Rodrigo Sphaier vence o Taiwan Open e Chloé Calmon perde o título mundial de Longboard

Rodrigo Sphaier-RJ
(Matt Dunbar / WSL via Getty Images)Rodrigo Sphaier-RJ (Matt Dunbar / WSL via Getty Images)

A carioca Chloé Calmon viu o sonho do seu primeiro título mundial de Longboard ser adiado mais uma vez pela havaiana Honolua Bay, como em 2017, quando também liderou o ranking o ano todo e perdeu na última etapa. Ela tinha feito a melhor apresentação do Taiwan Open World Longboard Championships, em sua primeira bateria no sábado de ondas difíceis de 4-6 pés em The Left. Mas, ficou na semifinal contra a francesa Alice Lemoigne e Honolua festejou o bicampeonato com a vitória em Taitung. Na outra final deu Brasil, com o saquaremense Rodrigo Sphaier derrotando o tricampeão mundial Taylor Jensen, depois de carimbar a faixa do vencedor do título de 2019, o também norte-americano Justin Quintal.

“Estou até sem palavras agora. Vencer uma etapa do Mundial era um sonho de toda a minha carreira”, disse Rodrigo Sphaier. “Eu venho competindo há muitos anos e estava começando a achar que esse dia não chegaria. Finalmente aconteceu e conseguir minha primeira vitória em ondas tão incríveis, contra um tricampeão mundial como o Taylor (Jensen), é incrível. Taiwan é um lugar fantástico e muito especial para mim. As ondas, principalmente essas esquerdas aqui de The Left, são muito boas e eu amo esse lugar”.

Rodrigo Sphaier vinha sendo um dos destaques do Taiwan Open of Surfing, principalmente depois que o evento mudou na sexta-feira para The Left, um pico de esquerdas como a Praia de Itaúna, em Saquarema, onde ele mora e sempre treina. Suas manobras no bico do pranchão no mar difícil do sábado, com ondas fortes e rápidas de 4-6 pés, fizeram a diferença. Especialmente na final, quando conseguiu a maior nota de todo o campeonato, 9,00.

O brasileiro enfrentava uma lenda do esporte, o campeão mundial de 2011, 2012 e 2017, Taylor Jensen, que impediu uma decisão sul-americana no Taiwan Open of Surfing, ao barrar o peruano Lucas Garrido Lecca nas semifinais. Rodrigo havia sido o recordista do dia na sexta-feira em The Left e faturou o título por 16,60 pontos, com as notas 7,60 e 9,00 das duas últimas ondas que surfou na bateria que fechou o renovado Circuito Mundial da World Surf League, com quatro etapas para definir os campeões mundiais da temporada.

O caminho para a primeira vitória de Rodrigo Sphaier, no sábado de mar desafiador em The Left, começou com o saquaremense passando fácil pelo havaiano Kai Sallas na terceira quarta de final, por 12,10 a 4,10 pontos. O peruano Lucas Garrido Lecca tinha acabado de despachar o inglês Ben Skinner, para fazer a semifinal com Taylor Jensen. O brasileiro também teria um duro desafio, pois o campeão mundial de 2019, Justin Quintal, fez o maior placar de todo o evento no duelo americano com Tony Silvagni, que fechou as quartas de final, 17,37 pontos com notas 8,87 e 8,50.

Nas semifinais, Taylor Jensen liquidou Lucas Garrido Lecca, logo nas duas primeiras ondas que surfou e valeram 7,50 e 7,87, para vencer por 15,37 a 13,00 pontos. Mesmo assim, o terceiro lugar no Taiwan Open World Longboard Championships, também foi o melhor resultado do peruano no Circuito Mundial. Rodrigo Sphaier já tinha feito semifinais e até finais na sua carreira, mas faltava a primeira vitória. Ele teve muito trabalho para superar Justin Quintal, mas carimbou a faixa do campeão com notas 7,00 e 8,00 em duas ondas seguidas, ganhando a última vaga para a grande final por uma pequena vantagem de 15,00 a 14,93 pontos.

As semifinais femininas rolaram antes das masculinas e Honolua Bay ganhou a primeira sem tanto esforço, pois os 11,84 pontos que conseguiu com notas 6,67 e 5,17, foram suficientes para derrotar a australiana Tully White. A havaiana teve mais trabalho nas quartas de final contra a americana Kaitlin Mikkelsen, quando precisou mostrar serviço para vencer por uma pequena diferença de 13,80 a 12,46 pontos.

Chloé Calmon competiu pela primeira vez no sábado na bateria seguinte e deu um show. A carioca fez longos “hang five” e “hang ten” no bico do pranchão para registrar os recordes femininos do Taiwan Open of Surfing. Já começou acertando tudo em sua primeira onda, para largar na frente com nota 9,17. A australiana Emily Lethbridge também foi bem na primeira dela, que valeu 7,67, mas só surfou uma onda até o fim depois e totalizou 13,17 pontos. A brasileira ainda pegou outra muito boa para somar 8,33 no recorde de 17,50 pontos.

Nas semifinais, as condições do mar ficaram bem mais difíceis, com muito vento e as ondas correndo rápido demais, então a escolha das melhores foi decisiva. A francesa Alice Lemoigne conseguiu uma melhor sintonia com as séries que entravam sem parar em The Left e liderou todo o confronto, até sacramentar sua primeira classificação para uma final no Circuito Mundial. Ela somou uma nota 6,07 com o 7,50 da sua última onda, enquanto o máximo que a brasileira conseguiu foi 6,70 na melhor dela, com o placar ficando em 13,57 a 10,70 pontos.

Chloé Calmon-RJ (Matt Dunbar / WSL via Getty Images)

Chloé Calmon-RJ (Matt Dunbar / WSL via Getty Images)

Apesar da derrota, Chloé Calmon ainda poderia ser campeã mundial, mas só se Alice Lemoigne vencesse o Taiwan Open of Surfing. A francesa até conseguiu a maior nota da bateria, 7,10, porém teve que computar um 4,87, que ela tentou aumentar nas seis últimas ondas que pegou. A havaiana Honolua Blomfield só surfou três e acabou vencendo por 12,17 a 11,97 pontos, com as notas 6,17 e 6,00 que recebeu em duas ondas seguidas.

Chloé Calmon e a havaiana campeã mundial de 2017, travaram uma grande batalha pelo título deste ano. Elas se enfrentaram em confrontos diretos nas finais das três primeiras etapas, antes de Taiwan. A brasileira ganhou as duas primeiras, na Austrália e na Espanha. A havaiana quebrou a invencibilidade da carioca nos Estados Unidos e a vitória na única etapa de 10.000 pontos em Taiwan, confirmou seu segundo título mundial.

“Estou muito feliz e agradecida por fazer parte desse evento com altas ondas essa semana”, disse Honolua Blomfield. “Todas as probabilidades estavam contra mim, mas eu sempre acreditei que poderia vencer, então só me concentrei em cada bateria e tudo se encaixou, para eu estar aqui agora com mais um título mundial. É sempre assustador competir contra a Chloé (Calmon). Ela é uma surfista incrível e sempre tira o melhor de mim. Eu só quero agradecer à minha família e patrocinadores, por sempre me apoiarem. Ainda não consigo acreditar que sou campeã do mundo novamente”.

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