Filipe Toledo tem o melhor desempenho em Newcastle

Filipe Toledo dando show em Newcastle / Foto Cait Miers 
Filipe Toledo dando show em Newcastle / Foto Cait Miers

Os brasileiros conquistaram a maioria das vagas para as oitavas de final do Rip Curl Newcastle Cup apresentado pela Corona, disputadas na quinta-feira na Austrália. Os campeões mundiais Gabriel Medina, Italo Ferreira e Adriano de Souza, foram os primeiros a se classificar e mais três passaram nos últimos duelos do dia, Deivid Silva e Filipe Toledo e Yago Dora que deram um show nas ondas de 3-5 pés de Merewether Beach. A segunda etapa do World Surf League Championship Tour 2021 deve prosseguir na sexta-feira e a primeira chamada do dia será as 6h45 na Austrália, 17h45 da quinta-feira no Brasil.

O destaque do Brasil foi Filipe Toledo, que usou seu arsenal de manobras modernas e progressivas, acertando aéreos incríveis para liquidar o italiano Leonardo Fioravanti com o segundo maior placar do Rip Curl Newcastle Cup. Os 16,23 pontos que atingiu com as notas 8,23 e 8,00 das suas melhores ondas, só não superaram os 17,13 do australiano Morgan Cibilic, que tirou uma nota 9,03 para despachar o bicampeão mundial e líder do ranking 2021, John John Florence, no quinto confronto do dia.

A surpreendente derrota do havaiano para um novato na elite do CT, deixou o caminho livre principalmente para os brasileiros Gabriel Medina e Italo Ferreira assumirem a ponta do ranking. Os dois últimos campeões mundiais estão respectivamente na segunda e terceira posições e venceram suas baterias. Medina competiu na primeira da quinta-feira, quando o mar estava bem inconsistente. Tanto que foi preciso utilizar a regra de ser reiniciada, porque não entrou nada de ondas nos 10 primeiros minutos.

Mas, a primeira série surgiu logo após o primeiro dos dois toques da buzina de recomeço e Medina pegou uma onda que rendeu boas manobras. Só que não valeu. O australiano Connor O´Leary então acabou abrindo o confronto com uma nota baixa. Medina logo responde destruindo a onda seguinte, variando quatro manobras de borda executadas com bastante pressão e velocidade que valeram 7,33. Com ela, controlou toda a bateria e ainda acertou um aéreo 360 de backside em outra direita para vencer por 12,16 a 9,60 pontos.

“Foi uma bateria complicada e rolou aquela situação no início. Eu não sabia que tinha dois toques e quando soou a buzina, já remei e entrei na onda, quando tocou de novo”, contou Gabriel Medina. “Mas, eu sabia que precisava de uma nota boa nessa condição do mar e estou bem feliz por ter passado. O Connor é um ótimo surfista e eu só queria mais oportunidades para surfar. Essa é a primeira vez que estou sem o meu pai aqui, mas está sendo bom ter o Andy (King) como técnico. Eu falei com o Mick (Fanning) que estava procurando alguém e já sinto que ele está me ajudando bastante, entende muito de surfe”.

Gabriel Medina agora vai enfrentar o português Frederico Morais na batalha pela primeira vaga nas quartas de final do Rip Curl Newcastle Cup. Se passar por ele, já ultrapassa os 11.330 pontos que John John Florence ficou no ranking e tira a lycra amarela do Jeep Leaderboard do havaiano. Medina aumentou para 5 a invencibilidade sobre Connor O´Leary em baterias do CT, mas contra Frederico o confronto é mais equilibrado, está empatado em 3 a 3.

Outro campeão mundial foi o segundo brasileiro a competir na quinta-feira. Adriano de Souza reeditou a final da sua vitória na etapa do WSL Qualifying Series de Newcastle em 2008 com o francês Jeremy Flores. Mineirinho teve paciência para escolher as melhores ondas e vencer de novo, aumentando para 12 a 3 a larga vantagem de vitórias em baterias contra o francês em etapas do CT. Adriano já completou 500 baterias disputadas com os melhores surfistas do mundo na sua carreira, que ele está encerrando nesta 15.a temporada seguida na divisão de elite da World Surf League.

“Basicamente, só tentei relaxar, pois não estou mais lutando por pontos e sim pelo meu melhor desempenho”, disse Adriano de Souza. “Na primeira fase sempre tem um nervosismo e eu perdi por 0,02. No rounde 2 me senti mais preparado e em sintonia logo quando pisei na prancha. Agora já estava mais aliviado, mais solto e meu surfe está de volta nos trilhos. É legal também ter essa relação e rivalidade antiga com o Jeremy, desde a nossa adolescência. Acho que ele entrou no CT um ano depois de mim, então, apesar de sermos jovens, já somos veteranos no Tour. Tenho muito respeito por ele e só quero continuar mostrando o meu surfe”.

O próximo adversário de Adriano de Souza é Julian Wilson e o australiano tem uma vitória a mais nas 7 baterias que eles se enfrentaram no CT. Quem ganhar essa, vai disputar a primeira quarta de final do Rip Curl Newcastle Cup com o vencedor do duelo entre Gabriel Medina e Frederico Morais. Julian Wilson foi o campeão do QS 5000 de Newcastle em 2020, o penúltimo evento antes da WSL cancelar o Circuito Mundial por causa da pandemia do Covid-19.

Depois de duas vitórias, veio a primeira baixa do Brasil na terceira fase numa bateria fraca de ondas. Por apenas 9,60 a 9,00 pontos, Miguel Pupo foi eliminado pelo australiano Owen Wright e terminou em 17.o lugar na primeira das quatro etapas da “perna australiana” do CT 2021. O atual campeão mundial Italo Ferreira entrou na disputa seguinte e o mar melhorou, ficando bem parecido com o da sua casa, com direitas como as do Pontal de Baía Formosa.

Estava perfeito para o potiguar mostrar a força do seu backside e ele imprimiu um ritmo forte no início da bateria. Nas primeiras ondas que surfou, mandou rasgadas invertendo a rabeta, tail slides, batidas variadas, atacando do início ao fim para largar na frente contra Jackson Baker com notas 7,00 e 5,00. Só no final, o surfista local de Newcastle fez sua melhor onda que ganhou nota 5,70. Mas, Italo respondeu com uma série de manobras para somar 5,80 na vitória por 12,80 a 11,20 pontos. Italo está na briga direta pela ponta do ranking e nas oitavas de final vai enfrentar o californiano Griffin Colapinto.

“Procurei ficar bem ativo e peguei várias ondas, mas na última do Jackson (Baker) ouvi a torcida gritando na praia e senti que ele tinha surfado uma boa. Mas peguei outra na sequência e deu tudo certo”, disse Italo Ferreira. “Notei que outros surfistas estavam ganhando notas boas com uma manobra forte e foi isso que tentei fazer. As ondas hoje estavam bem parecidas com as de Baía Formosa e quis pegar várias ondas para somar notas. Essas semanas aqui estão sendo bem divertidas e estou bem feliz por estar competindo de novo”.

Após a vitória do campeão mundial de 2019, mais seis brasileiros competiram nas cinco últimas baterias da terceira fase. A série começou com um duelo verde-amarelo e Deivid Silva pegou as melhores ondas para vencer Caio Ibelli por 10,50 a 8,74 pontos. Na sequência, vieram duas derrotas por pequenas diferenças e com os brasileiros tirando a maior nota das baterias. Alex Ribeiro perdeu por 11,50 a 10,40 para o sul-africano Jordy Smith e Peterson Crisanto por 11,84 a 11,37 para o californiano Conner Coffin.

Para compensar, os brasileiros deram um show para vencer os confrontos que fecharam a quinta-feira. O catarinense Yago Dora acertou alguns aéreos e manobras inspiradas no skate para despachar o australiano Jack Freestone com a maior pontuação verde-amarela até ali, 12,84 a 10,83. Filipe Toledo foi mais espetacular ainda e somou notas 8,23 e 8,00 na vitória sobre Leo Fioravanti com o segundo maior placar do campeonato. Agora, Filipe e Yago vão se enfrentar na disputa pela última vaga para as quartas de final desta segunda etapa do WSL Championship Tour 2021.

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