro rodas que adquiri toda informação que reproduzo na palestra”, explica Sagaz.

Polivalente, o assessor da juventude no município une skate, poesia e música e aborda assuntos complexos, tais como ausência paterna, traumas, abusos e superação dos problemas, numa linguagem que prende a atenção dos alunos.

Graças à repercussão positiva, após as apresentações nas escolas municipais, Sagaz foi convidado a levar o projeto aos centros de ensino estaduais, inclusive ETECs. Uma pesquisa aplicada aos alunos também visa identificar demandas culturais e quais políticas públicas podem ser intensificadas.




“Tem sido um aprendizado para ambos os lados, uma troca muito grande e a certeza que eu não estou sozinho em meus traumas, complexos e sonhos. A troca que tive, com os recados, mensagens e até poesias que recebi deixa muito claro que as histórias se repetem. Quanto mais compartilhar, mais fácil fica para quem ainda está crescendo e vai passar por essa fase tão complexa que é a adolescência. A ideia é fazer um mapeamento da situação dos jovens no município com a pesquisa que aplico nos alunos”, destaca.

Para a coordenadora de Língua Portuguesa do município, Manuela Bafoni, o projeto mostrou-se surpreendente. “É disso que a educação precisa, de projetos que mostrem aos alunos instrumentos reais. Ele conta sua história de uma forma fantástica. A interação que consegue com os alunos é impressionante. Quando ele coloca a poesia na vida dele, passa a ensinar estas crianças que a história deles também pode ser diferente e que existe escolha. Os alunos gostam muito, vemos alguns até chorando. Só tenho a agradecer em nome de toda educação de Mongaguá”, afirma a coordenadora.

Diretor do departamento de cultura, Eduardo Menucci, responsável pela introdução do projeto nas escolas, considera Impulso Lírico uma excelente ferramenta de conexão com os adolescentes.

“Ele chega em cima do skate, cumprimentando os jovens. Aborda temas recorrentes, como ausência de pai, suicídio na adolescência, entre outros. Ele consegue estabelecer uma conexão, entra na ferida e é como se conseguisse cicatriza-la. Vemos que muitos adolescentes se emocionam e depois de chorar sorriem e se abraçam. É uma forma de abordagem que não estamos acostumados a ver no dia e dia e isso torna o Skatepoesia um sucesso”, ressalta Menucci.

TRAJETÓRIA – Skatista desde 1987, Vitor ‘Sagaz’, 41 anos, começou a rimar há cerca de cinco anos e formou seus primeiros versos baseados em experiências de vida. Há três anos, lançou o livro Skatepoesia, com 88 páginas, uma explosão autoral de sentimentos e vivências de Vitor Sagaz. “Tanto minha trajetória de vida, quanto minha experiência no skate serviram de inspiração para os poemas. Além do amor pela minha família e amigos”, explica Sagaz.

Essa veia poética permitiu que o skatista presenciasse situações de vida enriquecedoras. “Consegui unir ao skate e ir em escolas de crianças especiais, no Mato Grosso, além de ONGs como a Casa do Saber e em unidades da Fundação Casa para recitar e andar”.

Com 3 anos de skate Vitor Sagaz já percorreu praticamente todo Brasil (faltam apenas cinco estados), além de países como França, Espanha, Alemanha, Holanda, República Tcheca, Inglaterra, Suíça, Argentina e Estados Unidos (Nova York, Boston, Califórnia e Miami). Suas manobras estamparam as capas das principais revistas nacionais (Tribo -3 e Rio Skate Mag – 1), comandou durante 17 anos anos uma skate shop em Manaus (AM), além de participar de um blog no site da revista 100%Skate. Disputou o circuito profissional, mas foi nas ruas com o street que desenvolveu seu estilo. A partir daí, focou em produzir material multimídia para manter-se em evidência. No cinema, participou do filme “O Magnata”, produzido e escrito pelo músico e skatista Chorão.

Projeto Musical – Suas poesias viraram músicas e no início deste ano com o lançamento de “Máquina do Tempo”, que teve videoclipe gravado em Mongaguá, cidade que escolheu viver há oito anos.




A versatilidade de Vitor Sagaz sobressai ainda mais com o lançamento de “Boto Fé”, segundo single produzido em parceria com Alq Miztah, lançado na última quarta-feira (16/10) em todas as plataformas digitais. Numa levada rap, a composição ressalta momentos íntimos e reflexões. Surpreende o beat feito em cima da música “Coração de Luto”, do cantor gaúcho conhecido como Teixeirinha, ícone da música tradicionalista do Rio Grande do Sul, remetendo à infância de Sagaz ao lado do avô gaúcho em Manaus. “Pra mim essa letra significa um grito de libertação, cura de traumas e superação. Eu boto fé, doido!”.

Já o videoclipe tem como pano de fundo a realidade dura, porém transformadora da Ong Social Skate, projeto liderado por Sandro Testinha e sua esposa Leila. Filmado e editado por Jerri Rossato Lima (conhecido pelo trabalho realizado durante sete anos como fotógrafo oficial de Chorão, do Charlie Brown Junior), traz a mensagem de superação.

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