A busca pelos brinquedos

Foto extraída do Flick da Cherly / DivulgaçãoFoto extraída do Flick da Cherly / Divulgação

Por Alessandro McGregor:

Alessandro McGregor

Alessandro McGregor

Após nascermos, nos deparamos com um mundo cheio de mistérios e novidades, e é nesse período pós-nascimento que dia a dia descobrimos as coisas ao nosso redor. É assim até o final da infância; um mundo de descobertas. Primeiro, aprendemos coisas fundamentais extintivas para nossa sobrevivência, como chorar quando se está com fome e até mesmo sugar o leite para satisfazer sua necessidade, sorrir para alguém que buscamos atenção ou chorar para outrem que nos é estranho e causa perigo eminente.

Com o tempo, aprendemos a nos comunicar: Primeiro, através de olhares e gestos e, depois, através de palavras, E neste ínterim aprendemos a engatinhar até que, por fim, caminhamos. Passando pelo curso básico de iniciação da vida, vivenciamos a melhor época da infância, que é quando começamos a manipular os objetos. E é nessa fase que, quando adultos, sentimos saudades do tempo em que tínhamos como único objetivo a diversão e a busca pelo conhecimento através da curiosidade infantil.

Assim, seguimos em nossa jornada da vida passando pela infância e, em seguida, pela adolescência, fase que determinará o que seremos no futuro, em que nossas escolhas terão grande influência no que seremos amanhã, qual será nosso tipo de ocupação profissão, ou quais serão as bases de nosso caráter, por exemplo.  Foi nessa época que conheci o skate e, mesmo em paralelo aos estudos e minha intenção profissional e suposta vocação, este esporte foi determinante para o meu futuro, mostrando caminhos antes inimagináveis a um adolescente de classe media baixa.

Enquanto meus pais mostravam a importância de se estudar e escolher uma profissão, o skate me ensinou como alcançar um determinado objetivo. E foram através dos princípios absorvidos pelo skate que apliquei na vida, utilizando-os como principal ferramenta para chegar a um resultado. Tanto que me formei em bacharelado em Análise de Sistemas e atuei na área por somente dois anos. Mas, através dos ensinamentos e relacionamentos do skate, sigo atuante até hoje em diversas áreas do segmento underground.

Aquilo que para muitos é um brinquedo de criança, para mim foi, é e continuará sendo poderosa ferramenta para evoluir na vida. Não como profissão, mas como instrumento motivacional e pelas diversas oportunidades e áreas de conhecimento que o skate lhe apresenta. Um pedaço de tábua com rodinhas (como era chamado pelo meu pai) foi o divisor de águas da minha vida (e de tantas outras pessoas que conheci), pois, através dele, tive a possibilidade de conhecer pessoas, lugares e até mesmo profissões devido ao enorme mundo de informações que o skate me apresentou e fez com que eu pudesse adequar a vida adulta ao meu primeiro amor, aquela paixão adolescente, quase que um amor platônico, vivendo um mundo de Peter Pan onde todos são eternamente crianças e levando para toda a vida aquilo que sempre gostei de fazer.

Dizem que quando crescemos continuamos buscando os mesmos brinquedos da infância, Só que maiores e mais caros, pois os brinquedos mudam com o passar do tempo. Se a vida então é uma eterna busca por brinquedos, nada melhor do que consegui-los nos divertindo. Se for com o skate melhor ainda!

Alessandro McGregor é escritor, skatista e o mais novo colaborador e colunista do site InnerSport – 24 horas conectado em esportes radicais

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