Maju Freitas “brilha” em Floripa

ois dias antes do início do evento, ela sofreu uma lesão no joelho esquerdo e quase ficou de fora. Competiu na superação, com dores ao fazer as manobras, e deu um show, com direito a melhor nota da competição, inclusive entre os atletas das categorias masculinas, arrancando um nove dos juízes. No domingo (29), a comemoração foi da carioca Maju Freitas na abertura do Rip Curl Grom Search 2017, na Praia da Joaquina, em Florianópolis/SC. Já os “donos da casa” garantiram duas vitórias caseiras, com Lucas Vicente, na mirim (sub16) e Léo Casal, na iniciante (sub14). O paulista Roberto Alves, completou a lista dos vencedores, levando a melhor na grommet (sub12). Maju já vinha de uma atuação excelente na semi, ao garantir a maior nota do evento, com duas manobras muito fortes, numa direita, com uma rasgada e depois um layback. “Nessa hora, o joelho gritou”, brincou a vencedora. Na final, ela voltou a ser superior e confirmou a vitória com uma esquerda muito boa, para tirar um oito, somando 11,65 contra 10,30 de Carol Bonelli, também do Rio de Janeiro.

Foto Basilio Ruy

Foto Basilio Ruy

Na grommet, única final sem catarinenses, Roberto Alves fez uma disputa acirrada com o também paulista Gabriel de Souza, que fez uma etapa muito boa. Na final, Robertinho somou 11,50 contra 9,15 de Gabriel. O potiguar Alysson Matheus terminou em terceiro, seguido de outro paulista, Murillo Coura. “Foi irado vencer aqui e quero muito seguir bem nas outras etapas. E o mais legal foi que o Gabriel Medina estava acompanhando”, disse o surfista de 11 anos. Na iniciante, Leo Casal teve um forte rival, o cearense Cauã Costa, que na semifinal assegurou a segunda maior nota do final de semana, um 8,9. Na decisão, melhor para o catarinense – 14,15 contra 13,00. Os paulistas Diego Aguiar, em terceiro, e Rodrigo Saldanha, em quarto, completaram o pódio. “Como era a minha primeira competição sub14 e todo mundo estava quebrando, fiquei um pouco tenso. Mas escolhi bem as ondas e deu certo. Esse campeonato é muito importante, porque dá muita visibilidade. E agora é ir para Geribá e tentar vencer de novo”, disse o atleta de 12 anos.

Na última final do dia, muita emoção, com alternância na ponta. Lucas Vicente saiu na frente, com um 8,25. Depois foi a vez do paulista Eduardo Motta e de Daniel Templar, do Rio de Janeiro. Apenas o atual campeão do Circuito, o também catarinense Leonardo Barcelos, não assumiu a liderança na bateria, mas mostrou porque ano passado venceu as três etapas. No final, Lucas assegurou o primeiro lugar com um 7,85. Eduardo Motta cometeu uma interferência ao atrapalhar a onda de Templar e foi penalizado com a perda de parte de uma de suas notas. Ele precisava de 9,70 para vencer, fez um aéreo muito alto, mas não conseguiu concluir a manobra. Se voltasse, certamente levaria o dez e a vitória. “Meu pé de trás escorregou. Uma pena”, lamentou Mottinha, que já ergueu a taça do Rip Curl Grom Search na grommet.

Para Lucas Vicente, a vitória teve um sabor especial, por ser em Florianópolis, na praia onde treina. “Não tem sensação melhor do que ganhar em casa. Cheguei do Havaí na quinta-feira, treinei dois dias e queria muito essa vitória. Agora é ir para cima nas duas próximas etapas para garantir esse título importante e representar o Brasil lá fora”, festejou Lucas. Para ter uma ideia do alto nível da categoria, Eduardo Motta garantiu a maior somatória do evento, com 16,60 pontos de 20 possíveis, na semi. Lucas fez 16,15 também na semi e 16,10 na final. Maju entrou na lista, com 15,25 na semi feminina, e depois aparecem Leonardo Barcelos no round 2 da mirim e Cauã Costa, com 14,65 da semi.

Fora do mar, o evento também contou com vários atrativos. Pula-pula, distribuição de pipas, massagem para os atletas, espaço Vult Cosmética com pintura de unhas e maquiagem para as mulheres, e o Pico Guaraná, com a pintura de pranchas com o artista Marcello Macarrão, surf mecânico e a distribuição de misturas de Guaraná Antarctica. No sábado à noite, os atletas se reuniram na festa de confraternização, tradição nos eventos, confirmando o slogan “Muito Mais do que um Campeonato de Surf”. Mas sem dúvida, a grande atração na praia foi Gabriel Medina, que iniciou a carreira competindo no Rip Curl Grom Search, já foi campeão internacional do evento, em 2010, na Austrália, e aproveitou para torcer pela irmã caçula, Sophia Medina, que chegou até as semifinais.

“Esse é um campeonato que tem uma importância muito grande. Não só aqui no Brasil, mas lá fora. Foi onde me destaquei e muitos dos surfistas que estão na elite mundial, passaram por aqui. Lembro que quando ganhei esse circuito, foi a minha primeira passagem para a Austrália e ganhei um curso de inglês, que ajudou muito. Tive a oportunidade de conhecer meus surfistas favoritos, como Mick Fanning e Kelly Slater, porque foi junto com o WCT. Isso foi incrível e me ajudou bastante”, contou. “Fiquei feliz em estar aqui e vendo essa nova geração”, reforçou.

Leucemia – Outro momento de emoção foi o encontro do paranaense da Ilha do Mel, Lucas Cainã, de 11 anos. Recém curado no tratamento de cinco anos contra a leucemia, o fã de Medina tinha acabado de perder na semifinal da grommet e recebeu um abraço do ídolo, que soube da história do menino. “Você está forte, está preparado”, disse Gabriel, presenteando Lucas, com um boné autografado – Tamo Junto Guerreiro. “Foi muito legal. Me deu ânimo para seguir em frente”, disse o pequeno surfista. No total, o Rip Curl Grom Search 2017 terá três etapas, com a próxima disputa nos dias 11 e 12 de fevereiro, na Praia de Geribá, em Búzios/RJ, e a final nos dias 11 e 12 de março, na Praia de Maresias, em São Sebastião/SP.

No total, surfistas de 10 estados disputaram as quatro categorias e o que se viu foi um show de manobras da nova geração. Apontado como o principal campeonato de surf de base do País, o Rip Curl Grom Search abriu a temporada 2017 e garantirá aos campeões da mirim e da feminina as vagas para a final internacional do evento, em 2018, em algum lugar do Mundo, com passagens aéreas e hospedagem.

Fotos Basilio Ruy

Por Fábio Maradei

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