Geraldo Rinaldi, o início de uma carreira

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Durante a janta de resgate do surfe lagunense feito pela ASL (Associação de Surf de Laguna), estimulada pela passagem do Circuito The Legends Vida Marinha pela cidade, o Legend Local Gilmar Rinaldi (vulgo Ratão), após algumas Coronas bem geladas, começou a contar a sua história na carreira de Shapper (fabricante de pranchas), prendendo a atenção de todos que estavam na sua volta. Rinaldi é um dos Shappers mais antigos da região. Começou com a marca Bali Light, e depois se estabeleceu como GR Surfboards.

Geraldo começou o resgate lembrando que: “Pra mim ter uma prancha, eu tive que fazer, porque eu queria uma prancha e ninguém queria me dar a prancha. Dai eu fui fazer, mas nunca tinha visto uma prancha na minha vida, comprei dois tocos de madeira e fui la fazer uma prancha. Meu primo viu o que eu fiz, pegou dois tocos de madeira e também e fez a prancha dele, que ta lá em casa e é bem legal. Eu não lembro que ano era isso. Depois de eu fazer a prancha, de tão teimoso que eu era, ai o meu pai resolveu me dar uma”.

Confirmando os relatos dos outros Legends Locais que estavam na janta e falaram sobre o início do surfe no município, Ratão disse que “só tinham surfistas na praia da Vila, e aqui quando dava vento sul, só surfavam cariocas e paulistas entre a praia da Vila e os Molhes da Barra, ai eu fui la ver as pranchas dos caras, quando consegui comprar uma, comecei a surfar”.

“A minha segunda oportunidade de fazer prancha foi por falta de grana, a prancha custava muito caro, eu morava em Floripa e não tinha como comprar, ai eu fiz duas pranchas e levei pro Nabor laminar e lixar. Foi quando eu realmente comecei a fazer prancha. Tudo por necessidade, curiosidade e vontade, não teve nenhum momento assim -hoje eu vou começar a fazer-.”, finaliza o Shapper.

Fernando Lopes, Locutor Local da ASL, perguntou para Geraldo: “Com a evolução, todos começaram a gostar das tuas pranchas e você começou a shaper pro Campeão Brasileiro (Paulinho do Tombo)?”.

“Não, acho que foi uma sorte da época de quando eu entrei também, porque quando eu comecei a fazer prancha não tinha ninguém fazendo, ai as coisas apareceram. O Netão (Mormaii) era amigo meu desde a época de Floripa, eu tinha feito uma prancha pra ele, e ele chegou um dia aqui em casa e disse: tem um cara aqui que ta precisando de umas pranchas, e quem sabe tu faz umas pra ele, então eu disse tudo bem, vamos fazer umas pranchas pra ele experimentar. Mas, eu nem imaginava que isso daria resultado, que o cara seria campeão nacional, eu não tinha relação nenhuma com ninguém, foi em função pelo Netão.”, respondeu Geraldo.

“Mas antes disso tinha outra história, o Picuruta Salazar acho que não citou isso no filme dele, o que eu acho que foi uma injustiça, não vi o filme, mas, eu que criei o Picuruta, pois quando teve o campeonato em Santa Catarina, eu morava em Floripa, por intermédio do Mauro Rabeler que trouxe uns caras de Santos pedindo arrego, pois não tinham dinheiro, eles moraram um mês lá em casa na Lagoa da Conceição, ai o Picuruta ganhou o campeonato. Depois veio o Almir Salazar e pediu umas pranchas pra ir pro Hawaii. Então saiu uma página com três fotos na revista Star Point, com as pranchas Bali Light. Só depois que veio o Paulinho do Tombo.”, Lembra Ratão.

“Minha carreira foi consequência do envolvimento de um monte de gente, assim como o que está acontecendo aqui hoje, a união de pessoas, várias coisas vão acontecendo. Se tu fica isolado, se isola, e não quer contato, não vai. É o que aconteceu com o surfe de Laguna, mas se você se comunica, você se associa, participa das coisas, as coisas vão acontecendo, vão amadurecendo, talvez você cresça junto, talvez você se desponta e de repente você aparece mais do que imagina.”, finaliza o Legend.

Uma voz ao fundo complementou: “a gente não tem que crescer individualmente, a gente tem que crescer juntos!”.

O circuito – O Circuito é composto por 4 etapas, realizadas em algumas das melhores praias para o surfe em Santa Catarina. As próximas etapas acontecerão em 27 e 28 de julho (Garopaba); 19 e 20 de outubro (São Francisco do Sul); 14 e 15 de dezembro (Florianópolis). Como premiação, o Circuito distribuirá um total de R$10.000,00 em dinheiro por etapa, além de somar 1.000 para o Ranking Brasileiro Master Profissional da ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional).

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