Federação de Skate do Paraná inicia uma operação Lava-Skate

Em um momento histórico e decisivo, a inclusão do skate nas olimpíadas em 2020 valorizou ainda mais o esporte, já em evidência pelo grande número de brasileiros campeões mundiais, e é vista como um dos motivos de uma disputa política entre organizações que pretendem representar os atletas do Paraná. Hoje, praticado por um grande número em todas as idades e em todo o território nacional, levantamentos mostram números na casa dos milhões, como os milhões em verbas destinadas a ele pelo Comitê Olímpico Brasileiro.

Em 15 de dezembro de 2018, a eleição para a nova diretoria da Federação de Skate do Paraná foi marcada por enormes controvérsias, discussões acaloradas em uma assembléia curiosamente sem a presença de qualquer membro da diretoria atual, sem a obrigatória prestação de contas em que pesam denúncias de mal uso do dinheiro público (2,8 milhões) e pior, um inquérito criminal sobre suspeita de crime sexual pesa sobre o candidato e presidente afastado Adalto Elias Pereira.

Tudo começou em agosto de 2018, quando surgiu o Movimento Skate Ordem e Progresso um grupo de skatistas querendo uma nova gestão, mais ética, mais eficaz e transparente na Federação de skate no Paraná. Neste embalo para avançar no projeto o movimento reúne várias gerações de praticantes, atletas, empresários e pessoas envolvidas com a Cultura do Skate. Junto a eles várias associações de skatistas e grupos insatisfeitos com a gestão da federação paranaense abraçaram a causa.

O Estado que já foi considerado celeiro do skate nacional, hoje conta com poucas pistas aptas para treinos, principalmente na Capital, pouco ou nenhum incentivo para os atletas, como o caso do skate feminino, retirado do Circuito Paranaense por quatro anos, retornando somente em 2018, após o anúncio do Skate nas Olimpíadas.

Apesar da enorme soma de dinheiro arrecadado com patrocínios e apoios (quase 3 milhões na última gestão) pouco de relevância foi feito, sem a menor transparência”, justifica o movimento em comunicado.

O grupo atribui a atitude a um “declínio do skate em todos os cenários, ocasionado por uma gestão pouco eficiente, além de um imbróglio jurídico causado por denúncias sofridas pelo atual presidente da entidade, Adalto Elias Pereira, acusado de exploração sexual contra três supostas vítimas, que têm entre 15 e 17 anos.” Mesmo afastado das funções na federação, a pedido do Ministério Público, desde o fim do ano passado, Adalto encabeçava a chapa eleita para dirigir a entidade.

O Movimento Ordem e Progresso, oposição nas eleições, afirma que a Federação a mando de Adalto operou um grande conluio para sua reeleição: “O Presidente da mesa contratado pela federação, em sua primeira vez realizando uma Assembleia, tem parceria com o advogado de Adalto, que estava presente no local e atuando em favor deste. Em combinação com o advogado da federação, desobedeceram desde a ordem do dia, até à recomendação da CBSk, esta presente por emissário. Não bastasse, não apresentaram a prestação contas alegando o afastamento de Adalto.”

Durante o pleito os dirigentes da assembleia criaram exigências inexistentes para anular os votos da oposição: “Nós tínhamos 14 votos contra 8 deles, mas inventando exigências não constantes no edital, ou até mesmo legislando a seu favor, eles foram anulando votos nossos, um a um. Em um momento da assembleia exigiram o estatuto social da cada uma das associações presentes, mesmo os tendo em sua sede e assim, com todas estas exigências, dez votos de associações da oposição foram anulados”, afirma Fernando Johnson, candidato à presidência.

Johnson reclama que os filiados não foram informados da suposta falta de documentação com a devida antecedência, pois na época do edital de convocação a federação estava fechada. O site várias vezes ficara fora do ar…

“A gente não conseguia informação sobre qual associação estava ativa, qual não estava.” A Federação esteve fechada o mês inteiro da convocação, abrindo apenas na véspera para inscrição das chapas, recebida por um voluntário, não por um membro da Federação.

“O observador da Confederação, em apoio ao pedido da Chapa Skate Ordem e Progresso, sugeriram adiar a eleição e que se continuasse em outra data, 15 de janeiro, dando tempo para prestação de contas e sua análise e também para as associações arrumarem a documentação.

Negado mais uma vez o desejo da maioria das associações presentes, todos nos levantamos e nos retiramos em repúdio e desobediência ao circo ali armado. “Diante impossibilidade voz e voto, direitos garantidos no estatuto e totalmente desrespeitados na assembleia, e temendo pelo pior devido ao calor dos ânimos, inclusive com a necessidade da presença da guarda municipal, demos as costas para a federação.”

Quanto ao Adalto, tendo este participado Johnson comenta: “Já existiam duas decisões contra ele e mesmo assim Adalto se inscreveu para um 3º mandato, o que também é vedado pelo estatuto. Eleita a chapa, não podendo assumir nem por seu procurador ali presente (dr Ivan), Adalto colocou o vice, como na gestão anterior”, afirma Johnson.

Notificada pela chapa perdedora com o pedido de anulação, o próprio Adalto recebeu e assinou a notificação como presidente da entidade, em total desobediência ao ministério público. Sabedor do seu erro, a resposta da federação veio assinada pelo vice-presidente, agora presidente. Alegaram mera insatisfação com o resultado.

Foi aí que a PRa Skate ressurgiu. Atuando discretamente no apoio de projetos a já dissidente associação abriu as portas ao Movimento. Hibernada por falta de patrocínios, mas sempre atuando nos bastidores em favor do skate, a OSCIP criada em 2016 resolveu apoiar os dissidentes da FSP, elegendo uma nova diretoria composta fundamentalmente pelo grupo de oposição, quando este decidiu organizar o skate através de outra Liga para representar a categoria e assumir o lugar da atual agremiação, já condenada por seus atos.

Famosa por suas ações pontuais, a PRa Skate participou na organização de um evento com mais de 30 mil skatistas, o Go Skate Day Curitiba. “Juntou o skateboard com a vontade de andar. A estrutura herdada é enxuta, cristalina, criada e comandada pelos melhores do setor. Estruturada de forma profissional e legalmente preparada, tem do melhor para a evolução do skateboard Paranaense”, afirma Johnson. “Será uma honra e um privilégio assumir sua direção!”

“Por conta da assembleia forjada e de tantas irregularidades, agora se justifica o pedido de prestação de contas financeira e administrativa da Federação, bem como acompanhar seus processos inclusive do presidente afastado”.

Sabedora da situação da FSP, a CBSk consultou seu departamento jurídico a respeito desta e de outras denúncias, mas ainda sem resposta. No aguardo… Vale ressaltar o apoio que recebemos do MP e do Secretário do Esporte Sr João Barbiero, inclusive fez um pedido de interferência da CBSk na Assembleia da FSP , que enviou um “observador”.

A Resposta da Federação

Acusado de exploração sexual, presidente alega “armação política”.

O presidente afastado da federação, Adalto Elias Pereira, atribui as denúncias de abuso sexual contra ele a uma “armação política”. “Isso tudo foi armação política. Vou provar na Justiça que não devo nada. São acusações de adversários. Esse processo foi na eleição de 2013. Fizeram a mesma acusação”, responde.

Pereira afirma que sua reeleição foi legítima e que seguiu o estatuto da federação. “Todos os concorrentes tem possibilidade para isso (vencer a eleição). Se não aceitou o resultado da eleição eles tem direito de ir atrás. Estou afastado. Concorri a eleição porque não tinha impedimento. O afastamento era para não trabalhar na federação. Mas eu não participei da eleição. Quem participou da eleição foi um procurador meu (o advogado Ygor Salmen)”, afirma.

O presidente afastado afirma que as denúncias de abuso sexual e outra que questionou as contas da federação tem o intuito de tirá-lo da federação e que a tentativa de criar uma nova entidade é pelo fato de a oposição não aceitar o resultado. “Ganhamos, por isso que eles estão correndo atrás. Mesmo se eu renunciar à federação quem assume é o vice-presidente (Jhonatan Moraes dos Santos). Só não concorreu (as associações filiadas que votaram) quem estava com documentação irregular. Se você é filiado a um clube e não paga mensalidade não tem direito a voto”, justifica. (no caso, não há cobrança de mensalidade e as exigências de documentação não existiam no edital, tampouco foram informadas pela federação)

Adalto Pereira afirma que a ação que questionou as contas já foi sanada. “Eles entraram antes da eleição, as duas chapas, entraram no MP questionaram a prestação de contas da federal. Na semana passada o MP deu retorno dizendo que está tudo em dia, deu um parecer favorável”, garante. (na verdade, o juiz julgou a Procuradoria do Terceiro Setor incompetente para promover a ação, e sem qualquer perícia afirmou absurdamente “não parecer haver irregularidades” o que é totalmente vago). O recurso será oposto e uma nova ação será proposta para a prestação de contas da Federação.

Adalto, em setembro de 2018, foi afastado das funções de forma liminar a pedido do Ministério Público do Paraná, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Infrações Penais contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Curitiba. A denúncia é pela prática do crime de exploração sexual contra adolescentes. Conforme denúncia recebida pela Promotoria, o acusado atraía os jovens com a promessa de benefícios materiais, como peças de skate. No momento da retirada dos equipamentos, o homem pedia em troca a “realização de atos sexuais”. Os crimes teriam sido praticados na sede da Federação, no bairro Tarumã, em Curitiba.

Além de afastado cautelarmente de suas atividades na FSP, conforme a liminar, o acusado deve “abster-se de exercer qualquer função ou atividade ligada à Federação, estando, ainda, proibido de adentrar as sedes da referida agremiação e instituições filiadas, campeonatos esportivos, estabelecimentos recreativos ou quaisquer eventos voltados ao público infanto-juvenil”.

O processo está em segredo de justiça. O advogado de Adalto, Ygor Salmen, afirma que a ação aguarda espaço na pauta de audiências da vara da infância do Tribunal de Justiça. “A secretaria está abarrotada de processo. E nós cobramos, inclusive, que se designe a audiência porque somos os mais interessados em esclarecer”, diz.

O advogado respalda sua tese no argumento de perseguição política. “O que posso dizer é que há neste processo, sim, ‘armação política’. Esse mesmo grupo vem realizando uma série de denúncias contra Adalto desde 2013 e todas até agora foram arquivadas. Inclusive, a última relacionada à prestação de contas foi arquivada pelo Ministério Público”, defende.

De acordo com o advogado, as associações de oposição não souberam participar do processo eleitoral e, por isso, agora querem anular a eleição. O que acontece é uma insatisfação de um grupo que não consegue consolidar exigências mínimas para compor uma associação. Não apresentam sequer a documentação necessária para concorrer. Porém, alegando que não poderia votar quem não tinha a prestação de contas de 2017/2018, conforme orientados pelo observador da CBSK, os mesários se deram conta que ninguém, nem mesmo a federação tinha a prestação de contas! Desta forma, ninguém poderia votar!

Este ato (eleição) foi consolidado e validado pela Confederação Nacional do Skate. (Ao contrário, como registrado na ata, a CBSK recomendou o adiamento da posse por falta de documentos e dos diretores da chapa. A federação se disse independente da CBSk e deu posse à todos, a Adalto inclusive.)

“Para participar dos atos basta apresentar a documentação básica para participar dos processos”, ironiza.

Johnson, porta voz dos líderes do Movimento enfatiza:

“A verdade simplesmente é: neste cenário conturbado, nós é que estamos focados em formatar, estruturar, fomentar projetos e ações em diversas áreas, prezando pela ética e transparência para a EDUCAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA DO SKATEBOARD, agindo como um agente facilitador de inclusão social, formação de caráter e valores morais adequados às diretrizes de um ESPORTE OLÍMPICO.”

Por: Movimento Skate Ordem e Progresso

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