Medina fica a três baterias do bicampeonato mundial

Gabriel Medina/ Foto: WSL / Kelly CestariGabriel Medina/ Foto: WSL / Kelly Cestari

O título mundial do World Surf League Championship Tour 2018 pode ser decidido nesta segunda-feira e Gabriel Medina segue na busca pelo bicampeonato no Havaí. Ele achou os tubos em Pipeline no mar difícil do domingo para ganhar mais uma bateria e fica agora a três passos do título de 2018, que garante se passar pelas semifinais. O bicampeonato pode ser confirmado também se o australiano Julian Wilson não chegar na final. Filipe Toledo saiu da briga com os tubos surfados por Kelly Slater no Backdoor, na bateria que fechou o domingo.

Gabriel Medina / Foto: WSL / Ed Sloane

“Eu estava muito excitado à noite toda para acordar e finalmente ver as ondas bombando de novo, depois de tantos adiamentos”, disse Medina. “Eu achei até que as ondas iriam estar maiores, mas estão muito boas, pelo menos para mim que peguei alguns tubos muito bons em Pipe. É muito divertido quando você encontra os tubos, mas é um desafio, porque não está fácil de achar. Agora, já estou focado na minha próxima bateria e espero encontrar mais tubos para seguir buscando meu objetivo aqui”.

Além de Medina, mais dois brasileiros avançaram para disputar classificação para as quartas de final na rodada que vai abrir o último dia do Billabong Pipe Masters em homenagem à Andy Irons. O paulista Jessé Mendes ganhou duas baterias no domingo para seguir liderando o ranking da Tríplice Coroa Havaiana e brigando pelo título, fase a fase com Joel Parkinson. Já o catarinense Yago Dora, confirmou sua permanência na elite do CT quando despachou o campeão do Pipe Masters no ano passado, o francês Jeremy Flores.

A primeira chamada para a quarta fase, que classifica para as quartas de final os dois primeiros colocados em cada bateria, é as 7h30 da segunda-feira no Havaí, 15h30 no horário de verão do Brasil. Gabriel Medina vai entrar com a lycra amarela do Jeep Leaderboard na segunda bateria, com o taitiano Michel Bourez e o havaiano Sebastian Zietz.

Se passar essa, Medina fica a duas vitórias para festejar seu segundo título mundial, pois para ele a decisão é nas semifinais. O único que pode impedir o bicampeonato esse ano é Julian Wilson, que precisa chegar na final para superar a pontuação atual do líder do ranking. Se o brasileiro chegar nas semifinais, o australiano tem que vencer o campeonato para ganhar o título mundial, desde que Medina não seja o outro finalista.

Julian está na terceira bateria com Joel Parkinson tentando seu quarto título na Tríplice Coroa Havaiana para fechar a carreira com chave de ouro, e o estreante em Pipeline, Yago Dora, agora já garantido no CT 2019. E Jessé Mendes vai disputar as duas últimas vagas para as quartas de final com a fera Kelly Slater e o francês Joan Duru, que praticamente confirmou sua permanência na elite também no domingo, tirando o português Frederico Morais do grupo dos 22 primeiros do Jeep Leaderboard que são mantidos no CT da World Surf League.

DOMINGO TENSO

O domingo foi um dia de muita tensão em cada bateria. Pela condição difícil do mar, com ondas de 6-8 pés e algumas séries entrando com até 10 pés durante a tarde. A maioria fechava rápido e muitas baterias tiveram notas muito baixas. Mas, grandes tubos foram surfados nas esquerdas de Pipeline e nas direitas do Backdoor durante o dia. E por ser a última batalha do ano, decisiva tanto para definir o campeão mundial da temporada, como na disputa pelas últimas vagas para a elite dos top-34 do CT 2019.

A briga do título mundial começou logo na primeira bateria do dia, com Filipe Toledo achando um tubaço em Pipeline para derrotar o havaiano Benji Brand na abertura da repescagem. Os outros dois concorrentes já estavam na terceira fase por terem estreado com vitórias na rodada inicial. Gabriel Medina foi o primeiro a competir e respondeu a cada ataque do havaiano Seth Moniz, com um tubo melhor. O havaiano pegou um no Backdoor que valeu 6,33 e Medina deu o troco num maior e mais profundo em Pipeline para tirar 7,70. Seth surfou mais um para reassumir a ponta com 5,50 e Medina achou outra esquerda no último minuto para fazer um tubo nota 6,60, que confirmou a vitória por 14,30 a 11,83 pontos.

No domingo, foi utilizado o sistema “dual heat”, ou seja, com duas baterias sendo disputadas simultaneamente. A duração aumentou para 40 minutos, sendo que nos 20 primeiros minutos a prioridade para escolher as ondas era dos surfistas que já estavam competindo e assim sucessivamente. Julian Wilson entrou logo depois de Medina, quando Yago Dora estava no mar derrotando o francês Jeremy Flores por 5,27 a 2,64, surfando o único tubo da bateria. A do australiano com o paulista Miguel Pupo também foi fraca de ondas e o brasileiro surfou um tubaço no final que assustou Julian Wilson, mas ele venceu por 8,43 a 7,00 pontos.

“Eu deixei Pipe e Backdoor decidirem meu destino lá fora e usei toda a minha experiência para ter paciência”, disse Julian Wilson. “Eu apenas tentei me colocar bem dentro do mar e nunca desistir até o fim. Foi uma bateria difícil, as ondas estão difíceis, então é preciso estar no lugar certo e ter um pouco de sorte. Estou animado e espero ter um bom desempenho no dia final”.

Depois de Medina e Julian passarem suas baterias, ficou a pressão para Filipe Toledo, que entrou na última do dia com o recordista de titulos no Pipe Masters. E Kelly Slater mostrou toda a sua técnica e experiência para surfar dois tubaços no Backdoor e vencer fácil por 15,60 a 6,77 pontos. No melhor deles, ficou bem profundo e saiu depois da baforada para ganhar nota 8,67. Filipe até buscou os tubos também, porém não foi feliz e terminou como o terceiro melhor surfista do mundo em 2018. Certamente, vai brigar pelo título nos próximos anos.

“Eu tomei uma pancada muito forte no final de uma onda e ficou tudo preto por alguns segundos”, contou Filipe Toledo. “Estou triste agora, mas ao mesmo tempo foi uma honra surfar com o Kelly (Slater) num mar pesado como hoje (domingo) em Pipe. Mas, estou certamente orgulhoso de mim mesmo pelo que fiz esse ano. Eu tive um ano incrível como pai, como filho e como surfista profissional. Nós trabalhamos tanto o ano todo, mas isso é o surfe, então é continuar trabalhando que ano que vem tem mais”.

Por João Carvalho

Compartilhe.