Sete brasileiros e um peruano nas oitavas em Sunset

Filipe Toledo/ Foto: WSL / Keoki SaguiboFilipe Toledo/ Foto: WSL / Keoki Saguibo

O sábado amanheceu com um novo swell bombando séries de 6-8 pés em Sunset Beach para a estreia dos 32 cabeças de chave da Vans World Cup no Havaí. O confronto com os 32 classificados na quarta-feira, definiu as baterias das oitavas de final e sete brasileiros passaram para o último dia do WSL Qualifying Series 2018, os já garantidos no CT 2019, Filipe Toledo, Italo Ferreira e o novato Peterson Crisanto, os que defendem vagas no G-10, Jadson André, Jessé Mendes e os que tentam entrar na lista, Miguel Pupo, Weslley Dantas e o peruano Alonso Correa também com chances matemáticas.

Italo Ferreira/ Foto: WSL / Tony Heff

A batalha pelas últimas vagas aconteceu em quase todas as dezesseis baterias da terceira fase, muitas decididas em ondas surfadas nos minutos finais, aumentando a tensão dos que precisavam passar para seguir na busca por um lugar no seleto grupo dos melhores surfistas do mundo que participam do milionário World Surf League Championship Tour. Pela primeira vez na história, a quantidade de australianos foi superada desde a criação da elite mundial em 1992 e pelo Brasil com os onze surfistas entre os top-34 da temporada 2018.

No momento, este número está se mantendo, com sete garantindo suas permanências entre os 22 primeiros no Jeep Leaderboard, Gabriel Medina, Filipe Toledo, Italo Ferreira, Willian Cardoso, Michael Rodrigues, Adriano de Souza e Yago Dora ameaçado na última posição. E quatro estão se classificando pelo QS, os estreantes já confirmados Peterson Crisanto e Deivid Silva, com Jadson André e Jessé Mendes defendendo vagas no G-10. Os dois passaram suas baterias em segundo lugar e vibraram bastante por quase dobrarem a pontuação no ranking, de 1.000 para um mínimo de 2.100 com a passagem para as oitavas de final.

Jadson quer recuperar seu lugar na elite perdido no ano passado e Jessé busca se manter, pois nesta sua primeira temporada no CT não conseguiu ficar entre os top-22, então tenta a vaga do QS novamente. A Vans World Cup ficou parada por falta de ondas na quinta e na sexta-feira e o potiguar Jadson André disputou a primeira bateria do sábado no Havaí. O mar ainda estava um pouco balançado pela entrada do swell, difícil de achar ondas boas, abrindo mais parede para manobras, mas Jadson teve uma chance no último minuto e arriscou tudo.

Ele estava em terceiro lugar na bateria e precisava de pouco mais de 5 pontos, porém o francês Charles Martin ainda pegou uma onda para defender a segunda posição e ficou a expectativa pela análise dos juízes. A nota do Jadson saiu antes, foi 6,40 que valeu a classificação porque a do francês foi 4,53, com o placar entre eles ficando em 11,73 a 11,24 pontos para o brasileiro, que segue defendendo sua vaga para o CT 2019 na nona posição no ranking. O já top Wade Carmichael venceu por 12,17 e Charles Martin saiu do evento junto com o também francês Gatien Delahaye.

ENTRANDO NO G-10 

A segunda bateria do dia também foi intensa e só definida no final. O americano Griffin Colapinto já garantido no CT, destruiu as direitas de Sunset Beach e ninguém conseguiu ultrapassar os 16,37 pontos que ele atingiu em suas duas melhores ondas. A briga pelo segundo lugar ficou entre dois concorrentes pelas últimas vagas para 2019, que já tirariam Jessé Mendes da lista se passassem. O californiano Patrick Gudauskas chegou em Sunset Beach na porta de entrada do G-10, mas o australiano Soli Bailey acabou com a chance dele se manter no CT pelo QS, podendo sair da elite um ano depois de tanto tempo para retornar.

Jessé só competiu no fim do dia, na 14.a bateria, mais uma super disputada e com dois brasileiros dentro d´agua. O havaiano Ezekiel Lau pegou as melhores ondas que entraram e atacou forte para vencer por 15,87 pontos, somando uma nota 8,87. Jessé Mendes também achou uma boa para fazer três manobras com pressão e receber 7,50 que decidiu o segundo lugar. Já o baiano Bino Lopes ficou em último e adiou o sonho do CT, enquanto Jessé voltou ao G-10 deixando dois abaixo dele na lista. Quem acabou saindo definitivamente foi o francês Jorgann Couzinet, com o australiano Soli Bailey ficando no lugar dele.

CABEÇAS DE CHAVE 

Um total de dezessete brasileiros competiu em onze das dezesseis baterias da terceira fase. Sete passaram para as oitavas de final e dez foram eliminados. Depois de Jadson André, três caíram em duas seguidas, Deivid Silva, Willian Cardoso e Lucas Silveira. Foi antes do peruano Alonso Correa derrotar dois tops do CT, detonando sua primeira onda com duas pauladas de backside que valeram nota 8,0. O francês Joan Duru seguiu com ele tentando confirmar sua permanência pelo QS e o australiano Matt Wilkinson perdeu junto com o marroquino Ramzi Boukhiam.

Em seguida, estrearam os principais cabeças de chave da Vans World Cup. O número 1, Filipe Toledo, não achou boas ondas para mostrar o seu surfe, mas fez o suficiente para passar em segundo na bateria vencida pelo sul-africano Matthew McGillivrary. Já o número 2, Italo Ferreira, fez uma das melhores apresentações do dia, ganhando a maior nota do sábado até ali – 8,73 – com as três manobras explosivas que acertou numa direita da série em Sunset Beach, finalizada com um ataque insano de backside na junção. O potiguar venceu por 15,16 pontos, mas o paulista Caio Ibelli foi a quarta baixa do Brasil na terceira fase da Vans World Cup.

A UM PASSO 

Elas continuaram no confronto seguinte, com dois tops do CT, Yago Dora e Tomas Hermes, perdendo para o português Vasco Ribeiro e o americano Tanner Gudauskas, que entram na briga pelas últimas vagas no G-10. O paulista Miguel Pupo também segue vivo na batalha, conseguindo quase a conta exata na nota da sua última onda, para tirar o segundo lugar de Adrian Buchan na bateria vencida pelo também australiano Jake Freestone, outro que se aproxima da zona de classificação.

Freestone permanece em 16.o no ranking, enquanto Pupo subiu duas posições e aparece em 18.o. Ambos estão a um passo de ultrapassar os 14.030 pontos do australiano Ethan Ewing, que já foi eliminado e é o mais ameaçado de sair do G-10. Conseguem isso se passarem para as quartas de final. Mas, não será fácil, pois estão nas baterias dos cabeças de chave número 1 e 2 do evento.

OITAVAS DE FINAL 

A do Jack Freestone é a terceira, do Filipe Toledo e Joan Duru do CT e do Ryan Callinan, primeira novidade australiana já confirmada para 2019. E Miguel Pupo entra na quinta com dois garantidos na “seleção brasileira”, Italo Ferreira e o novato Peterson Crisanto, além de um concorrente direto por vaga, o português Vasco Ribeiro.

Antes deles, o potiguar Jadson André e o australiano Soli Bailey defendem vagas no G-10 na segunda oitava de final, contra o top Sebastian Zietz e outro australiano com chance ainda, Jack Robinson. Jadson precisa chegar nas semifinais para ultrapassar a barreira dos 18.000 pontos no ranking e garantir de vez o seu retorno a elite depois de um ano fora, enquanto Bailey só atinge essa marca na grande final.

O peruano Alonso Correa também precisa chegar na decisão do título, mas para entrar no G-10 e ainda ficar entre os dois primeiros colocados para isso. Ele entra na quarta bateria com outro surfista na mesma situação, o costa-ricense Carlos Munoz. Além dele, tem o sul-africano Matthew McGillivray que supera os 14.030 pontos do ameaçado Ethan Ewing se passar para a final, com o top do CT, Owen Wright, aumentando a dificuldade para os três.

A disputa seguinte é a da participação tripla do Brasil, com Miguel Pupo e o português Vasco Ribeiro tentando classificação para o CT, contra os já garantidos Italo Ferreira e Peterson Crisanto. Depois, Jessé Mendes e o também paulista Weslley Dantas disputam as duas últimas vagas para as quartas de final com dois tops da elite, o confirmado em 2019 Michel Bourez e Connor O´Leary buscando se garantir pelo QS na Vans World Cup.

Weslley Dantas protagonizou um dos ataques mais ferozes de backside nas direitas de Sunset Beach no confronto que fechou o sábado no Havaí. Ele estava perdendo junto com o catarinense Alejo Muniz, que acabou em último e vai ter que disputar o QS por mais um ano para tentar retornar a elite.

No minuto final, Weslley achou uma boa onda para detonar três manobras muito fortes nas partes mais críticas da onda e pular para o primeiro lugar com a nota 8,33 recebida. O sul-africano Jordy Smith estava vencendo e passou em segundo, com o havaiano Tanner Hendrickson também saindo da briga pelas últimas vagas para o CT 2019. Weslley ainda tem chance, mas a condição mínima é o segundo lugar no pódio.

Por João Carvalho

Compartilhe.